Camisa que Maradona usou no gol "mão de Deus" bate recorde
5 de maio de 2022
Vestimenta foi leiloada por mais de 9 milhões de dólares, maior preço já pago por um item esportivo. Argentino a vestia na partida da Copa de 1986 em que ele marcou o famoso gol de mão contra a Inglaterra.
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A camisa que Diego Maradona estava usando nas quartas de final da Copa do Mundo de 1986 contra a Inglaterra foi vendida por 9,3 milhões de dólares (R$ 45,8 milhões) pela casa de leilões Sotheby's, em Londres. É o preço mais alto já pago por um item de recordação esportivo.
A Sotheby's disse que o item foi vendido após um leilão on-line encerrado nesta quarta-feira (04/05). O nome do comprador não foi informado.
O jogo da Argentina contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986 é provavelmente o mais famoso no caminho da seleção sul-americana para levantar o troféu naquele ano, apesar de não ter sido a final decisiva. Na Inglaterra, é a partida mais famosa até hoje.
Maradona marcou os dois gols, e a Argentina venceu por 2 a 1.
O primeiro gol, que abriu o placar, foi decidido de cabeça, mas o árbitro não viu que a bola havia ricocheteado no punho levantado do atacante. Após o jogo, Maradona disse que o gol havia sido marcado "um pouco com a cabeça de Maradona, e um pouco com a mão de Deus".
Já o segundo foi eleito o "gol do século" pela Fifa em uma pesquisa feita em 2002. Com a posse de bola, Maradona driblou desde antes do meio de campo, passando por boa parte da equipe inglesa, até desviar do goleiro Peter Shilton e deslizar a bola para a rede.
A jogada de mestre foi emblemática de uma Copa do Mundo onde Maradona muitas vezes parecia estar conduzindo seus companheiros de equipe para a vitória com uma só mão.
Além disso, os dois gols vistos em conjunto eram quase como o próprio homem em microcosmo – a ultrajante superestrela do futebol dos anos 80, capaz do impossível em campo e propensa à autodestruição fora dele.
O simbolismo da partida foi ainda maior tanto para a Argentina quanto para a Inglaterra, visto que ela ocorreu quatro anos após a Guerra das Malvinas, quando a Argentina invadiu as ilhas britânicas no Atlântico e o Reino Unido lançou uma grande operação militar para recuperá-las.
Considerado por alguns o maior jogador de todos os tempos, Maradona desfrutou do status de herói em casa a partir de 1986. No entanto, sua carreira e sua vida posterior ficaram marcadas por lutas contra o vício em cocaína e outros excessos, antes de morrer com 60 anos de idade em 2020.
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Como a camisa foi parar na Sotheby's?
Após o jogo, Maradona trocou camisas com o meio-campista inglês Steve Hodge, que a emprestou por um longo período ao Museu Nacional de Futebol da Inglaterra, em Manchester, antes de colocá-la à venda.
Depois que a Sotheby's anunciou a venda, os parentes de Maradona expressaram dúvidas sobre sua autenticidade. No entanto, a Sotheby's disse que uma empresa de fotografia esportiva e seu próprio diretor científico estavam satisfeitos com a garantia de sua procedência.
Brahm Watcher, chefe da Sotheby's para moda de rua e objetos modernos, definiu a camisa como uma "lembrança tangível de um momento importante não apenas na história do esporte, mas na história do século 20".
O mais alto valor anterior referente a recordes esportivos era de 8,8 milhões de dólares (R$ 43,3 milhões), pagos em 2019 pelo manifesto que lançou o movimento olímpico moderno e os Jogos de 1892. Antes disso, uma camisa do New York Yankees usada por Babe Ruth havia sido vendida por 5,6 milhões de dólares (R$ 27,5 milhões), também em 2019.
bl (AFP, AP, Reuters)
Diego Maradona: a trajetória de um talento único
Campeão de gols, herói de mundiais, personalidade marcante e polêmica: com a morte do craque argentino, aos 60 anos, apaga-se uma estrela no céu do futebol sul-americano
Foto: Marcos Brindicci/dpa/picture alliance
Fenômeno para além dos gramados
Para inúmeros torcedores, Maradona foi muito mais do que um jogador de futebol, mas sim um ídolo total. Ele não só conquistou o mundo a partir de um pobre lugarejo, como levou equipes inteiras a alturas esportivas que nunca teriam sonhado. Sua problemática vida pessoal também conferiu um elemento humano para essa saga, "O mais humano dos deuses", sintetizou o escritor Eduardo Galeano.
