Pesquisas sugerem que consumo da bebida diminui risco de morrer por causa de doenças circulatórias e gastrointestinais, entre outros males. Benefício pode ser ainda maior para quem bebe de duas a três xícaras por dia.
Anúncio
Cerca de 2,25 bilhões de xícaras de café são consumidas todo dia. Muitas vezes apontada como inimiga da saúde, a bebida pode, na verdade, prolongar a vida. Quem bebe café corre menos risco de morrer, especialmente em decorrência de doenças circulatórias e gastrointestinais, sugerem dois estudos publicados nesta segunda-feira (10/07).
De acordo com uma das pesquisas, conduzida pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer e o Imperial College de Londres, benefícios para a saúde foram observados em dez países europeus com hábitos de consumo variados – do expresso italiano ao café com leite no Reino Unido.
Durante 16 anos, os pesquisadores analisaram dados coletados pela Pesquisa Europeia Prospectiva sobre Câncer e Nutrição (Epic, na sigla em inglês) de mais de 500 mil pessoas com mais de 35 anos de idade, habitantes dos dez países europeus.
O segundo estudo, da Universidade do Sul da Califórnia (USC), inclui participantes de quatro grupos étnicos – brancos, afro-americanos, japoneses-americanos e latinos –, com diferentes estilos de vida. Em todos os quatro grupos, o café trouxe benefícios à saúde.
A cafeína no combate ao estresse e à ansiedade
03:51
Segundo a pesquisa, as pessoas que bebem uma xícara por dia são 12% menos propensas a morrer – de males como câncer, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e doenças cardíacas, respiratórias ou de fígado – do que as que não consomem a bebida. O estudo sugere benefícios ainda maiores para quem bebe de duas a três xícaras de café por dia, com uma redução de 18% no risco de morte.
"Se você gosta de café, beba. Se não é um bebedor de café, avalie se deve começar", afirma Veronica Satiawan, professora de medicina preventiva da USC.
Com ou sem cafeína
Ambos os estudos, publicados na revista científica Annals of Internal Medicine, sugerem que tanto o café normal quanto o descafeinado fazem bem para a saúde.
O café é uma mistura de cerca de mil compostos químicos e, além de cafeína, contém polifenóis e outros compostos bioativos com propriedades antioxidantes benéficas para o organismo. Portanto, "um efeito protetor do café é plausível do ponto de vista biológico", apontam editores do Annals of Internal Medicine.
Os pesquisadores do Imperial College de Londres constataram que quem bebe café tem o fígado mais saudável e melhores respostas imunológicas. No entanto, os cientistas ainda não sabem que substâncias exatamente causam tais efeitos.
Quanto mais café se bebe, mais se vive?
Infelizmente não há garantia de que o café terá o mesmo efeito em todos os organismos. O que os pesquisadores fizeram foi observar centenas de milhares de consumidores e não consumidores da bebida por um período de 16 anos e registrar quem morreu em que idade e por que motivo.
A análise estatística permite que cientistas apontem se algo é benéfico para a saúde, como se exercitar regularmente, ou se pode levar à morte, como fumar. Mas se trata apenas de um guia sobre as probabilidades mais altas registradas no momento da pesquisa.
"Devido às limitações da pesquisa observacional, não estamos no estágio de recomendar que as pessoas bebam mais ou menos café", afirma Marc Gunter, da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer. "Sendo assim, nossos resultados sugerem que o consumo de café moderado não é prejudicial à saúde e que incorporar café à dieta pode trazer benefícios à saúde", conclui.
Alimento e mito: o que realmente faz bem ou mal?
Saúde é também um pouco como moda. Vinho faz bem, colesterol mata, manteiga ou margarina? Saiba o que é bom ou não para sua saúde – hoje. Pois talvez amanhã o contrário seja verdade...
Foto: picture-alliance/dpa/T. Hase
Pense bem antes de comer biscoito de canela
Sim, a canela pode ser prejudicial. Um dos seus ingredientes – a cumarina – pode causar danos no fígado e nos rins. Mas isso não é motivo de grande preocupação, porque, por outro lado, há uma longa lista de alimentos que podem ajudar a evitar doenças. Pelo menos, é o que se pensa até hoje - porque a opinião de nutricionistas pode mudar rapidamente.
Foto: picture-alliance/dpa
Veneno ou antídoto?
