País se torna o segundo do mundo a adotar medida, depois do Uruguai. Cada consumidor poderá portar até 30 gramas da droga, e governo anuncia perdão para condenações anteriores por posse abaixo do novo limite permitido.
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O Canadá se tornou nesta quarta-feira (17/10) o segundo país do mundo a legalizar o uso da maconha para fins recreativos, depois do Uruguai, que adotou a medida em 2013. As primeiras vendas foram realizadas na província de Terra Nova e Labrador, no leste canadense.
Os consumidores canadenses de maconha receberam outra boa notícia: horas antes da abertura de pontos de venda, um funcionário do governo federal comunicou via agências de notícias que o Canadá perdoará todas as pessoas com condenações por posse de até 30 gramas de maconha – o novo limite legal. Além da posse de até 30 gramas, cada usuário pode cultivar até quatro pés de maconha em casa.
O Canadá permite o uso medicinal da maconha desde 2001, e o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau passou dois anos trabalhando para expandir a legislação e incluir o uso recreativo.
Tom Clarke, que atuou como comerciante ilegal de maconha durante três décadas, estava entre os primeiros a realizar uma venda legal no Canadá quando sua loja abriu à meia-noite (horário local), em Portugal Cove, na ilha de Terra Nova. Ele fez sua primeira venda para o próprio pai, enquanto entre 50 e 100 pessoas aguardavam numa fila do lado de fora da loja.
"Isto é incrível. Esperei minha vida inteira por isso", disse Clarke. "Estou muito feliz de viver no Canadá agora, e não ao sul da fronteira [nos EUA]. Levou bastante tempo. Estávamos discutindo isso há 50 anos. Antes tarde do que nunca."
A loja de Clarke está entre os ao menos 111 pontos de venda de maconha que devem ser abertos num primeiro momento em todo o país. Os canadenses também podem encomendar maconha por meio de páginas na internet administradas pelas províncias ou revendedores privados e receber a droga pelo correio.
Segundo estatísticas e previsões oficiais do governo, cerca de 5,4 milhões de canadenses comprarão maconha de vendedores legais em 2018 – aproximadamente 15% dos cerca de 37 milhões de habitantes no país. Aproximadamente 4,9 milhões de pessoas já são consumidoras de maconha no Canadá.
As regulamentações não são uniformes no Canadá – cada província executa sua própria abordagem dentro da estrutura estabelecida pelo governo federal. Algumas províncias operam lojas administradas pelo governo, outras permitem varejistas privados, além de algumas províncias que permitem ambos.
As províncias de Alberta e Quebec definiram em 18 anos a idade mínima para a compra de maconha, enquanto as demais fixaram a idade mínima em 19 anos.
Por enquanto, a província de Ontário, a mais populosa e onde está localizada a cidade de Toronto, será a única no país que não abrirá nenhuma loja, pois ainda não concluiu os trabalhos de regulamentação. As vendas devem ser liberadas em 2019.
Nos EUA, nove estados legalizaram o uso recreativo da Maconha e mais de 30 aprovaram a maconha medicinal. A Califórnia, o maior mercado legal dos EUA, tornou-se no início deste mês o primeiro estado americano com uma lei que impôs a eliminação de condenações criminais por atos relacionados à maconha que não são mais considerados ilegais.
Muitos entorpecentes produzidos hoje em laboratórios clandestinos espalhados pelo mundo são criações de cientistas, militares e empresas da Alemanha.
Na Segunda Guerra
Nas campanhas na Polônia, em 1939, e na França, em 1940, Hitler enviou soldados drogados para o front. Na ocupação da França, teriam sido dados às tropas 35 milhões de comprimidos de Pervitin, que tinha o apelido de "chocolate de tanque" ou "pílula de Hermann Göring". A substância ativa, metanfetamina, é um estimulante do sistema nervoso central. Mas também os Aliados dopavam seus soldados.
Foto: picture-alliance/dpa-Bildarchiv
Alerta, destemido e sem fome
A droga foi produzida por um japonês, inicialmente em forma líquida. Químicos da fábrica berlinense Temmler aperfeiçoaram o produto e o patentearam em 1937. Um ano mais tarde o medicamento era lançado no mercado. Ele era usado contra cansaço, sensação de fome e sede e medo. Hoje em dia, o Pervitin é comercializado ilegalmente sob novo nome: Crystal Meth.
High Hitler?
Historiadores divergem se Adolf Hitler era dependente de Pervitin. Nas anotações de seu médico pessoal, Theodor Morell, aparece um "X" com frequência. Nunca foi esclarecido o que ele significa. Sabe-se, no entanto, que Hitler recebia medicamentos fortes, a maioria provavelmente muito aquém das atuais leis de combate às drogas.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
"Milagrosa" heroína
A criatividade dos produtores de drogas na Alemanha já havia começado muito mais cedo. "Fim à tosse graças à heroína", era o slogan da fabricante alemã Bayer no final do século 19 para o seu sucesso de vendas. Em pouco tempo, a heroína passou a ser prescrita contra epilepsia, asma, esquizofrenia e doenças cardíacas, mesmo em crianças. Como efeito colateral, a Bayer apontava prisão de ventre.
Pai da aspirina e da heroína
O químico e farmacêutico Felix Hoffmann é celebrado especialmente como o inventor da aspirina. Sua segunda grande descoberta aconteceu quase por acaso, enquanto experimentava com ácido acético. Ele resolveu combinar este ácido com morfina, obtido do suco da papoula usada para produzir ópio, criando assim a heroína. O produto só se tornaria ilegal na Alemanha em 1971.
Cocaína para oftalmologistas
Já desde 1862, a alemã Merck fabricava cocaína, usada na época pelos oftalmologistas como anestésico local. Ao pesquisar folhas de coca da América do Sul, o químico Albert Niemann havia isolado um alcaloide, que chamou de cocaína. Niemann morreu pouco depois de sua descoberta, vítima de um problema pulmonar.
Foto: Merck Corporate History
Freud e cocaína
Sigmund Freud consumia cocaína para fins científicos. Em seus "Escritos sobre a cocaína", o pai da psicanálise escreveu que ela não traz inconvenientes. Segundo ele, a substância transmite euforia, energia para viver, e motiva a trabalhar. Seu entusiasmo, no entanto, acabou com a morte de um amigo por causa da droga. Naquele tempo, a cocaína era prescrita contra dor de cabeça e dor no estômago.
Foto: Hans Casparius/Hulton Archive/Getty Images
O barato do Ecstasy
Embora o americano Alexander Shulgin seja considerado o inventor da pílula Ecstasy, a receita para sua produção estava em mãos da fabricante alemã Merck. Em 1912, foi dada entrada para a patente de uma substância oleosa sem cor chamada metilenodioximetanfetamina (MDMA ). Na época, os químicos consideraram que ela não teria valor comercial.
Foto: picture-alliance/epa/Barbara Walton
Efeitos de longo prazo
Os efeitos destas descobertas são implacáveis. As Nações Unidas calculam que em 2013 morreram 190 mil pessoas no mundo devido ao consumo de drogas ilegais. Em relação a bebidas alcoólicas, que não são proibidas, os números são mais impressionantes: a Organização Mundial da Saúde estima que em 2012 5,9% de todos os casos de morte no mundo (3,3 milhões) foram uma consequência do consumo de álcool.