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Candidatos fazem últimos atos antes das eleições alemãs

25 de setembro de 2021

Principais nomes à sucessão de Merkel participam de seus últimos grandes eventos de campanha em diferentes cidades. Acirrada como nunca, disputa pela Chancelaria Federal segue indefinida.

Cartazes dos três principais candidatos: Annalena, Scholz e Laschet
Eleição é uma das mais disputadas da história alemãFoto: John Macdougall/Getty Images/AFP

Os principais candidatos a chanceler federal da Alemanha participaram nesta sexta-feira (24/09) de seus últimos grandes eventos de campanha antes da eleição de domingo, que entra para a história por marcar o fim da era Merkel, mas também pela disputa altamente acirrada.

Nunca os resultados foram tão incertos: às vésperas da votação, pesquisas eleitorais mostram um empate técnico, dentro da margem de erro, entre as duas legendas que dividiram o poder nos três dos quatro mandatos de Angela Merkel como chanceler federal.

Ambos os partidos – a União Democrata Cristã (CDU) de Merkel e seu atual parceiro de coalizão, o Partido Social-Democrata (SPD) – buscam agora encerrar esse acordo e encabeçar um novo governo provavelmente sem o outro. Mas quem sairá com a vitória, ainda é uma incógnita.

Essa incerteza injetou na corrida eleitoral um senso de urgência, claramente demonstrado nos eventos de campanha dos principais partidos nesta sexta-feira. Em dois dias, eles saberão como suas mensagens chegaram aos eleitores.

SPD em Colônia

O candidato do partido de centro-esquerda SPD, Olaf Scholz, escolheu a cidade de Colônia, no oeste da Alemanha, como palco de seu último grande ato.

Ao longo da campanha, o atual vice-chanceler de Merkel exalava cada vez mais confiança à medida que ele e seu partido subiam nas pesquisas. O SPD, que sofreu uma dura perda de apoio nas eleições de 2017, agora lidera a corrida por alguns pontos percentuais de vantagem sobre a CDU, embora ainda dentro da margem de erro.

Essa confiança esteve estampada em Scholz nesta sexta-feira na praça Heumarkt, onde algumas centenas de eleitores de máscara se reuniram para ouvir o candidato social-democrata.

"Depois de uma campanha tão longa, há algo muito especial em estar aqui agora", afirmou Scholz à multidão, diante de um grande telão que dizia "Futuro da Alemanha: Scholz cuida disso".

Em um discurso de cerca de meia hora, ele falou sobre seus planos de aumentar o salário mínimo, elevar os impostos para os mais ricos, ajudar mais os pobres, manter as aposentadorias estáveis e investir em energias renováveis. Suas declarações foram temperadas com a palavra-chave de sua campanha: "respeito".

"Em um país tão rico como a Alemanha, é inaceitável que tantas crianças vivam na pobreza", afirmou o político.

Scholz, que começou a campanha em terceiro lugar, atrás de CDU/CSU e do Partido Verde, foi subindo consistente e lentamente à medida em que os dois concorrentes perdiam espaço, até se consolidar na liderança, no fim de agosto.

​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​Scholz lidera as sondagens, mas a vantagem sobre Laschet está dentro da margem de erroFoto: Nina Haase/DW

CDU em Munique

Mais de 600 quilômetros ao sul de Colônia, o clima era outro. Armin Laschet, presidente da CDU, de centro-direita, e candidato a chanceler do bloco conservador, esteve nesta sexta-feira em Munique, capital da Baviera. O estado é governado pelo partido irmão da CDU, a União Social Cristã (CSU).

Laschet levou ao palanque a mesma mensagem de mau presságio que ele e seus aliados passaram durante grande parte da campanha: cuidado com a esquerda.

Ele enfatizou a necessidade de um governo alemão que garanta a segurança, tanto econômica como de outras naturezas. "Tributar a classe média é o caminho errado. Estamos com a classe média alemã", declarou o atual governador da Renânia do Norte-Vestfália.