"Causa câncer" ou "faz mal para os nervos" são algumas das frases que se costuma ouvir sobre o café. Porém, pesquisadores dizem que o café, na verdade, não é tão ruim assim quanto a reputação que carrega. E pode até diminuir o risco de câncer. Debate à parte, convém consumir com moderação.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Hase
Uma taça de vinho por dia
Álcool faz mal para a saúde, mas o vinho tinto contém moléculas benéficas, como o resveratrol e antocianinas. E agora? Beber ou não? Estudos epidemiológicos realizados durante anos sugerem que uma taça por dia é benéfica para as mulheres, enquanto para os homens, duas. Depois, as estatísticas mostraram que, nos EUA, aqueles que não bebem morrem mais cedo do que quem bebe com moderação.
Foto: Beboy/Fotolia
Velha rixa: manteiga x margarina
Anos atrás, a recomendação era evitar manteiga e comer apenas margarina. Ela contém menos ácidos graxos saturados do que a manteiga derivada do leite. Mas agora se alerta que a margarina é um produto artificial, inventado pela indústria de alimentos, portanto cheio de aditivos químicos.
Foto: picture-alliance/dpa
Vilão injustiçado
Quando alguém morria de doenças cardíacas ou de AVC, o culpado era o colesterol. Como ele entope os vasos sanguíneos, os médicos aconselhavam evitá-lo a qualquer custo. Alimentos como ovos, queijo e carne eram considerados especialmente perigosos. A verdade, porém, é que o corpo precisa de um pouco de colesterol, e até o produz. Mesmo assim, é importante não exagerar.
Foto: picture-alliance/dpa
Vitaminas congeladas
Muitos evitam comer legumes e verduras congelados, acreditando que eles tenham menos vitaminas do que os frescos. No entanto, vegetais congelados contêm mais nutrientes por serem processados diretamente após a colheita, em vez de ficar dias nas prateleiras dos supermercados, esperando para ser comprados.
Foto: PhotoSG - Fotolia
Peixe todo-poderoso
Há alguns anos, dizia-se que os ácidos graxos ômega-3 poderiam prevenir doenças como câncer, problemas cardiovasculares – e até mesmo déficit de atenção, hiperatividade e depressão. Os especialistas aconselhavam a ingestão diária de suplementos de ômega-3. De fato: esses ácidos graxos são importantes para algumas funções do corpo. Mas não trazem benefícios na maioria das doenças listadas.
Foto: Fotolia/joemakev
Excesso do que é bom também faz mal
Vitaminas são essenciais para o metabolismo. Então o que seria mais saudável do que tomar suplementos vitamínicos diariamente? Em especial de vitamina C, tida como proteção contra todos os tipos de doenças, inclusive resfriados. Só que até hoje nenhum estudo comprovou tais afirmativas. Na verdade, os suplementos vitamínicos podem até ser prejudiciais – pelo menos é o que se diz hoje em dia...
Foto: Fotolia
Beber sem ter sede?
A natureza é bem inteligente. Quando precisamos de água, temos sede. Mas alguém disse certa vez que se deve beber antes ter sede, pelo menos três litros por dia. A teoria talvez se baseie no fato de os idosos costumarem perder o senso de sede. Mas em condições normais, o corpo humano sabe muito bem avisar que está na hora de ingerir líquidos.
Foto: Fotolia/photo 5000
Bênção ou maldição do leite
O leite contém cálcio, que é bom para os ossos e o sistema imunológico. Isso é o que nos ensinaram. Mas um estudo sueco que vem sendo realizado há décadas sugere que quem bebe muito leite talvez morra mais cedo. Será que a responsável é a lactose? Ninguém sabe. Por enquanto, continue bebendo leite, mas com moderação.
Trigo: o novo vilão
Numerosos sites de nutrição alertam sobre os perigos do trigo, acusando-o de "inflamar o corpo, causar vazamento dos intestinos e desencadear doenças autoimunes". Certos médicos e autores dizem que trigo pode até causar calvície, alucinações e ideias suicidas. Apesar de não haver estudos que comprovem tais afirmativas, muitos têm abdicado do cereal que sustentava seus ancestrais.
Foto: Fotolia/st-fotograf
Nem tudo o que é orgânico é ouro
Se a comida normal contém química em excesso, como dizem, então a solução seriam os alimentos orgânicos, produzidos sem adubo químico ou substâncias "do mal". Porém estudos sugerem que os alimentos orgânicos não são mais ricos em nutrientes nem melhores do que os demais. São apenas mais caros.
Foto: picture-alliance/dpa
Equilíbrio é a chave
Independente do que digam todas as teorias e estudos, o estilo de vida realmente faz diferença. As estatísticas mostram claramente que fumar, beber demais e obesidade não são saudáveis, podendo até matar. Mas não se preocupe demais com os relatórios que louvam só um tipo de alimento ou outro. O que importa é o equilíbrio. Portanto, seja lá o que for, faça com moderação.