Candidatura de Lula divide brasileiros, diz Datafolha
1 de fevereiro de 2018
Após condenação em segunda instância do ex-presidente, enquete mostra que 51% querem que ele fique inelegível, e 47% desejam que ele concorra à presidência. Maioria dos entrevistados é a favor de prisão do petista.
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Uma sondagem divulgada nesta quinta-feira (01/02) pelo Instituto Datafolha mostra divisão entre eleitores brasileiros sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais deste ano.
A pesquisa indica que 51% são a favor da inelegibilidade do político. Condenado em segunda instância, ele pode ser impedido de concorrer, de acordo com a Lei Ficha Limpa. Outros 47% desejam que ele seja candidato à presidência. A diferença está dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Sobre a possibilidade de prisão de Lula, 53% se disseram a favor de que ele seja preso. A pesquisa do Datafolha ouviu 2.826 pessoas em 174 municípios entre os dias 29 e 30 de janeiro.
Divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, a sondagem aponta, ainda, que 43% acreditam que Lula não concorrerá nas eleições de 2018, e 32% dizem ter certeza de que o petista será candidato. Outros 21% reconhecem haver possibilidade de ele participar da disputa.
Entre os meses de setembro e janeiro, o percentual daqueles que querem Lula na cadeia variou apenas de 54% para 53%. Mas cresceu a parcela daqueles contra a detenção dele, de 40% para 44%. O número dos que acham que o ex-presidente será preso saltou dos 28% da pesquisa anterior para 39%. A parcela dos que não acreditam que o petista seja punido com cadeia encolheu de 66% para 56%.
Para 50% dos entrevistados, a decisão da segunda instância foi justa, contra 43% que dizem que a sentença não foi justa. Dos 76% que afirmaram ter conhecimento do julgamento, 54% consideram justo o veredicto. Essa cota sobe para 60% entre os 24% que afirmaram estar bem informados sobre o caso.
Aqueles que acreditam que a Justiça trata Lula da mesma forma que os demais políticos são 37%, enquanto os que dizem que o ex-presidente está sendo tratado de forma pior são 35%. Na opinião de 53% dos entrevistados, a rapidez do processo envolvendo o ex-presidente é igual ou menor que a dos sofridos por outros políticos, enquanto 41% acreditam que o processo de Lula corre com maior velocidade.
Uma pesquisa de intenções de voto divulgada pelo Instituto Datafolha nesta terça-feira aponta que Lula mantém uma ampla vantagem em relação aos demais candidatos, mesmo após condenação na segunda instância. Em cinco cenários diferentes que incluem o nome do ex-presidente, as intenções de voto favoráveis a Lula variam entre 34% e 37%, mantendo uma distância confortável em relação ao segundo colocado, o deputado Jair Bolsonaro, cujo percentual variou entre 15% e 18%.
A elegibilidade do petista ainda é incerta. Na semana passada, os três juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmaram a condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, imposta pelo juiz Sérgio Moro, no processo que envolve a propriedade de um tríplex no Guarujá (SP). Ele ainda teve a pena aumentada de nove anos e seis meses para 12 anos e um mês de prisão.
A Lei da Ficha Limpa, sancionada pelo próprio Lula durante sua presidência, prevê que candidatos condenados por órgãos colegiados (formados por mais de um juiz) não podem se candidatar. Lula, porém, ainda possui alguns recursos para tentar contornar a categorização como "ficha suja" e tentar concorrer às eleições.
Uma brecha na lei permite que um candidato condenado possa entrar com um pedido de liminar em uma instância superior para tentar concorrer. No caso de Lula, isso deverá ocorrer junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
MD/ots
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Julgamento de Lula em imagens
Manifestações contra e pró-condenação do ex-presidente reuniram milhares de pessoas. Juízes mantêm condenação por unanimidade e aumentam pena.
Foto: Reuters/L. Benassatto
Tensão na véspera
Manifestação em apoio ao ex-presidente em Porto Alegre na véspera do julgamento reuniu em torno de 70 mil pessoas, segundo os organizadores, no local conhecido como Esquina Democrática.
