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Canadá e México rebatem ameaças de Trump

22 de janeiro de 2025

Presidente dos EUA prometeu reprimir a imigração ilegal e impor pesadas tarifas de importação a produtos canadenses e mexicanos. Países prometem responder na mesma moeda.

Premiê canadense, Justin Trudeau, e presidente do México, Claudia Sheinbaum, conversam durante o G20 no Rio de Janeiro
Premiê canadense, Justin Trudeau, e presidente do México, Claudia Sheinbaum, durante o G20 no Rio de JaneiroFoto: Presidencia/ZUMA Press/IMAGO

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou nesta terça-feira (21/01) que seu país defenderá sua soberania e independência ao rebater uma série de declarações feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, logo após seu retorno à Casa Branca.

No mesmo dia, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, prometeu que seu país reagirá de maneira robusta caso Trump cumpra sua ameaça de impor pesadas tarifas sobre as importações do Canadá.

Em seu primeiro dia no cargo, Trump sinalizou a intenção de enviar soldados à fronteira mexicana para conter a imigração ilegal e renovou a ameaça de punir o Canadá com novas taxas alfandegárias. O republicano disse que irá impor tarifas de 25% sobre as importações mexicanas e canadenses, possivelmente a partir de 1º de fevereiro.

O 47º presidente dos EUA também assinou uma série de ordens executivas nesta segunda-feira para designar cartéis de drogas mexicanos como organizações terroristas e declarar a imigração ilegal na fronteira EUA-México como uma emergência nacional. Outra ordem assinada por ele prevê a troca do nome do Golfo do México para "Golfo da América".

Vizinhos prometer reagir

Sheinbaum disse que "é importante sempre manter a cabeça fria e consultar acordos assinados, além de discursos reais". "Sobre os decretos que o presidente Donald Trump assinou ontem, gostaria de dizer o seguinte: o povo do México pode ter certeza de que sempre defenderemos nossa soberania e nossa independência", disse a presidente.

A mexicana, contudo, sinalizou que não vai aceitar a troca de nome da plataforma continental localizada entre os dois países. "Ele diz que o chamará de 'Golfo da América' [...] para nós, ainda é o Golfo do México e para o mundo inteiro ainda é o Golfo do México."

Horas depois de tomar posse, o americano sinalizou que as tarifas punitivas de 25% contra os dois principais parceiros comerciais dos Estados Unidos podem entrar em vigor já em 1º de fevereiro.

O Canadá prometeu forte resistência às ameaças comerciais de Trump, que arriscam desestabilizar sua economia.

"O Canadá responderá, e todas as opções estão na mesa", disse Trudeau em coletiva de imprensa, prometendo uma reação "robusta, rápida e comedida", mas que também igualaria dólar por dólar as tarifas americanas.

Acordo de Livre Comércio ainda em vigor

Canadá e México estão, em tese, protegidos pelo Acordo EUA-México-Canadá de Livre Comércio (USMCA), assinado durante o primeiro mandato de Trump e aclamado como "o melhor e mais importante acordo comercial já assinado pelos Estados Unidos".

O pacto substituiu um acordo comercial continental anterior da década de 1990 e incluiu novas disposições trabalhistas destinadas a melhorar os direitos dos trabalhadores no México. O acordo deve ir à revisão em 2026.

Sheinbaum disse que seu governo buscará colaborar com os EUA em questões de segurança e outros temas, e que o país está comprometido em revisar os termos comerciais no próximo ano. "Por enquanto, o tratado comercial continua em vigor", observou a líder mexicana.

O México ultrapassou a China em 2023 e se tornou o maior parceiro comercial dos EUA. Naquele ano, o déficit comercial americano com seu vizinho ao sul aumentou para 150 bilhões de dólares (R$ 903 bilhões).

Os conflitos comerciais entre os três signatários se multiplicaram nos últimos anos, envolvendo, por exemplo, milho geneticamente modificado americano, laticínios canadenses e comércio de autopeças.

Prejuízos à economia canadense

"Este é um momento crucial para o Canadá e os canadenses", alertou Trudeau nesta terça-feira.

O premiê disse que uma guerra comercial seria custosa para os Estados Unidos, mas ressaltou que "também haverá custos para os canadenses".

Economistas avaliam que uma confrontação poderia mergulhar o Canadá em uma recessão. O país envia aproximadamente 75% de suas exportações para os Estados Unidos, lideradas pelos setores de energia e automobilístico.

Uma estimativa divulgada pelo Scotiabank sugere que qualquer interrupção comercial bilateral poderia cortar mais de 5% do PIB canadense, aumentar significativamente o desemprego e impulsionar a inflação.

Antes de tomar posse, Trump brincou que o Canadá poderia ser anexado como 51º estado americano, e chegou a zombar de Trudeau – que renunciou devido às taxas de aprovação em declínio –, chamando-o de "governador" do "Grande Estado do Canadá".

rc  (AFP, AP, Reuters)

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