"Seu país. Seu futuro. Agora!", diz cartaz do Ministério do Interior. Campanha voltada para requerentes de refúgio com pedido rejeitado é mal entendida por imigrantes que vivem na capital alemã.
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Há cerca de uma semana, estava andando de metrô em Berlim quando me deparei com uma propaganda que me chamou a atenção: "Seu país. Seu futuro. Agora!", dizia em letras garrafais o cartaz, que estava na estação de trem Potsdamer Platz. Além do slogan, havia um texto numa língua estrangeira e, no rodapé, um endereço de um site que se chama "retornando da Alemanha".
Já tinha ouvido falar que a Alemanha tem um programa de ajuda para requerentes de refúgio que desejam retornar para seus países de origem, mas o que mais me incomodou foi ver a propaganda ali, num espaço de grande circulação de pessoas, com um slogan que soa como um "vá embora daqui agora", e a falta total de esclarecimentos sobre do que se trata.
É uma informação que pode ser importante para muitos e por isso deve ser divulgada. Porém, a iniciativa do Ministério do Interior alemão de fazer propaganda do programa em locais fora de contexto e com um texto que é quase uma afronta a estrangeiros que moram na Alemanha presta um desserviço.
Espalhados por diversas estações de metrô e trem de Berlim, os cartazes geraram indignação, principalmente entre os imigrantes que moram na cidade. Ainda mais vindos de um ministério comando por Horst Seehofer, da União Social Cristã (CSU), que já chegou a dizer que a "migração é mãe de todos os problemas" na Alemanha.
A propaganda peca ao apresentar um slogan de extremo mau gosto e ao não informar que o programa de retorno voluntário é destinado a requerentes de refúgio que tiveram seu pedido negado. O programa do governo alemão existe desde a década de 1970 e, além de financiar a passagem de volta, oferece uma ajuda de custo.
Diante da diminuição do número de solicitantes do retorno voluntário, passando de cerca de 29 mil de janeiro a outubro de 2017 para 14 mil no mesmo período deste ano, o governo teve a ideia de oferecer um bônus para quem solicitar o retorno até 31 de dezembro de 2018: uma grana extra para moradia. Por isso, resolveu lançar a nova propaganda, mas não imaginou que o slogan pudesse causar contradições.
Após reclamações, o ministério informou que está ciente do problema e disse ser muito difícil expressar de maneira curta esse tipo de oferta, destacando que o programa é para quem não mora na Alemanha regularmente.
Acredito que esse estímulo pode ser importante para muitos, principalmente para aqueles que gostariam de voltar para seus países, mas não têm condições financeiras para isso. Por isso, é importante divulgar esse tipo de informação, mas em locais adequados, como em departamentos ou órgãos governamentais que tratam de questões migratórias e atendem requerentes de refúgio, e não por toda a cidade, e sem especificar do que se trata, aparentando estar direcionada a todos os estrangeiros que moram aqui.
Em tempos crescentes de nacionalismo e também de resistência ao extremismo de direita, é óbvio que uma propaganda com esse slogan iria pegar mal.
Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Berlim em miniatura
Oito séculos da história berlinense podem ser vistos no mundo em miniatura na torre de televisão da praça Alexanderplatz em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
A quadriga de perto
Cenários na proporção de 1:24 reproduzem fatos históricos e anedotas em torno da capital alemã, desde a Idade Média até os dias atuais. Uma das atrações da cidade em miniatura Little Big City, que fica junto à torre de televisão na praça Alexanderplatz, é a quadriga do Portão de Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Marlene, Albert e o "velho Fritz"
O mundo em miniatura se ocupa não só de grandes momentos da história de Berlim, mas também de suas personalidades famosas. Exemplos são o rei da Prússia Frederico, o Grande, a atriz e cantora Marlene Dietrich, que nasceu e foi enterrada na cidade, e o Nobel de Física Albert Einstein, que viveu por 18 anos em Berlim, até a ascensão dos nazistas ao poder.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Anos dourados
Os dourados anos 1920 foram uma época deslumbrante em Berlim. Se de um lado, havia depressão e desemprego; de outro, luxo e glamour da classe rica chamavam a atenção. Já naquela época, os repórteres fotográficos tinham bastante trabalho.
Foto: DW/A. Kirchhoff
Incêndio do Reichstag
No minimundo sobre Berlim não poderia faltar o emblemático incêndio do Reichstag, em 1933. O incêndio é considerado um fato crucial para o estabelecimento da Alemanha nazista.
Foto: DW/A. Kirchhoff
Cidade dividida
Há muitas representações do pós-guerra, como o famoso pronunciamento do então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, em 1963, diante da prefeitura do bairro Schöneberg. Em plena Guerra Fria e em vista da Berlim dividida, ele disse, em alemão: "Ich bin ein Berliner" (Eu sou um berlinense!).
Foto: picture-alliance/dpa/B. Pedersen
Lanchonete famosa
Também não poderia faltar uma representação da famosa lanchonete Konnopke’s Imbiss, na confluência das ruas Schönhauser Allee e Eberswalder Straße. Ela é considerada a primeira na então ainda Berlim Oriental a servir, em 1960, a famosa salsicha currywurst. A lanchonete ainda existe, no mesmo local.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Pedersen
As noites em Kreuzberg
Um bairro lendário no oeste de Berlim é Kreuzberg. Em volta da praça Heinrichplatz reuniam-se boêmios nos anos 1980. Entre os muitos clubes e bares deste bairro, está o SO 36, à esquerda na foto. Na realidade, no entanto, ele não fica ali, e sim virando a esquina, na rua Oranienstraße.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Pedersen
Margot e Erich Honecker
Até sua renúncia em 1989, Erich Honecker foi um dos mais poderosos políticos da então Alemanha Oriental. Na foto, o boneco dele e da esposa, Margot. Ao fundo, a réplica do Palácio da República, local onde funcionava a Câmara do Povo. Por causa dos exageros na iluminação, também era chamado "loja dos lustres de Honecker". O prédio foi destruído em 2008.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Quase como na vida real
Uma peculiaridade das miniaturas sobre a história de Berlim é que muitos berlinenses emprestaram suas histórias e a própria fisionomia para as réplicas. É o caso de Sunny Müller, que no dia 9 de novembro de 1989 foi com a mãe até o Portão de Brandemburgo, onde alguém as ajudou a subir no Muro.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Pedersen
Berlim em uma hora
A exposição Little Big City (pequena cidade grande) foi concebida de forma a que o visitante leve, em média, uma hora para ver tudo. Os prédios e as figuras feitos em uma impressora 3D são complementados por documentações sonoras e vídeos. A mostra é um bom programa para turistas, mas também para os moradores de Berlim.