Candidatura de Solana pode resolver impasse na UE
21 de junho de 2004Após as enormes divergências registradas em Bruxelas durante a recente conferência de cúpula da UE, prossegue agora a busca de um candidato para a presidência da Comissão Européia que tenha a aceitação da maioria dos países.
O conservador britânico Chris Patten, atual comissário de Política Exterior da União Européia e candidato predileto do primeiro-ministro Tony Blair, já está fora da disputa. Da mesma forma como o primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt, que tinha o apoio do presidente francês Jacques Chirac e do chanceler federal alemão Gerhard Schröder.
Um novo candidato
No momento, todas as atenções voltam-se para o atual encarregado de Política Exterior e de Segurança da UE, o socialista espanhol Javier Solana. Ex-ministro das Relações Exteriores da Espanha e ex-secretário-geral da Otan, Solana é tido como um dos políticos de maior prestígio em Bruxelas.
O governo espanhol, no entanto, parte do pressuposto de que ele será o primeiro a ocupar o recém-criado posto de ministro das Relações Exteriores da União Européia. Isso já está "praticamente decidido", afirmou à imprensa Miguel Ángel Moratinos, o chefe da diplomacia espanhola.
O próprio Javier Solana mantém-se discreto, o que mais parece uma tática para não "queimar" a sua candidatura potencial. Durante um evento realizado no úlitmo fim-de-semana nos subúrbios de Barcelona, Solana declarou não ser candidato "a nenhum posto".
Mas ressaltou estar "aberto a tudo" que atenda os interesses da União Européia. E acrescentou: "Seria muito difícil para mim dizer não", se a maioria dos países da UE o indicar como sucessor do atual presidente da Comissão, Romano Prodi.
Candidatos frustrados
As querelas em torno ao futuro presidente da Comissão Européia envenenaram a atmosfera da conferência de cúpula em Bruxelas (17 a 18/6) e atrasaram a aprovação da nova Constituição da UE pelos chefes de Estado e de governo, que só foi lograda no último momento.
Nem o conservador britânico Chris Patten, nem o liberal belga Guy Verhofstadt conseguiram a maioria necessária para consolidar as respectivas candidaturas. O primeiro-ministro belga era o candidato predileto de Jacques Chirac e recebeu o apoio de Gerhard Schröder.
O chanceler alemão deixou claro que não considerava Chris Patten – o candidato apoiado pelo governo britânico – como adequado para o cargo. Para Tony Blair, o nome de Guy Verhofstadt era inaceitável: o primeiro-ministro da Bélgica foi um dos antagonistas e críticos da política americana e britânica em relação ao Iraque.
Favorito declinou
Um nome tido como capaz de obter o apoio de todos era o do primeiro-ministro de Luxemburgo, o conservador Jean-Claude Juncker. No entanto, o chefe de governo luxemburguês rechaçou a oferta de transferência para Bruxelas.
Ele foi reeleito recentemente com grande maioria em Luxemburgo e um dos pontos centrais da sua campanha eleitoral foi a promessa de que permaneceria à frente do governo luxemburguês e não deixaria o cargo em troca de um posto na administração da União Européia.
O primeiro-ministro britânico Tony Blair fez críticas ferinas à atuação de Jacques Chirac e de Gerhard Schröder durante as negociações para a sucessão de Romano Prodi. Segundo círculos diplomáticos, Blair e o chanceler alemão tiveram até mesmo uma discussão em tons rudes durante o banquete de encerramento da conferência de cúpula, na sexta-feira (18/6).
Adiamento
Depois que um consenso rápido tornara-se impossível, o presidente do Conselho da UE, primeiro-ministro irlandês Bertie Ahern, decidiu adiar a busca de um candidato adequado para uma data posterior, a fim de que a conferência de cúpula pudesse dedicar-se finalmente à aprovação da nova Constituição da União Européia.
Em Bruxelas, corriam rumores nesta segunda-feira (21/6) de que uma nova conferência de cúpula poderá ser convocada ainda antes do final do mês para resolver a sucessão de Romano Prodi. Como datas possíveis, são citados os dias 27 ou 30 de junho. Isso dependeria, no entanto, das negociações preliminares, visando encontrar consenso em relação a um novo candidato.