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Candidato liberal defende migração qualificada para Alemanha

23 de agosto de 2017

Christian Lindner critica política de refugiados do governo e afirma que é necessário acelerar avaliação de pedidos de refúgio e criar mais clareza sobre formas de ingresso.

Christian Lindner é entrevistado por Ines Pohl e Jaafar Abdul-Karim
Lindner foi entrevistado pela editora-chefe da DW, Ines Pohl, e pelo apresentador Jaafar Abdul-KarimFoto: DW/R. Oberhammer

O presidente do Partido Liberal-Democrático (FDP), Christian Lindner, teceu duras críticas à política de refugiados da chanceler federal Angela Merkel. Em entrevista à editora-chefe da DW, Ines Pohl, e ao apresentador Jaafar Abdul-Karim, o candidato que encabeça a chapa do FDP para a eleição de 24 de setembro disse que a avaliação dos pedidos de refúgio é muito demorada. Para acelerá-la, ele sugere um novo status legal aos requerentes de refúgio, que garanta a proteção humanitária enquanto o pedido é avaliado.

Feita a identificação do requerente, este receberia uma autorização de permanência provisória e teria acesso imediato ao mercado de trabalho. "Mas a autorização de permanência é por um período limitado", esclareceu. Quando o país de origem estiver novamente em paz, "as pessoas devem, em regra, retornar".

Leia a cobertura completa sobre a eleição na Alemanha em 2017

As propostas de Lindner para a política de refugiados do governo federal fazem parte de suas sugestões para uma futura política migratória caso o FDP venha a compor o governo. Ele afirmou que Alemanha é um país de imigrantes. "Mas precisamos definir com clareza quais acessos à Alemanha existem", ressalvou.

"Talvez o objetivo de transformar o Afeganistão numa democracia seja ambicioso demais", disse LindnerFoto: DW/R. Oberhammer

Ele falou de quatro portas de entrada. "A primeira se chama asilo político." Este é um direito fundamental, para o qual não pode existir limite de concessão, disse. Ele também se aplica apenas a um número muito limitado de pessoas, "que realmente são perseguidas como indivíduos".

A segunda porta tem a inscrição "refugiados". Para Lindner, trata-se de pessoas que não são perseguidas individualmente, mas fogem da guerra e da violência. Questionado se ele é favorável à fixação de um limite superior, Lindner afirmou que ele existe e pode ser determinado pela capacidade de acolhimento de um país, "para que se possa receber as pessoas da maneira adequada". Porém, ele evitou definir um número exato.

A terceira porta de entrada de uma futura política migratória do Partido Liberal é a migração qualificada. Essa categoria contempla a escolha de pessoas que podem se mudar para a Alemanha. "Nós decidimos quem pode vir, com base em conhecimentos da língua, qualificação e assim por diante." A quarta e última porta deve permanecer fechada, afirmou Lindner. Segundo ele, quem não tem direito a asilo ou refúgio nem é um migrante qualificado não pode entrar nem ficar na Alemanha.

Afeganistão e Turquia

O candidato disse também que a missão militar da Alemanha no Afeganistão não pode ser prolongada indefinidamente e que os objetivos da missão nunca foram alcançados.

"Talvez o objetivo de transformar o Afeganistão numa democracia com economia de mercado, nos moldes ocidentais, seja ambicioso demais do ponto de vista cultural e civilizatório", disse Lindner. "Ao menos no tempo disponível para isso", acrescentou.

A missão militar internacional liderada pelos Estados Unidos já dura 16 anos, e esta semana o presidente Donald Trump anunciou o reforço das tropas de seu país no Afeganistão. À DW, Lindner disse: "Não acredito que uma missão como essa seja oportuna para a Bundeswehr [Forças Armadas da Alemanha]"

O jovem candidato de 38 anos também foi claro ao abordar outras questões polêmicas.  Em relação à Turquia, ele disse que toda cooperação econômica deve ser suspensa diante dos recentes acontecimentos. Ele precisou que garantias de exportações não devem mais ser concedidas pelo governo alemão, e conversações para facilitar os procedimentos de alfândega devem ser congelados.

"Devemos isso à oposição na Turquia", afirmou Lindner, lembrando que milhares de pessoas foram detidas, e a liberdade de imprensa, fortemente cerceada no país depois da tentativa de golpe de Estado de julho de 2016. O caso mais recente a abalar as relações entre a Alemanha e a Turquia foi a detenção do escritor alemão Dogan Akhanli na Espanha, a pedido de Ancara. Akhanli, de 60 anos, é um cidadão alemão de origem turca e vive em Colônia.

 

Marcel Fürstenau Autor e repórter de política e história contemporânea, com foco na Alemanha.
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