Criticado por apresentar filmes de menor perfil na competição dos últimos anos, 72ª edição do festival apresenta pesos-pesados do cinema em 2019, atraindo estrelas e diretores consagrados.
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O Festival de Cinema de Cannes se inicia na próxima terça-feira (14/05) com a firme proposta de se reafirmar como a principal mostra do cinema mundial, atraindo estrelas e diretores consagrados – como Quentin Tarantino e Pedro Almodóvar.
Em meio à disputa com a gigante de streaming Netflix – excluída do Festival desde 2018 – e parcialmente questionado devido a filmes de menor perfil nos últimos anos, a 72ª edição do Festival de Cannes jogou pesado este ano na escolha dos diretores: entre outros, Terrence Malick, Ken Loach, os irmãos Jean Pierre y Luc Dardenne, Abdellatif Kechiche, que juntos a Tarantino somam sete Palmas de Ouro.
Diego Maradona, Selena Gómez, Iggy Pop e Bono vão desfilar no tapete vermelho, que contará também com a presença do diretor vencedor do Oscar Alejandro González Iñárritu, presidente do júri do Festival em 2019.
Jim Jarmusch, um dos principais diretores do cinema independente americano, concorre à Palma de Ouro com a comédia de zumbis Os mortos não morrem. Estrelado por Bill Murray, Adam Driver, Tilda Swinton, Chloë Sevigny e o cantor Iggy Pop, a película será o filme de abertura do Festival.
Recém-rodado e incluído no último minuto, Era uma vez em Hollywood, com Leonardo DiCaprio e Brad Pitt no elenco, marca a volta do diretor Quentin Tarantino a Cannes, onde ganhou a Palma de Ouro por Pulp Fiction: tempo de violência há 25 anos.
Outra figura frequente no festival, mas para quem o prêmio principal escapou cinco vezes: Pedro Almodóvar tentará novamente com Dor e glória, seu drama autobiográfico estrelado por Antonio Banderas, com Penélope Cruz, Cecilia Roth e Leonardo Sbaraglia no elenco.
Também regressa à competição o pernambucano Kleber Mendonça Filho com seu filme Bacurau, codirigido por Juliano Dornelles e interpretado por Sônia Braga e o alemão Udo Kier. O filme rodado na divisa da Paraíba com o Rio Grande do Norte, conta a história de uma comunidade que desaparece do mapa após a morte da matriarca. No Brasil, ele deve estrear no segundo semestre.
Ao apresentar Aquarius três anos atrás, Mendonça protagonizou um protesto contundente no tapete vermelho contra o então presidente Michel Temer. Curiosamente, Almodóvar e Mendonça Filho foram os últimos cineastas ibero-americanos a concorrer à Palma de Ouro, ambos em 2016.
No total, 21 filmes concorrem ao prêmio principal em Cannes, entre eles estão Le jeune Ahmed, dos irmãos belgas Dardenne, e Sorry We Missed You, do britânico Ken Loach
O americano Terrence Malick apresentará seu filme ambientado na Segunda Guerra Mundial A Hidden Life, enquanto o canadense Xavier Dolan competirá com o drama Matthias & Maxime.
Entre as quatro mulheres que competem – todas pela primeira vez – à Palma de Ouro está a austríaca Jessica Hausner, que traz a Cannes seu filme Little Joe.
Fora de competição está uma cinebiografia de Elton John Rocketman, assim como o filme Diego Maradona, do vencedor do Oscar Asaf Kapadia (diretor de Amy e Senna: O brasileiro, o herói, o campeão). Ambos Maradona e Elton John são esperados em Cannes.
Um documentário sobre as mudanças climáticas produzido por Leonardo DiCaprio (Ice on Fire) também poderá ser visto fora da competição principal.
CA/afp/efe
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De clássicos como "King Kong" e "Oito e meio" ao sucesso recente de "Ave, César!", há quase um século o próprio processo de produzir filmes tem se provado tema fascinante para cineastas e público.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/UIP
"Cantando na chuva" (1952)
O famoso musical enfoca a Hollywood da década de 20, na transição do filme mudo para o sonoro, quando a súbita pressão para representar com a voz representou o ocaso para diversos astros e estrelas do cinema. As sequências cantadas e dançadas com Gene Kelly (foto), Debbie Reynolds e Donald O'Connor são um forte tributo ao gênero musical da época.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Ronald Grant Archive
"King Kong" – original e remakes
Com um macaco-monstro e efeitos especiais icônicos, a versão de 1933 de "King Kong" foi um marco da história do cinema. Seguiram-se várias refilmagens, destacando-se as de 1976, com Jessica Lange e Jeff Bridges, e 2005 (foto), dirigida por Peter Jackson. O misto de história de amor bestial e thriller acompanha uma equipe cinematográfica à Ilha da Caveira, onde se depara com o colossal gorila.
