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Cantor deixa Bayreuth devido a tatuagem com símbolo nazista

22 de julho de 2012

O barítono russo Evgeny Nikitin seria estrela da ópera "O Navio Fantasma", de Richard Wagner. Ele diz que tatuagem foi erro cometido na juventude, quando tinha uma banda de rock.

ARCHIV - Der aus St. Petersburg stammende Sänger Evgeny Nikitin sitzt am 08.06.2012 in seinem Hotelzimmer in Berlin. Wegen Brust-Tätowierungen mit nationalsozialistischen Symbolen hat der «Holländer»-Sänger Nikitin seinen Auftritt bei den Bayreuther Festspielen nur wenige Tage vor der Eröffnungspremiere abgesagt. Foto: Claudia Levetzow dpa/lby (zu dpa 0364 vom 21.07.2012) +++(c) dpa - Bildfunk+++
Foto: Miinsky Theater

Poucos dias antes da estreia, o Festival de Bayreuth perdeu uma de suas principais estrelas. O barítono russo Evgeny Nikitin saiu do elenco depois da descoberta de que ele traz no peito uma tatuagem com a cruz suástica. A inauguração desta edição do festival, dedicado à música de Richard Wagner, está marcada para a próxima quarta-feira (25/07).

Nikitin, de 38 anos, tinha sido contratado para interpretar o protagonista da ópera O Navio Fantasma, cuja montagem vai abrir o Festival de Bayreuth. A abertura de gala deve contar com a presença da chanceler federal alemã, Angela Merkel.

Substituto

O cantor russo será substituído pelo sul-coreano Samuel Youn, que participou neste sábado do ensaio geral. O asiático já era artista de reserva, previsto caso Nikitin adoecesse, segundo a direção de Bayreuth.

"Não imaginei a dimensão dos constrangimentos e sofrimentos que estes símbolos provocam, sobretudo em Bayreuth, no contexto da história deste festival", admitiu Nikitin, em nota. Segundo os organizadores, o próprio cantor optou por sua saída, após uma conversa com a direção do evento.

O artista explicou que fora membro de uma banda de heavy metal na juventude, e que considerava a tatuagem "um grande erro" em sua vida e que desejaria "nunca tê-la feito".

Nikitin: "Não imaginei a dimensão dos constrangimentos e sofrimentos que estes símbolos provocam"Foto: picture-alliance/dpa

A direção do festival e o diretor da versão deste ano de O Navio Fantasma, Jan Philipp Gloger, só viram a tatuagem com a suástica na sexta-feira à noite, em uma reportagem de um programa de cultura do canal público de televisão ZDF. A matéria o descrevia como um ex-adepto do heavy metal que seria o primeiro cantor russo a atuar no tradicional festival alemão.

"Tínhamos que tomar uma posição, não podíamos ignorar o que vimos", disse Peter Emmerich, porta-voz do festival, à edição eletrônica da revista Der Spiegel.

Imagens da juventude

As imagens exibidas pela TV alemã foram feitas quando Nikitin ainda integrava uma banda de rock e o mostram tocando bateria sem camisa e de cabeça rapada. Em seu peito é possível reconhecer uma cruz suástica, coberta parcialmente por um outro desenho. Fotos atuais mostram, no entanto, que Nikitin tem agora outra tatuagem bastante colorida cobrindo a suástica.

Em entrevista à imprensa alemã, Nikitin alegou que não sabia do significado de algumas tatuagens. "Não era claro para mim que os símbolos que tenho como tatuagens podem ter significado ou são ligadas a nazistas ou neonazistas." Ele também tem duas runas das usadas por nazistas estampadas no peito.

O cantor afirmou que fez as tatuagens na Rússia nos anos 1989, 1990 e 1991, tendo-as escolhido em "livros sobre mitologia nórdica e catálogos de loja de tatuagem". Nikitin assegurou: "Os sinais não têm absolutamente qualquer significado político, mas apenas espiritual. Nunca fui nem sou integrante de um partido político."

Hitler em Bayreuth, em 38: festival teve fortes ligações com nazismoFoto: PA/dpa

Passado de Bayreuth

Quanto o contratou, o Festival de Bayreuth não sabia da antiga tatuagem nem conhecia o passado de Nikitin, garantiu Emmerich. "Procurávamos uma voz, um cantor para o papel principal de O Navio Fantasma, a cor de pele ou a nacionalidade não interessavam e claro que também não costumamos imaginar o que as pessoas têm na pele."

No caso de Bayreuth, porém, "a situação é diferente", admitiu Emmerich, devido às ligações que o festival teve com o regime nazista e grandes nomes do Terceiro Reich, começando pelo próprio Adolf Hitler, que era um admirador fervoroso da música de Wagner e espectador assíduo do festival.

Acredita-se que Hitler tenha tido um romance com a então diretora do festival e nora de Richard Wagner, Winifred Wagner, a qual mesmo depois da queda do nazismo continuou a defendê-lo. Este passado do festival dificultou a sua reedição, nos anos 50, após a Segunda Guerra Mundial e a derrota do nazismo. Até hoje a música de Wagner é banida em Israel.

MD/dpa/dapd/lusa
Revisão: Mariana Santos

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