Após disputas quanto à política migratória, partidos CDU e CSU declaram chanceler federal como candidata à reeleição em 2017. Programa eleitoral deve ser anunciado nesta semana.
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As lideranças da União Democrata Cristã (CDU) e da União Social Cristã (CSU) declararam oficialmente nesta segunda-feira (06/02) Angela Merkel como a candidata de ambos os partidos à chancelaria federal nas eleições gerais do próximo dia 24 de setembro.
A CDU já havia declarado no fim do ano passado que Merkel, líder do partido, buscaria a reeleição. Após deixar a questão em aberto, o líder da legenda irmã CSU, Horst Seehofer, finalmente manifestou o apoio de seu partido à candidatura em entrevista na semana passada.
A decisão foi formalizada após um encontro de ambos os partidos em Munique, onde o apoio a Merkel foi "unânime", segundo lideranças. A cúpula iniciada neste domingo foi vista como uma espécie de reunião conciliatória após meses de desentendimentos em relação à política migratória do atual governo.
Na disputa, a CSU exigiu a criação de centros de registro e retenção de migrantes nas fronteiras e de um teto máximo para o acolhimento. As duas propostas foram rejeitadas por Merkel e pela CDU, e a questão dos refugiados se tornou um conflito aberto entre os líderes de ambos os partidos.
Seehofer ressaltou nesta segunda-feira que a exigência por um teto máximo se mantém, apesar de a questão não ter sido abordada no encontro em Munique. "Estamos de acordo que a migração registrada em 2015 não deve se repetir. Essa é a visão da CDU e da CSU."
A CDU e a CSU devem fechar os pontos principais de seu programa eleitoral nesta segunda-feira. O conteúdo deve ser apresentado por Merkel e Seehofer nesta quarta-feira.
SPD à frente em pesquisa
Uma pesquisa de opinião divulgada na semana passada apontou que Martin Schulz, candidato do Partido Social-Democrata (SPD) a chanceler federal da Alemanha, derrotaria Merkel caso as eleições ao cargo fossem diretas. De acordo com a sondagem, 50% dos eleitores votariam em Schulz, enquanto 34% escolheriam a atual chanceler federal.
O apoio a Schulz cresceu nove pontos percentuais em comparação com os resultados de janeiro, antes de sua candidatura ser oficializada pelo SPD, no fim de janeiro.
LPF/dpa/afp
A vida de um refugiado após selfie com Merkel
Há quem seja viciado em tirar autorretratos no celular, só ou acompanhado. Outros ridicularizam a moda como coisa de adolescentes. Para o sírio Anas Modamani, de 19 anos, um selfie foi o momento que transformou sua vida.
Foto: Anas Modamani
Encontrando Angela Merkel
Quando estava alojado no acampamento de refugiados de Berlim-Spandau, Anas Modamani ficou sabendo que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, viria visitar e conversar com os migrantes. O sírio de 19 anos, um adepto das mídias sociais, resolveu tirar um selfie com a chefe de governo, na esperança de que a iniciativa iniciasse uma mudança real em sua vida.
Foto: Anas Modamani
Fuga para a Europa
Quando a casa dos Modamani em Damasco foi bombardeada, Anas, seus pais e irmãos se transferiram para Garia, uma cidade menor. Foi aí que o jovem resolveu escapar para a Europa, na esperança de que sua família se unisse a ele mais tarde, quando tivesse conseguido se estabelecer. Primeiro, viajou para o Líbano, seguindo então para a Turquia, e de lá para a Grécia.
Foto: Anas Modamani
Jornada perigosa
Por pouco, Anas não morreu no caminho. Para atravessar o Mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia, ele teve que pegar um barco inflável, como a maioria dos refugiados. O sírio conta que a embarcação estava superlotada, acabando por virar, e ele quase se afogou.
Foto: Anas Modamani
Cinco semanas a pé
O trajeto entre a Grécia e a Macedônia ele teve que fazer a pé, ao longo de cinco semanas, seguindo então para a Hungria e a Áustria. Em setembro de 2015, alcançou sua destinação final: Munique. Uma vez na Alemanha, Anas decidiu que queria ir para Berlim, onde está vivendo desde então.
Foto: Anas Modamani
Espera por asilo
Na capital alemã, o jovem de Damasco passou dias inteiro diante da central para refugiados LaGeSo. Lá, ele conta, a situação era difícil, sobretudo com a chegada do inverno. Por fim, foi enviado para o acampamento de Berlim-Spandau. Ele queria chamar a atenção para sua situação como refugiado, e um selfie com Merkel lhe pareceu a oportunidade ideal.
Foto: Anas Modamani
Enfim uma família
Anas confirma que o retrato ao lado da chanceler federal foi um elemento de mudança chave em sua vida. Ele recebeu grande atenção midiática depois que o selfie foi postado online, e foi assim que sua família adotiva chegou até ele. Há dois meses o sírio de 19 vive em Berlim com os Meeuw, que o apoiam em todos os aspectos.
Foto: Anas Modamani
Saudades de casa
Anas diz nunca ter estado tão feliz como agora, ao lado de sua família alemã. Além de fazer curso de idioma alemão, tem numerosas atividades culturais e já fez muitos amigos. Com curso médio completo na Síria, ele pretende fazer o curso superior na Alemanha. Porém, sua prioridade no momento é obter oficialmente asilo e poder trazer seus pais e irmãos para a Alemanha.
Foto: Anas Modamani
Onda de rejeição aos refugiados
O sírio Anas Modamani espera ter uma vida longa e segura em sua terra de adoção. Contudo está preocupado com os atuais sentimentos negativos contra os refugiados na Alemanha. Ele teme que esse clima de rejeição possa escalar e influenciar as leis referentes aos migrantes. Se isso acontecer e ele não obtiver asilo, será o fim do sonho de ter a própria família junto de si.