Laschet atribuiu ao governo dos conservadores o fato de as forças de segurança alemãs terem frustrado um suposto ataque a uma sinagoga no início deste mês, graças a um alerta de um serviço de inteligência estrangeiro.

"Imagine ser representado no mundo por vermelho, vermelho, verde", afirmou o político, referindo-se às cores do SPD, do partido A Esquerda e do Partido Verde, numa possível coalizão de governo entre as três siglas. "Você acha que alguém compartilharia informações conosco? Alguém nos levaria a sério?"

Laschet, que pode estar conduzindo o bloco conservador CDU/CSU ao pior resultado de todos os tempos, iniciou a campanha eleitoral na liderança, mas perdeu terreno sobretudo por gafes cometidas ao longo da corrida.

Durante uma visita à região afetada pelas enchentes no oeste da Alemanha, ele foi flagrado às gargalhadas, ao fundo, enquanto o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, fazia um discurso para a população local, duramente atingida pela tragédia.

Merkel esteve ao lado de Laschet (à direita) no evento de campanha em MuniqueFoto: Matthias Balk/dpa/picture alliance

Merkel, por sua vez, praticamente se manteve fora da campanha eleitoral. Mas, em meio ao declínio de seu partido nas pesquisas, os conservadores apostam que a imagem da chanceler possa contribuir para transferir pelo menos um pouco de sua popularidade imbatível a Laschet.

Nesta sexta-feira, ela saiu em defesa de seu candidato em Munique. "Tem a ver com a Alemanha. Para manter a Alemanha estável, Armin Laschet deve se tornar chanceler, e a CDU e a CSU devem ser a força mais forte", afirmou a chefe de governo, que decidiu não concorrer à reeleição.

Partido Verde em Düsseldorf

As políticas dos dois partidos podem divergir, mas os verdes compartilham com a CDU a frustração de uma campanha que não saiu conforme o planejado. Seu distante terceiro lugar nas pesquisas representa quase o dobro do resultado eleitoral do Partido Verde em 2017, mas está muito longe das altas que a legenda registrou mais cedo neste ano, quando chegou a liderar a corrida.

A candidata do partido a chanceler, Annalena Baerbock, ainda compartilha com o conservador Laschet um apoio não muito alto dentro do próprio partido. Críticos afirmam que Robert Habeck, que colidera o Partido Verde com Baerbock, teria sido uma escolha melhor.

Os dois presidentes fizeram uma aparição conjunta nesta sexta-feira perante simpatizantes do partido em Düsseldorf, capital da Renânia do Norte Vestfália, estado de Laschet – mas se existe algum desconforto entre os líderes verdes, ele não ficou visível no ato.

Habeck defendeu com muito afinco a candidatura de Baerbock e a agenda do partido promovida por ela, além de lançar críticas ao governo dos conservadores.

"Precisamos de políticos que estejam mais uma vez prontos para usar o tempo de que dispõem para fazer o melhor", afirmou Habeck às várias centenas de pessoas, também mascaradas, reunidas em Schadowplatz, uma área comercial no centro histórico da cidade.

Também nesta sexta-feira, Baerbock foi a um protesto pelo clima em ColôniaFoto: Federico Gambarini/dpa/picture alliance

"Tudo depende desta eleição", declarou, por sua vez, Baerbock. "Será que apenas mantemos o status quo, ou finalmente conquistamos um novo avanço? Vamos renovar este país e tirar o melhor proveito dele?"

A candidata verde classificou a votação de domingo como a "eleição do clima" – e pelo menos algumas das políticas climáticas dos verdes poderão fazer parte da agenda do próximo governo.

"Se pudermos construir nossa indústria com energia limpa, então poderemos garantir a prosperidade de nosso país", afirmou ela, sob uma faixa que dizia: "Você quer um governo do clima? Vote verde".

Em terceiro nas pesquisas, o partido pode não conquistar a chefia de governo, mas Baerbock e Habeck ainda têm chances de assumir cargos ministeriais na próxima gestão. Isso porque uma coalizão com o Partido Verde ainda está em jogo tanto por parte da CDU como do SPD – embora os verdes tenham indicado sua preferência em governar com os social-democratas.

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