Foto: Presse
"Bancando o águia" (1924)
Essa comédia muda foi possivelmente a primeira produção a revelar aos espectadores os bastidores da indústria cinematográfica. Em sonho, o projecionista Buster assume o papel do detetive Sherlock Holmes, resolve um caso e conquista o amor da mocinha. De volta à realidade, ele imita seu herói cinematográfico. "Sherlock Jr." é considerada uma das obras mais importantes do americano Buster Keaton.
Foto: AP
"O artista" (2011)
Também em "O artista", dois atores se encontram na transição para o filme sonoro. Rodado em preto-e-branco, com entretítulos e diálogo esparso, ele é uma homenagem à era do cinema mudo e uma declaração de amor à sétima arte. A produção francesa recebeu cinco Oscars e três Globos de Ouro, entre vários outros prêmios.
Foto: picture-alliance/dpa
"Crepúsculo dos deuses" (1950)
Em seu drama, Billy Wilder conta a história do cineasta fracassado Joe Gillis (William Holden) e da ex-diva das telas Norma Desmond (Gloria Swanson). O resultado é um retrato impiedoso da assim chamada "fábrica dos sonhos" Hollywood. O diretor evitou o quanto pôde revelar a trama a seus produtores, para evitar que o fizessem abrandar o tom crítico de seu "Sunset Boulevard" (título original).
Foto: AP
"O desprezo" (1963)
Jean-Luc Godard também retratou a comercialização do cinema nessa produção ítalo-francesa. Brigitte Bardot representa a esposa do roteirista Paul Javal (Michel Piccoli), cuja relação sucumbe à ganância e desconfiança, nas engrenagens da indústria cinematográfica hollywoodiana.
Foto: picture-alliance/United Archives
"Ed Wood" (1994)
Em preto-e-branco, Tim Burton retratou aqui um outro cineasta americano. Ambicioso e profundo admirador do gênio Orson Welles, porém desprovido de talento e verba, Edward D. Wood Jr. (Johnny Depp, dir. embaixo) produziu nos anos 50 uma série de filmes B com elementos de ficção científica e horror. Martin Landau recebeu o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel do ex-Drácula Bela Lugosi.
Foto: picture-alliance/United Archives
"O estado das coisas" (1982)
Um diretor igualmente enfrenta dificuldades financeiras neste filme do alemão Wim Wenders. Filmando em locação em Portugal, Friedrich Munro (Patrick Bauchau) decide ir pessoalmente para Los Angeles, quando as verbas e o material fotográfico esperados não chegam. Wenders inseriu diversas alusões a outros filmes e cineastas, como Friedrich Murnau, Fritz Lang e Roger Corman.
Foto: picture alliance / United Archives
"Deu a louca nos astros" (2000)
Escrita e dirigida por David Mamet, a comédia "State and Main" acompanha um caótica produção cinematográfica. Chegando a Vermont para filmar "O velho moinho", a equipe constata que cidade não tem mais um moinho. Aí a atriz principal súbito exige um cachê muito mais alto, o roteirista sofre bloqueio criativo, o protagonista passa a flertar com uma adolescente local (Julia Stiles, na foto).
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"8 1/2" (1963)
Clássico do cinema de autor, "Oito e meio", de Federico Fellini, gira em torno do cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni), em meio a uma crise existencial acompanhada de bloqueio criativo. Claudia Cardinale (foto) representa a inalcançável Mulher Ideal. Portador dois Oscars, o filme é considerado uma obra prima do cinema autorrreferencial.
Foto: picture-alliance/dpa
"Boogie Nights: Prazer sem limites" (1997)
A ascensão e queda do astro pornô Dirk Diggler (Mark Wahlberg, esq.), discípulo e "galinha dos ovos de ouro" do diretor Jack Horner (Burt Reynolds), é pretexto para o também roteirista Thomas Paul Anderson traçar uma crônica do cinema pornográfico americano no fim da década de 70, às vésperas do ocaso de uma época áurea.
Foto: picture alliance / United Archives
"Ave, César!" (2016)
A comédia de Ethan e Joel Coen celebra a Hollywood dos anos 50, período em que a indústria cinematográfica sente a ameaça da competição pela televisão. Ao desaparecer misteriosamente do set de filmagens de um épico romano, o ator em decadência Baird Whitlock (George Clooney) representa um problema para Eddie Mannix, um produtor disposto a empregar drásticos para sanar os problemas do estúdio.