Foto: Getty Images/AFP/J. Bernardes
Apoiadores nas ruas
Manifestantes pró-Lula em Porto Alegre: o julgamento poderá influenciar diretamente os rumos da eleição presidencial de 2018, na qual ele pretende se candidatar. Seus apoiadores afirmam que o processo é uma tentativa de bloquear a candidatura. Apesar de todas as denúncias que pesam contra ele, o ex-presidente lidera todas as pesquisas de intenção de voto.
Foto: Getty Images/AFP/C. de Souza
Brasília
Na capital do país, manifestantes pró e contra o ex-presidente se concentraram em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a polícia militar, eram cerca de 500 apoiadores de Lula contra outros 400 que defendiam sua condenação. Os dois grupos tiveram de ser isolados para evitar confrontos.
Foto: Getty Images/AFP/S. Lima
"Já provaram minha inocência"
"Não vou falar do meu processo, não vou falar da Justiça, primeiro porque tenho advogados competentes que já provaram minha inocência, segundo porque acredito que aqueles que vão votar deverão se ater aos autos do processo, e não convicções políticas de cada um", disse Lula em Porto Alegre, diante milhares de manifestantes no ato público em sua defesa.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dilma acusa "perseguição política"
A ex-presidente Dilma Rousseff, afastada do cargo em 2016, abraça Lula em Porto Alegre. Em discurso num ato convocado por mulheres ligadas a movimentos sociais e partidos de esquerda, ela afirmou que seu impeachment foi o início de um golpe orquestrado para destruir o PT e seu líder. "É um processo de perseguição política. A acusação não tem fundamento", disse, sobre julgamento de seu antecessor.
Foto: Reuters/D. Vara
Avenida Paulista
Em São Paulo, manifestantes a favor da condenação de Lula se reuniram em frente à sede da Justiça Federal, na Avenida Paulista, a poucos metros de um protesto realizado por apoiadores do ex-presidente.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Em defesa da pena imposta por Moro
Em São Paulo, manifestantes contrários a Lula defenderam a manutenção da pena imposta pelo juiz Sérgio Moro, na 13ª Vara de Curitiba, que condenou o ex-presidente a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso envolvendo a compra de um apartamento tríplex no Guarujá.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
"Confirma TRF-4!"
“Lula ladrão, seu lugar é na prisão!” e "confirma TRF-4!" foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes no protesto contra Lula na Avenida Paulista
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
No Sindicato dos Metalúrgicos
Lula acompanhou o julgamento na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, onde reiterou ser inocente. Discursando a apoiadores, o ex-presidente disse ainda ter tranquilidade para enfrentar adversidades. "O que está acontecendo comigo é muito pouco diante daquilo que está acontecendo com milhões de desempregados", afirmou.
Foto: Reuters/L. Benassatto
Pixulecos pelo país
Em várias cidades, manifestantes a favor da condenação de Lula ergueram os bonecos infláveis “Pixuleco” do ex-presidente como sinal de protesto. Um Pixuleco chegou foi colocado em frente ao tríplex no Guarujá. Outro apareceu no rio Guaíba, em Porto Alegre (foto).
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Santos
Segurança reforçada
A segurança em torno do prédio do TRF-4, nas proximidades do rio Guaíba, foi reforçada com um dispositivo que envolve 4 mil pessoas. Toda a área em torno do tribunal foi isolada, e o esquema de segurança incluiu atiradores de elite (desarmados, no papel de observadores), 150 câmeras de vídeo, bloqueio aéreo e patrulhamento naval.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Condenação mantida
Os desembargadores que analisaram o recurso de Lula no TRF-4 decidiram manter a condenação imposta ao petista pelo juiz Sérgio Moro. Com isso, a Operação Lava Jato conseguiu uma segunda marca histórica: a validação de uma condenação criminal de um ex-presidente. Apesar da decisão, a situação do petista ainda deve ser objeto de longas batalhas judiciais neste ano.
Foto: picture-alliance/AP Photo/TRF/S. Sirangelo
Pena aumentada
Por unanimidade, os desembargadores decidiram ainda aumentar a pena de Lula de nove anos e seis meses para 12 anos e um mês de prisão. Os desembargadores também validaram a condução do juiz Moro no caso e dos procuradores da Lava Jato, que há quase quatro anos vêm abalando os alicerces do establishment político brasileiro.