Governo afirma que intenção não é promover o consumo, mas reduzir problemas sociais e de saúde. Canadenses poderão portar até 30 gramas de maconha e cultivar quatro plantas de cannabis. Comércio ilegal segue proibido.
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O governo do Canadá apresentou nesta quinta-feira (13/04) ao Parlamento um projeto de lei que regulamenta a produção, distribuição e consumo de maconha, abrindo caminho para que, até meados de 2018, a droga seja legal no país. O governo assegurou que a intenção não é promover o consumo, mas reduzir os problemas sociais e de saúde causados pelo uso ilegal de cannabis.
O deputado Bill Blair, que foi chefe da polícia de Toronto, disse que o governo analisou durante mais de um ano outras experiências de legalização, como no Colorado, nos Estados Unidos. "Nós sabemos que a proibição fracassou", afirmou.
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As autoridades também apresentaram um segundo projeto de lei que endurece as penas para aqueles que conduzirem sob efeito de drogas e álcool, em resposta ao temor de que a legalização da maconha eleve os acidentes de trânsito. A pena para quem for pego dirigindo sob efeito de drogas varia de uma multa de mil dólares canadenses à prisão perpétua, dependendo do nível de droga no sangue e das consequências da condução ilegal de veículos.
O projeto cumpre uma promessa de campanha do primeiro-ministro Justin Trudeau, que se comprometeu a despenalizar o consumo de maconha para proteger os menores e eliminar uma fonte de renda de organizações criminosas. O governo calcula que o comércio ilegal de maconha movimente até 8 bilhões de dólares canadenses (cerca de 18,65 bilhões de reais) por ano. Além disso, a polícia gasta entre 2 bilhões e 3 bilhões de dólares (4.65 bilhões e 7 bilhões de reais) por ano no combate ao tráfico.
Segundo o projeto, canadenses com mais de 18 anos poderão cultivar até quatro plantas de cannabis ou comprar a droga em estabelecimentos autorizados. As províncias poderão elevar a idade mínima se desejarem. Médicos recomendam que ela seja de 21 anos, para evitar danos ao cérebro quando este ainda estiver em formação.
A quantidade máxima de posse é de 30 gramas, e quem exceder esse limite poderá ser multado em caso de pequenas quantidades. A distribuição ou venda ilegal são penalizadas com até 14 anos de prisão. A promoção do consumo de maconha também é proibida.
O projeto deve ser aprovado, pois o partido de Trudeau tem maioria no Parlamento. Pesquisas mostram que a maioria dos canadenses apoia a legalização da maconha. Com a aprovação, o Canadá será o segundo país do mundo a legalizar a erva, depois do Uruguai.
AS/efe/ard/afp
Drogas com passado alemão
Muitos entorpecentes produzidos hoje em laboratórios clandestinos espalhados pelo mundo são criações de cientistas, militares e empresas da Alemanha.
Na Segunda Guerra
Nas campanhas na Polônia, em 1939, e na França, em 1940, Hitler enviou soldados drogados para o front. Na ocupação da França, teriam sido dados às tropas 35 milhões de comprimidos de Pervitin, que tinha o apelido de "chocolate de tanque" ou "pílula de Hermann Göring". A substância ativa, metanfetamina, é um estimulante do sistema nervoso central. Mas também os Aliados dopavam seus soldados.
Foto: picture-alliance/dpa-Bildarchiv
Alerta, destemido e sem fome
A droga foi produzida por um japonês, inicialmente em forma líquida. Químicos da fábrica berlinense Temmler aperfeiçoaram o produto e o patentearam em 1937. Um ano mais tarde o medicamento era lançado no mercado. Ele era usado contra cansaço, sensação de fome e sede e medo. Hoje em dia, o Pervitin é comercializado ilegalmente sob novo nome: Crystal Meth.
High Hitler?
Historiadores divergem se Adolf Hitler era dependente de Pervitin. Nas anotações de seu médico pessoal, Theodor Morell, aparece um "X" com frequência. Nunca foi esclarecido o que ele significa. Sabe-se, no entanto, que Hitler recebia medicamentos fortes, a maioria provavelmente muito aquém das atuais leis de combate às drogas.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
"Milagrosa" heroína
A criatividade dos produtores de drogas na Alemanha já havia começado muito mais cedo. "Fim à tosse graças à heroína", era o slogan da fabricante alemã Bayer no final do século 19 para o seu sucesso de vendas. Em pouco tempo, a heroína passou a ser prescrita contra epilepsia, asma, esquizofrenia e doenças cardíacas, mesmo em crianças. Como efeito colateral, a Bayer apontava prisão de ventre.
Pai da aspirina e da heroína
O químico e farmacêutico Felix Hoffmann é celebrado especialmente como o inventor da aspirina. Sua segunda grande descoberta aconteceu quase por acaso, enquanto experimentava com ácido acético. Ele resolveu combinar este ácido com morfina, obtido do suco da papoula usada para produzir ópio, criando assim a heroína. O produto só se tornaria ilegal na Alemanha em 1971.
Cocaína para oftalmologistas
Já desde 1862, a alemã Merck fabricava cocaína, usada na época pelos oftalmologistas como anestésico local. Ao pesquisar folhas de coca da América do Sul, o químico Albert Niemann havia isolado um alcaloide, que chamou de cocaína. Niemann morreu pouco depois de sua descoberta, vítima de um problema pulmonar.
Foto: Merck Corporate History
Freud e cocaína
Sigmund Freud consumia cocaína para fins científicos. Em seus "Escritos sobre a cocaína", o pai da psicanálise escreveu que ela não traz inconvenientes. Segundo ele, a substância transmite euforia, energia para viver, e motiva a trabalhar. Seu entusiasmo, no entanto, acabou com a morte de um amigo por causa da droga. Naquele tempo, a cocaína era prescrita contra dor de cabeça e dor no estômago.
Foto: Hans Casparius/Hulton Archive/Getty Images
O barato do Ecstasy
Embora o americano Alexander Shulgin seja considerado o inventor da pílula Ecstasy, a receita para sua produção estava em mãos da fabricante alemã Merck. Em 1912, foi dada entrada para a patente de uma substância oleosa sem cor chamada metilenodioximetanfetamina (MDMA ). Na época, os químicos consideraram que ela não teria valor comercial.
Foto: picture-alliance/epa/Barbara Walton
Efeitos de longo prazo
Os efeitos destas descobertas são implacáveis. As Nações Unidas calculam que em 2013 morreram 190 mil pessoas no mundo devido ao consumo de drogas ilegais. Em relação a bebidas alcoólicas, que não são proibidas, os números são mais impressionantes: a Organização Mundial da Saúde estima que em 2012 5,9% de todos os casos de morte no mundo (3,3 milhões) foram uma consequência do consumo de álcool.