Calor gera efeitos colaterais em remédios, diz agência alemã
7 de setembro de 2023
Diuréticos e medicamentos contra hipertensão podem causar desmaios e até ataque cardíaco devido aos efeitos vasodilatadores nas temperaturas mais quentes, alerta Instituto Robert Koch.
Anúncio
Certos medicamentos podem ser perigosos no calor e causar efeitos colaterais, afirma um relatório publicado nesta quarta-feira (06/09) pelo Instituto Robert Koch (RKI) – agência pública alemã de controle e prevenção de doenças.
Particularmente afetados são os diuréticos e medicamentos contra hipertensão. Segundo o documento, uma dilatação vascular provocada pelo calor pode aumentar sensivelmente o efeito anti-hipertensivo de muitos medicamentos para o sistema cardiovascular. As possíveis consequências vão de desmaios, passando por distúrbios no fluxo sanguíneo para os órgãos, até ataque cardíaco.
"Especialmente em risco estão pessoas com insuficiência cardíaca causada por disfunção sistólica e pacientes com pressão alta", afirma o relatório.
Também ingredientes ativos contra arritmias cardíacas, antidiabéticos, opiáceos que são absorvidos pela pele, analgésicos e os chamados medicamentos anticolinérgicos – incluindo muitos medicamentos psicotrópicos, de acordo com o RKI – podem levar a deficiências cognitivas ou problemas de pressão arterial por causa do calor.
Além disso, o prazo de validade dos medicamentos pode ser afetado pelo calor, podendo levar à diminuição da eficácia.
O relatório foi publicado na revista especializada Journal of Health Monitoring e faz parte de uma série de publicações do RKI tematizando os impactos das mudanças climáticas na saúde humana.
Verão quente no Hemisfério Norte
Nesta quarta-feira, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o programa Copernicus anunciaram que o verão de 2023 foi, de longe, o mais quente já registrado no Hemisfério Norte.
Só no mês passado, a temperatura média ficou em 16,82° C — a maior já registrada para o mês de agosto e a segunda maior média mensal que se tem registro, atrás apenas de julho.
De acordo com o programa europeu de observações climáticas, o período de junho a agosto registrou uma média de temperatura de 16,77° C. A cifra é 0,66° C acima do usual e significativamente superior ao recorde anterior de 16,48° C, registrado em 2019.
md/le (DPA, ots)
Como as mudanças climáticas impactaram 2022
Calor, seca, incêndios, tempestades extremas, inundações – mais uma vez, o ano foi marcado por muitos eventos climáticos direta ou indiretamente influenciados pelas mudanças climáticas. Uma retrospectiva em fotos.
Foto: Thomas Coex/AFP
Na Europa, 2022 foi mais quente e seco do que nunca (agosto)
Calor extremo e a pior seca em 500 anos marcaram o verão na Europa. Na Espanha, mais de 500 pessoas morreram na onda de calor mais forte já registrada no país, com temperaturas acima de 45º C. No Reino Unido, o termômetro bateu 40º C pela primeira vez. Partes do continente nunca estiveram tão secas nos últimos mil anos, e muitas regiões racionaram água.
Foto: Thomas Coex/AFP
Graves incêndios devastaram a Europa (julho)
De Portugal, Espanha e França, no oeste, passando pela Itália até a Grécia e Chipre, no leste, e a Sibéria, no norte, florestas estiveram em chamas em todo o continente em 2022. Os incêndios queimaram cerca de 660 mil hectares somente até meados do ano, um recorde desde o início dos registros, em 2006.
Chuvas de monção extremas caíram sobre o Paquistão. Cerca de um terço do país ficou debaixo d'água, 33 milhões de pessoas perderam suas casas, mais de 1.100 morreram e as doenças estão se espalhando. Chuvas extremamente fortes também atingiram o Afeganistão. Milhares de hectares de terra foram destruídos. A fome no país está piorando.
Foto: Stringer/REUTERS
Calor, seca e tufões afetaram a Ásia (agosto e setembro)
Antes das enchentes, o Afeganistão e o Paquistão, assim como a Índia, tiveram calor extremo e seca. A China passou por sua seca mais extrema em 60 anos e seu pior calor já registrado. No outono, 12 tufões assolaram a China. Coreia do Sul, Filipinas, Japão e Bangladesh também sofreram com fortes tempestades, que estão se tornando cada vez mais fortes devido às mudanças climáticas.
Foto: Mark Schiefelbein/AP Photo/picture alliance
Na África, consequências dramáticas
O clima no continente africano está esquentando mais rápido do que a média global. Por isso, a África é particularmente afetada por mudanças nas chuvas, secas, tormentas e inundações. Na Somália, a seca de 2022 foi a pior em 40 anos. Um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas. Na foto, um alagamento no Senegal em julho.
Foto: ZOHRA BENSEMRA/REUTERS
Fuga e fome nos países africanos
Estiagens e inundações tornam difícil a criação de gado ou a agricultura em cada vez mais regiões do continente africano. Como resultado, mais de 20 milhões de pessoas correm risco de morrer de fome, principalmente na Etiópia, na Somália e no Quênia.
Foto: Dong Jianghui/dpa/XinHua/picture alliance
América do Norte: Incêndios e inundações
No final do verão no Hemisfério Norte, incêndios graves ocorreram nos estados americanos da Califórnia, Nevada e Arizona, em particular. Uma cúpula de calor se formou em todos os três estados, com temperaturas chegando a 40º C. No início do verão, fortes chuvas haviam causado grandes alagamentos no Parque Nacional de Yellowstone e no estado de Kentucky.
Foto: DAVID SWANSON/REUTERS
América e Caribe: ciclones violentos
Em setembro, o furacão Ian causou grande devastação no estado americano da Flórida. As autoridades falaram de "danos em escala histórica". O Ian já havia passado por Cuba, onde causou interrupção no fornecimento de eletricidade por vários dias. O ciclone tropical Fiona se moveu até a costa leste do Canadá depois de causar graves danos inicialmente na América Latina.
Foto: Giorgio Viera/AFP/Getty Images
Tempestades tropicais devastam América Central
Não apenas o Fiona assombrou a América Central. Em outubro, o furacão Julia trouxe devastação severa a Colômbia, Venezuela, Nicarágua, Honduras e El Salvador. Devido ao aquecimento global, as superfícies dos oceanos estão esquentando, o que torna os furacões mais fortes.
Foto: Matias Delacroix/AP Photo/picture alliance
Seca extrema na América do Sul
Há uma seca persistente em quase todo o continente sul-americano. No Chile, por exemplo, isso ocorre desde 2007. Desde então, a água dos córregos e rios em muitas regiões diminuiu entre 50% a mais de 90%. Em regiões do México, quase não chove há vários anos consecutivos. Argentina, Brasil, Uruguai, Bolívia, Panamá e partes do Equador e da Colômbia também sofrem com a seca.
Foto: IVAN ALVARADO/REUTERS
Alagamentos na Austrália e Nova Zelândia
Na Austrália, fortes chuvas em 2022 causaram graves inundações várias vezes. De janeiro a março, choveu tanto na costa leste quanto na Alemanha durante todo o ano. A Nova Zelândia também foi afetada. O responsável é o fenômeno climático La Niña, que é amplificado pelas mudanças climáticas, pois a atmosfera mais quente absorve mais água e as chuvas aumentam.