Campanha pede medalha para polonês morto em atentado
25 de dezembro de 2016
Abaixo-assinado pede mais alta condecoração alemã a caminhoneiro morto no ataque de Berlim. Ele teria lutado contra terrorista, evitando mais mortes. Britânico arrecada mais de 180 mil euros para família do motorista.
Anúncio
Cerca de 26 mil pessoas assinaram até este domingo (25/12) um abaixo-assinado pedindo a Bundesverdientskreuz, a ordem de mérito da Alemanha, ao caminhoneiro polonês que morreu no atentado de Berlim. Segundo a petição, ele é um herói, que teria lutado contra o motorista no momento do ataque, evitando que a tragédia fosse maior.
A campanha em honra a Lukasz Urban, de 37 anos, casado e que deixou um filho, foi lançada no portal change.org, quando ainda eram levantadas suposições sobre o papel do caminhoneiro no ataque contra o mercado de Natal em Berlim, que matou 12 pessoas e deixou 50 feridas.
"Lukasz Urban é o caminhoneiro que perdeu a vida na segunda-feira, no mercado de Natal da praça Breitscheidplatz, em Berlim ao impedir que um terrorista fizesse o pior", afirma o texto da petição.
Urban foi encontrado morto na cabine do caminhão, ferido por múltiplos cortes de faca e um tiro. A autópsia mostra que ele morreu após o veículo ter invadido o mercado de Natal, atropelando a multidão.
Ariel Zurawski, primo de Urban e proprietário da empresa de transporte onde ele trabalhava, disse, depois de identificar o corpo, para as autoridades alemãs que seu rosto estava cheio de hematomas e cortes de faca, mostrando que o caminhoneiro lutou com o autor do atentado.
"Ação heroica"
O jornal Bild informou que os investigadores acreditam, pelo resultado da autópsia, que Urban foi esfaqueado quando tentou recuperar o volante para evitar que o terrorista continuasse atropelando pessoas no mercado.
"Com esta ação heroica, ele provavelmente salvou muitas vidas e enviou um grande sinal de amizade e reconciliação entre o nosso país e a Polônia, à qual nossos antepassados fizeram algo de terrível", explica a petição.
Após percorrer mais de 50 metros em uma passagem entre as barracas da feira de Natal, o caminhão fez uma curva à esquerda e parou, quando poderia ter seguido reto, causando muito mais vítimas.
"Por sua valentia, ele merece a maior ordem da Alemanha", argumenta a campanha, lançada por Constanze Stelzenmüller, analista de segurança e política exterior do centro de estudos americanos Brookings e colunista do jornal americano Washington Post.
Colega britânico arrecada dinheiro
Uma campanha iniciada por um caminhoneiro britânico Dave Duncan arrecadou mais de 180 mil euros para a família de Lukasz Urban A ação começou na terça-feira, um dia depois do atentado em Berlim.
"Comecei com a intenção de angariar algumas centenas de libras para a família, de motoristas de caminhão britânicos de bom coração", afirma Duncan, na página GoFundMe. De acordo com o site, mais de 9.600 pessoas fizeram doações.
"Fantástica generosidade de todos, literalmente, em todo o mundo…incrível", comemorou.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro polonês, Beata Szydlo, anunciou que o filho adolescente e a esposa do caminhoneiro receberão uma pensão especial, classificando o motorista como "heroico".
MD|/afp/rtr/efe
O que se sabe sobre a tragédia em Berlim
Reunimos os principais fatos sobre o ataque com um caminhão à feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O local
Por volta das 20h (hora local) de segunda-feira (19/12), um caminhão avançou contra uma feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim. A praça diante da Igreja Memorial do Imperador Guilherme é um destino turístico conhecido. Próximos dali ficam a Estação Zoo e a famosa avenida Kurfürstendamm.
Foto: Google Earth
O que ocorreu
O caminhão invadiu a calçada e avançou cerca de 80 metros sobre a feira de Natal, atropelando pessoas e destruindo barracas. As autoridades dizem não haver dúvidas de que se trata de um atentado e partem do princípio de que seja um ato terrorista.
Foto: Reuters/F. Bensch
As vítimas
Ao menos 12 pessoas morreram e outras 56 ficaram feridas, 30 das quais em estado grave. Oito dos mortos foram identificados como alemães, um homem é polonês, uma mulher é israelense, uma segunda é italiana e um outra é da República Tcheca.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
A vítima polonesa
A primeira vítima do atentado foi o polonês Lukasz U., de 37 anos, motorista do caminhão sequestrado pelo autor do ataque. Segundo investigadores, o polonês foi esfaqueado diversas vezes, sugerindo que teria tentado reassumir o volante do veículo. Após a autópsia, contudo, constatou-se que Lukasz fora fuzilado horas antes do ataque. A polícia encontrou o corpo do polonês na cabine do veículo.
Foto: picture alliance/AP Photo/Str
As investigações
As investigações foram encaminhadas à Procuradoria Federal, responsável por casos de terrorismo. Os motivos do atentado ainda são desconhecidos, mas ele é investigado como sendo um atentado terrorista. Investigadores falam que várias pessoas podem estar envolvidas. Uma operação de busca foi realizada pela polícia num abrigo de refugiados de Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O primeiro suspeito
O refugiado paquistanês detido por suposto envolvimento no ataque foi solto pelas autoridades. A Procuradoria Federal comunicou que não foi expedido nenhum mandado de prisão contra o jovem de 23 anos, que entrou no país como refugiado em 31 de dezembro de 2015. As investigações não conseguiram provar que ele esteve na cabine do caminhão. Não havia, por exemplo, manchas de sangue na roupa dele.
Foto: Reuters/H. Hanschke
O segundo suspeito
Anis Amri, um tunisiano de 24 anos, é o principal suspeito. Ele foi morto por policiais italianos quatro dias depois do ataque. Amri chegou à Alemanha em 2015 e teve pedido de refúgio negado em junho de 2016. Como não pôde ser deportado por questão burocrática, passou a ser "tolerado". Ele circulava entre Berlim e o estado da Renânia do Norte-Vestfália. Um documento dele foi encontrado na cabine.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundeskriminalamt
Os responsáveis
O tunisiano Anis Amri, de 24 anos, é o suspeito de ser o condutor do caminhão. Ele foi morto por policiais italianos na madrugada desta sexta-feira. Um documento dele, de "refugiado tolerado" na Alemanha, foi encontrado na cabine do caminhão. O "Estado Islâmico" assumiu a autoria do ataque.