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Transmissão do HIV

16 de agosto de 2010

Justiça alemã acusa cantora de grupo pop No Angels de ter tido relações sexuais desprotegidas com três pessoas, sem informá-las de que era portadora do HIV. Cantora responde agora por lesão corporal grave.

Nadja Benaissa reconheceu o erroFoto: picture-alliance/dpa

A cantora alemã Nadja Benaissa, uma das vozes do grupo No Angels, admitiu nesta segunda-feira (16/08) perante um tribunal da cidade alemã de Darmstadt ter praticado relações sexuais desprotegidas, apesar de saber que era portadora do vírus da aids.

Um dos parceiros com o qual Benaissa teve relação sexual em 2004 disse ter sido contaminado com o vírus da aids através da cantora. Por esse motivo, ela responde agora a crime de lesão corporal grave.

Na Alemanha, a transmissão do HIV é considerada crime se um portador do vírus da aids está ciente da infecção e, mesmo assim, mantém relações sexuais desprotegidas sem que o parceiro seja previamente informado.

A Promotoria Pública acusa Benaissa de ter tido, entre 2000 e 2004, relações sexuais sem proteção com três pessoas que não foram informadas pela cantora de que ela era portadora do HIV.

Prisão preventiva

"Eu sinto muito, de coração", afirmou a jovem mãe de 28 anos à Justiça em Darmstadt. Benaissa disse ainda que, somente em 1999, ao fazer um teste de gravidez aos 16 anos, soube que era portadora do vírus. Ela afirmou não saber quem a infectou e disse que nunca foi atrás de um culpado.

Em abril do ano passado, a cantora passou dez dias em prisão preventiva devido à acusação. Em declaração lida por seu advogado nesta segunda-feira, a cantora a princípio reconheceu as acusações.

Ela afirmou que, após a prisão, passou a reconhecer que a forma com a qual lidava com a doença estava errada. "Foi um grande erro meu", afirmou a cantora. Benaissa declarou ainda nunca ter tido a intenção de contaminar alguém com o HIV.

Responsabilidade de cada um

No ano passado, a prisão preventiva da cantora gerou um debate em torno da legislação sobre a transmissão do vírus e da prevenção da doença no país.

Segundo a Deutsche Aids-Hilfe (DAH), organização que reúne mais de cem associações regionais de prevenção à aids na Alemanha, a criminalização da transmissão do HIV pode fazer com que pessoas deixem de fazer o teste de aids, com medo de repressões legais.

Pela lógica da lei, o portador que não sabe que está infectado não é passível de condenação ao transmitir o HIV a outro parceiro através de prática sexual desprotegida. Em contatos sexuais, a DAH defende a responsabilidade de todas as partes.

CA/dpa/afp

Revisão: Rodrigo Rimon

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