Cangurus podem se comunicar com humanos, aponta estudo
16 de dezembro de 2020
Cientistas concluem que marsupiais podem "falar" com seres humanos assim como os bichos de estimação. Na pesquisa, os animais usaram o olhar para pedir ajuda.
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Animais que jamais foram domesticados, como os cangurus, são capazes de se comunicar intencionalmente com os seres humanos da mesma forma que fazem animais domésticos comuns, como cães e gatos. A conclusão é de um estudo publicado nesta quarta-feira (16/12) na revista científica britânica Biology Letters.
Cientistas australianos e britânicos realizaram uma série de experimentos em três santuários de vida selvagem na Austrália, colocando comida em um recipiente de plástico fechado. O trabalho inédito envolveu 11 cangurus que viviam em cativeiro mas não eram domesticados.
Pedido de ajuda
Ao tentarem abrir os potes sem sucesso, dez dos 11 marsupiais olharam atentamente para os pesquisadores, como se pedissem ajuda. Nove deles chegaram a olhar alternadamente para os humanos e para o recipiente, como uma forma de apontar ou gesticular em direção ao objeto.
"Nós interpretamos isso como uma forma deliberada de comunicação, um pedido de ajuda", disse à agência Reuters Alan McElligott, pesquisador da Universidade de Roehampton, de Londres, e principal autor do estudo. O surpreendente, segundo ele, é que se trata de espécies selvagens, das quais não costuma se esperar tal comportamento.
"O olhar deles era muito intenso", frisou Alexandra Green, coautora do estudo e pesquisadora de pós-doutorado na Escola de Ciências Veterinárias na Universidade de Sydney. "Antes, pensávamos que apenas animais domesticados pediam ajuda para resolver um problema, mas os cangurus também o fazem."
Para além dos cangurus
Animais domesticados são aqueles criados seletivamente ao longo de gerações para viver ao lado dos humanos, como cães, gatos e cavalos. Os cangurus que participaram do estudo não eram propriamente selvagens, pois neste caso teriam muito medo de humanos. Em vez disso, foram usados animais em cativeiro que estavam familiarizados com os humanos, embora não domesticados.
As habilidades cognitivas dos marsupiais – mamíferos que carregam seus filhotes em uma bolsa, como os cangurus – foram pouco investigadas pela ciência, segundo os acadêmicos.
"Os cangurus são os primeiros marsupiais a serem estudados dessa maneira, e os resultados positivos devem levar a mais pesquisas cognitivas além das espécies domésticas comuns", disse McElligott.
IP/rtr/ots
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Guaxinins decifradores
Guaxinins entendem mensagens rapidamente e têm ótima memória. Em uma experiência, animais foram colocados diante de 13 travas e conseguiram abrir 11 em menos de dez tentativas, incluindo aquelas com sistemas diferentes. Eles decodificaram o mecanismo e conseguiram lembrar o método três anos mais tarde.
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O orangotango é provavelmente um dos criminosos mais sofisticados do mundo animal. Aqueles que vivem perto de seres humanos costumam roubar secretamente rações de comida. Eles conhecem as consequências das suas ações, então apagam tudo o que aponta para o roubo – como palha espalhada ou as sementes caídas no chão.
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Papagaio consciente
O espécime mais famoso dos papagaios-cinzentos foi Alex, que conseguia diferenciar objetos, formas e cores. A ave, que já morreu, conhecia 150 palavras, mas não se tratava de uni-las sem lógica e indiscriminadamente. Quando não estava interessado em participar do treinamento, ele resmungava, por exemplo: "Eu vou embora". Em dias de mau humor do proprietário, dizia: "Sinto muito ".
Foto: Ute Walter
Cacatua paciente
A ave é capaz de planejar suas ações em passos sequenciais. Em um experimento, uma noz foi colocada dentro de uma caixa de madeira fechada com travas e parafusos. A cacatua resolveu o enigma sem ajuda – conseguiu até afrouxar os parafusos. Quando lhe ofereceram trocar a noz por outra, ela esperou alguns segundos para pensar se valeria a pena.
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Filhotes mimados
Tanto na anatomia quanto na bioquímica, macacos são muito parecidos conosco. Não é surpresa, então, que eles manipulem seus pares. Filhotes de macaco muitas vezes choram na presença de machos dominantes, mesmo que eles não lhes tenham feito nada. Por conta disso, macho-alfa se vinga do resto do grupo.
Muita gente acha que cada animal tem apenas uma técnica para caçar. Ledo engano. A aranha-saltadora sempre se reinventa de acordo com a situação. O pequeno aracnídeo é tão requintado que imita a presa capturada em sua teia ou dança como se fosse de outra espécie. Tudo para garantir a refeição do dia.