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Criminalidade

Camboja condena ex-líderes comunistas por genocídio

16 de novembro de 2018

Últimos dirigentes do movimento Khmer Vermelho, que governou o Camboja nos anos 1970, recebem penas de prisão perpétua. Segundo tribunal, objetivo do regime era estabelecer uma sociedade sem religião e homogênea.

Nuon Chea, de 92 anos, o segundo na hierarquia do Khmer Vermelho
Nuon Chea, de 92 anos, o segundo na hierarquia do Khmer, foi condenado juntamente com Khieu Samphan, de 87Foto: Reuters/ECCC

O Tribunal Internacional do Camboja condenou a prisão perpétua nesta sexta-feira (16/11) os dois últimos líderes vivos do Khmer Vermelho por genocídio e crimes contra a humanidade cometidos pelo regime comunista entre 1975 e 1979.

Os acusados são Nuon Chea, de 92 anos, o segundo na hierarquia e ideólogo da organização, e Khieu Samphan, de 87, ex- chefe de Estado. 

O tribunal considerou haver provas suficientes do genocídio cometido contra as minorias vietnamita e a muçulmana cham, mas eximiu Khieu Samphan no segundo caso por não ter sido demonstrada de forma conclusiva sua intenção ou conhecimento sobre o ocorrido. Entre 100 mil e 500 mil chams, de um total de 700 mil, foram mortos entre 1975 e 1979. 

O Khmer Rouge foi um movimento maoísta radical fundado por intelectuais e por meio do qual o Partido Comunista do Camboja governou o país entre 1975 e 1979. 

Segundo o tribunal, o objetivo do regime era "estabelecer uma sociedade sem religião e homogênea através da supressão de todas as diferenças étnicas, nacionais, religiosas, raciais, de classe e culturais".

Nuon Chea e Khieu Samphan também foram considerados culpados em uma série de acusações qualificadas como crimes contra a humanidade, que incluem assassinatos, extermínio, deportações, escravidão, tortura e perseguições políticas, religiosas e étnicas, além de crimes de guerra e atos desumanos como desaparições, casamentos forçados e estupros.

O juiz decidiu pela fusão da condenação desta sexta-feira com a que foi proferida na fase anterior do processo, referente à evacuação forçada de centros urbanos e execuções de oponentes após o final da guerra civil no país asiático.

O julgamento, iniciado em 2011, incluía outros dois acusados, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ieng Sary, e sua esposa e ex-ministra de Assuntos Sociais, Ieng Thirith, que morreram em 2013 e 2015, respectivamente.

O tribunal internacional decidiu avançar no processo em razão de sua complexidade e do receio de que os acusados, de idade avançada e saúde frágil, pudessem morrer antes que a sentença fosse proferida.

Cerca de 1,7 milhão de pessoas morreram durante o regime do Khmer Vermelho em razão dos de trabalhos forçados, doenças, crises de fome e expurgos políticos. Milhares de outros morreram durante a guerra civil que se seguiu à queda da organização, dissolvida apenas em 1998. 

O líder do Khmer Vermelho, Pol Pot, morreu em 1998 no último bastião da guerrilha maoísta na selva do norte do Camboja, prisioneiro dos seus próprios correligionários, sem jamais ter sido julgado por seus crimes.

RC/lusa/efe

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