O governo do Canadá enviou nesta quarta-feira (09/08) cerca de cem soldados à fronteira com os Estados Unidos para construírem tendas de acolhida a migrantes que solicitam refúgio no país.
Em comunicado, o Exército canadense informou que o acampamento localizado no posto fronteiriço de Saint-Bernard-de-Lacolle, em Québec, será temporário. A intervenção tem caráter de "urgência" para responder "à situação precária" dos serviços fronteiriços.
O acampamento com capacidade para 500 pessoas tem o objetivo de aliviar as infraestruturas saturadas das autoridades fronteiriças. Desde o final de julho, mais de 2.500 haitianos saíram dos EUA para solicitar refúgio no Canadá, atravessando a fronteira com a província de Québec. Segundo as autoridades, essa migração segue um ritmo regular.
Segundo a porta-voz da Agência de Serviços Fronteiriços do Canadá (CBSA), Stephane Malepart, o acampamento será erguido devido à expectativa de chegada de um grande número de refugiados vindos dos EUA.
Em agosto, a cidade de Montreal abriu as portas do seu estádio olímpico para acolher centenas de recém-chegados, mas as instalações já estão sem capacidade para receber novas pessoas. Outros locais de acolhimento temporário foram abertos, como um antigo hospital de Montreal.
Documentação
Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Haiti, Antonio Rodrigue, iniciou uma visita ao Canadá para acompanhar os esforços das autoridades canadenses.
O governo do Canadá tem um acordo com os EUA que prevê que solicitantes de refúgio que cruzam a fronteira sejam enviados de volta ao território americano, mas o governo do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, alega que o país deve receber e avaliar os pedidos com base no Estatuto do Refugiados da ONU, de 1951.
Haitianos que vivem nos EUA têm deixado o país devido à provável perda do Estatuto de proteção temporária (TPS, na sigla em inglês) em território americano até o final de 2017. O documento foi concedido pelo governo americao a cerca de 60 mil haitianos depois do terremoto de 2010. O estatuto foi prolongado por seis meses pelo governo do presidente americano, Donald Trump, que tem endurecido as regras migratórias, mas deve vencer até o final deste ano.
KG/dpa/lusa
Donald Trump quer um "grande e belo muro" entre os EUA e o México para frear a migração e o narcotráfico. Em outros lugares, barreiras de concreto e metal feitas para resolver problemas tiveram variados graus de êxito.
Foto: Getty Images/J. MooreAntes de Donald Trump, Bill Clinton já mandou construir cercas na fronteira. Após os atentados de setembro de 2001, George Bush acelerou a construção. Desde então, quase 1.100 quilômetros de fronteira receberam paredes de concreto, vigas de aço e outros tipos de obstruções.
Foto: Getty Images/D. McNewDesde 2002, Israel está construindo uma barreira ao longo da Cisjordânia. O projeto, oficialmente justificado como proteção contra o terrorismo, é altamente controverso e muitas vezes chamado "muro da separação". Há mais de dez anos, a Corte Internacional de Justiça declarou que ele viola o direito internacional. Israel, no entanto, continua construindo o muro, que deverá ter 759 km de extensão.
Foto: A. Al-BazzUm muro de controle militar de mais de 700 km na região da Caxemira divide a Índia e o Paquistão desde 1971. Em muitos lugares, esta "linha de controle" é reforçada por minas e arame farpado. A barreira de arame, que em alguns locais tem 3 metros de altura, também pode ser eletrificada.
Foto: Getty Images/AFPParedes divisórias também separam classes econômicas. Como em Lima, onde uma parede de concreto de 3 m de altura separa os moradores pobres de um bairro de ricos. Aliás, "condomínios fechados" são frequentes na América Latina. Os moradores da capital do Peru chamam a parede de "muro da vergonha".
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/S. CastanedaNa capital do Iraque, um muro de 4 metros de altura e 5 km de extensão corta a cidade. Ele foi construído pelos militares dos EUA na região dominada pelos xiitas em 2007. Hoje, o muro separa quase 2 milhões de pessoas. Também em outros bairros de Bagdá, paredes de concreto separam enclaves sunitas de bairros xiitas.
Foto: Getty Images/W. KuzaieO governo britânico construiu os chamados "muros da paz" na Irlanda do Norte em 1969 para separar católicos e protestantes. Portões permitiam a passagem para o outro lado. Em caso de conflitos, eles eram fechados. Alguns moradores dizem, no entanto, que as paredes acentuaram ainda mais a divisão na mente das pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. SmiejekDesde o final da Guerra da Coreia, nos anos 1950, uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. A faixa de cerca de 4 km de largura e 250 km de comprimento é uma das áreas restritas mais vigiadas do mundo. Em alguns pontos, muros marcam a fronteira entre as duas Coreias.
Foto: Getty Images/AFP/E. JonesTambém a Europa está se isolando. Desde outubro de 2015, a Hungria está fechando sistematicamente sua fronteira para evitar refugiados. No início, a cerca ainda não era hermética. Hoje, no entanto, quase ninguém consegue mais passar para o outro lado. A Hungria também quer construir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/S. UjvariNos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila, no Marrocos, há fortificações especialmente altas. Para superá-las, é preciso passar por até três cercas. Para complicar, há detectores de movimento, câmeras infravermelhas e um arame farpado que penetra fundo na pele. Mesmo assim, muitos se arriscam e acabam se ferindo.
Foto: picture-alliance/dpa/A. SempereNa fronteira com a Síria, de onde muitos estão fugindo da guerra civil, a Turquia está construído um muro de 511 km de extensão. No final de fevereiro, o governo de Ancara anunciou que metade já está pronta. O muro de 3 metros de altura tem arame farpado e torres de vigilância. Várias vezes, a União Europeia criticou a Turquia por fazer controles muito brandos em suas fronteiras.
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