Foto: Martin Rickett/PA/picture alliance
Jovem de carreira meteórica
Diego Armando Maradona nasceu em 1960 em Lanús, Argentina. Aos nove anos, entrou para as divisões inferiores do Argentinos Juniors, "Los Cebollitas". Aos 16, já com fama de grande talento nas ligas infanto-juvenis, estreou na primeira divisão. Um mês mais tarde emplacava seu primeiro gol. Em 1978, passou a integrar a seleção argentina adulta, mas ainda não participou da Copa do Mundo daquele ano.
Foto: Empics Peter Robinson/dpa/picture-alliance
Salto para a Europa
Em 1979 a Argentina venceu o Mundial Juvenil com Maradona em sua equipe. Dois anos mais tarde, apesar de ter recebido várias ofertas de contrato, o jogador dá preferência a seu clube favorito, o Boca Juniors, com o qual disputa 40 partidas. Já em 1982 empreende sua aventura europeia, tendo Barcelona como primeira estação. A temporada não foi feliz: ele contraiu hepatite e teve uma lesão grave.
Foto: Ciruelos/dpa/picture-alliance
Sucesso no Napoli
A má sorte não o impede de emplacar 38 gols em 58 partidas pelo Barcelona. Porém em 1984 é que começa a etapa mais gloriosa da carreira do argentino, ao assinar contrato com o Napoli. Pelo time italiano, Maradona ganhou dois "scudettos", uma Supercopa e uma Copa da Uefa. No sul da Itália, sua figura é admirada até hoje.
Foto: Offside/L'Equipe/picture alliance
A mão de Deus
No Mundial do México, em 1986, o camisa 10 foi a estrela. Após uma vitória 22 de junho, driblou meia seleção da Inglaterra para marcar o que muitos consideram o mais belo gol de um campeonato mundial. E entrou para a história com a espirituosa frase: "Se houve mão na bola, foi a mão de Deus." Um radialista o apelidou "pipa cósmica": Maradona vivia o melhor momento de sua carreira.
Foto: pictures-alliance/dpa/empics
Campeão do mundo
Maradona não se contentou em derrotar os ingleses – uma espécie de vingança esportiva após o fiasco da Guerra das Malvina. Logo bateu a Bélgica por 2 a 0 (ambos gols seus), e na final garantiu o triunfo de 3 a 2 sobre a Alemanha Ocidental. A Argentina levava a taça para a casa pela segunda vez em oito anos, e seu craque se transformava em lenda.
Foto: Carlo Fumagalli/AP Photo/picture alliance
Triste adeus
Em 1990 a Argentina perdeu para a Alemanha a final do Mundial da Itália, mais uma vez com "El Pelusa" jogando em altíssimo nível. Ele voltou ao disputar a Copa do Mundo nos Estados Unidos em 1994. Mas em 25 de junho, após ganhar da Nigéria de 2 a 1, o teste antidoping acusa efedrina, um poderoso estimulante. O argentino se queixa: estavam lhe "cortando as pernas".
Foto: dpa/picture alliance
Passando a tocha
Maradona voltou a jogar pelo Boca em 1995, após pagar o castigo imposto pela Fifa. Em 2001 se despedia dos gramados, diante de um estado cheio, e pronunciou outra frase célebre: "A bola não se mancha." Após sérios problemas de dependência de drogas, que o levaram à beira da morte, recuperou-se, e em 2010 dirigiu Lionel Messi na Copa de Mundo da África do Sul.
Foto: Jon Hrusa/dpa/picture alliance
Encontro de titãs
Com outro grande do futebol, o argentino manteve uma relação agridoce: Pelé. Mas ao passar dos anos os dois ídolos máximos do futebol sul-americano do século 20 apararam as arestas. Na foto, ambos participam de um evento em Paris, em 2016. Voltaram a se encontrar no Mundial da Rússia. Por ocasião dos 60 anos de Maradona, Pelé declarou: "Sempre te apoiarei."
Foto: Reuters//C. Platiau
Vida itinerante
Diego teve uma carreira diversificada e irregular como treinador: dirigiu nos Emirados Árabes Unidos, teve um programa de TV, foi apresentado como presidente de um clube bielorrusso numa extravagante cerimônia. Poucos meses depois, assumia a direção técnica do Dorados de Sinaloa, no México. De 2019 a 2020, dirigiu o Gimnasia y Esgrima, de La Plata.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Prensa Club Dorados de Sinaloa