Cambridge denuncia roubo de dois cadernos de Darwin
24 de novembro de 2020
Desaparecidos há 20 anos, cadernos com anotações do criador da Teoria da Evolução são declarados roubados pela Universidade de Cambridge depois de busca falhar em localizá-los.
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A Universidade de Cambridge declarou nesta terça-feira (24/11) como roubados dois cadernos de anotações de Charles Darwin que desapareceram da sua biblioteca há quase 20 anos.
Um dos cadernos desaparecidos contém o esboço da "árvore da vida", um símbolo da Teoria da Evolução das Espécies.
Os dois cadernos são avaliados em vários milhões de libras e constam agora na base de dados de obras roubadas da Interpol.
A biblioteca havia iniciado no começo de 2020 uma nova e ampla busca, "a mais importante da história da biblioteca", para localizar os cadernos. Depois de verificar 189 caixas do arquivo de Darwin, os responsáveis concluíram que o mais provável é que os cadernos tenham sido roubados.
O anúncio coincide com o Dia da Evolução, que comemora o aniversário da primeira publicação de A origem das espécies, obra máxima do naturalista inglês, em 24 de novembro de 1859.
A universidade explicou que os dois cadernos haviam sido retirados em setembro de 2000 da sala onde se guardam os livros mais valiosos para serem fotografados.
Durante um controle de rotina, em janeiro de 2001, descobriu-se que a pequena caixa que os continha, do tamanho de um livro de bolso, não estava em seu lugar.
Durante anos, os bibliotecários acreditaram que os cadernos foram equivocadamente postos em outro lugar da biblioteca, que reúne 10 milhões de livros, mapas, manuscritos e outros artigos, incluindo um dos maiores e mais importantes arquivos sobre Darwin.
O cientista esboçou suas ideias sobre uma árvore evolutiva no verão europeu de 1837, quando regressou de uma viagem ao redor do mundo a bordo do HMS Beagle. Duas décadas depois, publicaria uma árvore da vida mais elaborada em A origem das espécies.
AS/efe/afp/ap
Humboldt, o extraordinário coletor de plantas
Na sua expedição por colônias espanholas na América, Humboldt reuniu milhares de plantas e as enviou para catalogação na Europa. Ao mesmo tempo, revelou ao Velho Mundo as cores fascinantes da vida no Novo Mundo.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Explorando a América espanhola
De 1799 a 1804, Alexander von Humboldt e o botânico e médico francês Aime Bonpland fizeram uma expedição científica por Venezuela, Cuba, Colômbia, Equador, Peru, México e Estados Unidos. Nesse tempo, eles coletaram milhares de espécies de plantas, as secaram e as prepararam para serem enviadas à Europa para um estudo posterior, como esta Dasyphyllum argenteum, que só é encontrada no Equador.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Mundo de descobertas
Além de plantas, eles também coletaram sementes e frutos. No entanto, Humboldt estava mais interessado na totalidade da natureza, e grande parte da coleta de plantas foi feita por Bonpland, que também era botânico. Ambos fizeram anotações detalhadas em sua jornada. Humboldt também tinha interesse em palmeiras e orquídeas, como esta orquídea Catasetum maculatum, que ele próprio desenhou.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Remessas separadas
Para garantir que suas plantas chegassem à Europa, Humboldt dividiu a coleção e a mandou em remessas separadas. Além disso, ele também enviou amostras para amigos e colaboradores. Por isso, nunca houve um conjunto completo e ninguém pode dizer quantas plantas foram coletadas e sobreviveram à travessia do Atlântico. Aqui uma Werneria pumila, encontrada apenas no Equador.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Volta à Europa
Ao voltar à Europa em 1804, Humboldt viajou para a Alemanha e a Itália, antes de se instalar em Paris por 20 anos para publicar seus livros com os dados reunidos na América espanhola. "Essai sur la géographie des plantes" (Ensaio sobre a geografia das plantas) reuniu tudo o que ele aprendera em anos de observações botânicas. É um marco da geografia vegetal. Aqui uma samambaia Adiantum varium.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Cores exuberantes
Alexander von Humboldt levaria mais de 30 anos para publicar os 32 volumes sobre sua expedição, e mesmo assim muito material nem chegou a ser usado. Muitos dos livros são grandes fólios em francês com ilustrações mostrando cenas, mapas e animais. Mas foram os livros botânicos que inflamaram o mundo com imagens coloridas à mão, como esta Corallophyllum caeruleum.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Humboldt, o mentor
A maior parte da pesquisa para os livros botânicos foi feita por outros cientistas. Primeiro foi Bonpland, que perdeu o interesse e voltou para a América do Sul, e depois foi Karl Sigismund Kunth. Ao todo, eles dedicaram 15 volumes a plantas da América espanhola. As primeiras páginas foram impressas em 1805 e, as últimas, em 1834. Aqui um Culcitium reflexum, observe as estrelinhas na flor.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Destaque entre os livros de botânica
O marcante não é só o fato de Humboldt ter colecionado tantas plantas ou publicado tantos livros, mas a qualidade deles. Ele e sua equipe foram os primeiros a documentar o local e a altitude onde elas foram encontradas. Além disso, muitas gravuras são baseadas em desenhos de Pierre Jean François Turpin, um extraordinário artista botânico. Aqui, um detalhe de uma palmeira Attalia amygdalina.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Na vanguarda da pesquisa científica
No trabalho de campo, Humboldt e Bonpland reuniram 4.528 plantas. Eles as numeraram, deram determinações preliminares e fizeram descrições com informações de localização em francês, latim ou espanhol. Em alguns casos, eles até fizeram impressões das plantas à tinta sobre papel. Aqui, uma Masdevallia uniflora, que parece uma tulipa, mas na verdade é uma orquídea do Peru.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Pergunta sem resposta
Até o próprio Humboldt citou números contraditórios sobre a quantidade de espécies de plantas que recolheu: entre 6 mil e 12 mil. Mas o que realmente impressiona é a velocidade com que ele publicou as descobertas e a suntuosidade dos seus livros. Ele foi até capaz de fazer a planta aquática Mariscus pycnostachyus parecer linda.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
No mar e na terra
As amostras foram colhidas nos Andes, nas alturas, e no fundo do oceano, nas profundezas. Nem todas as plantas trazidas para a Europa eram desconhecidas. Ainda assim, os cientistas não conseguiram resistir a dar nome a algumas delas. Aqui um detalhe de uma Zonaria Kunthii, uma alga hoje conhecida como Dictyota kunthii, cujo nome é uma homenagem ao colaborador de Humboldt Karl Sigismund Kunth.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Nos arquivos
Coleções de plantas secas e prensadas, também conhecidas como herbários, são recursos valiosos. Um herbário histórico como o de Humboldt, com mais de 200 anos, depositado no Museu de História Natural de Paris e no Jardim e Museu Botânico de Berlim, é importante por ser uma espécie de cápsula do tempo. Estas prateleiras no museu em Berlim contêm parte da sua coleção única de plantas.
Foto: T. Rooks
Estragos da guerra
Nos bombardeios contra o Jardim e Museu Botânico durante a 2ª Guerra, apenas parte do herbário insubstituível havia sido guardada num cofre de banco por razões de segurança. O resto foi praticamente perdido. Na foto, um dos "sobreviventes", uma folha de Bertholletia excelsa, a castanha-do-pará. Ela é mantida trancada a sete chaves.
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks
Acervo disponibilizado
Após o fim da guerra, o Jardim e Museu Botânico de Berlim substituiu ou reconstruiu os livros botânicos de Humboldt. Além de fazer pequenas exposições, ele também digitalizou o herbário e o disponibilizou online. Os trabalhos de Humboldt nas colônias hispano-americanas e depois em Paris foram tão pioneiros que os estudiosos ainda vasculham suas anotações para aprender sobre seu trabalho de campo.
Foto: Staatsbibliothek Berlin/Foto: Timothy Rooks
De encher os olhos
Humboldt deixou para trás muitas das impressões botânicas mais sensacionais já criadas. Qualquer um pode apreciá-las sem conhecer a sua história. Embora os artistas às vezes tenham usado cores improváveis, as imagens não deixam de ser bonitas, como esta orquídea Oncidium pictum. (Fonte das imagens históricas: Biblioteca do Museu Botânico, Berlim)
Foto: Botanisches Museum Berlin/Foto: Timothy Rooks