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Caos e solidariedade

15 de janeiro de 2010

UE liberou 3 milhões de euros e promete aumentar ajuda para Haiti devastado. Auxílio humanitário esbarra em dificuldades infraestruturais. Saques, desespero e cólera pioram a situação. Cresce temor de epidemias.

Menina encontra corpo de irmão nos escombros, em Porto PríncipeFoto: AP

O terremoto no Haiti, de magnitude sete na escala Richter, desencadeou uma ação humanitária internacional sem precedentes. Também vindo da Alemanha, pessoal de assistência desembarcou no aeroporto da capital, Porto Príncipe, trazendo bens de primeira necessidade.

Entretanto, como as autoridades estão sobrecarregadas com o processamento da carga, medidas concretas de assistência ainda não puderam ser iniciadas.

Neste sábado (16/01), a Cruz Vermelha alemã enviará ao Haiti uma clínica móvel, capacitada a atender a 30 mil pessoas. Nela, uma equipe de oito profissionais, incluindo médicos, enfermeiras, uma parteira e técnicos, trabalhará juntamente com colaboradores locais. As ONGs Caritas International e a Diakonie Katastrophenhilfe anunciaram para segunda-feira um voo conjunto para transporte de suprimentos.

Trabalhos de resgate são dificultadosFoto: AP

UE solidária

A embaixada espanhola no Haiti desmoronou, a francesa está destruída, inúmeros cidadãos da União Europeia (UE) continuam desaparecidos. Este foi o balanço apresentado em Bruxelas por Catherine Ashton, alta representante para a política externa e de segurança da UE, sem mencionar números exatos. Porém o mais importante é o sentimento de compaixão dos europeus para com a população haitiana, acrescentou.

"As imagens de destruição e dor moveram a todos nós, profundamente. E, falando por mim, posso afirmar que tudo farei para transformar esses sentimentos em ação. É importante dizer às pessoas no Haiti que estamos a postos para ajudá-las no que for possível. Elas podem confiar na Europa."

Embaixador haitiano Jean Robert Saget (e) em reunião de crise com funcionários do Ministério alemão do ExteriorFoto: AP

Já na quarta-feira, a Comissão Europeia disponibilizou 3 milhões de euros, quantia que deverá em breve ser elevada, continuou Ashton. Nove nações do bloco europeu ou garantiram seu auxílio, ou já estão com colaboradores no país. Estes se ocupam em especial do resgate dos soterrados, da construção de hospitais e do abastecimento com barracas, alimentos e água potável. Além disso, uma equipe de especialistas da UE encontra-se in loco, a fim de registrar outras necessidades.

Indagada sobre quando voaria para aquele país insular, a fim de formar sua própria visão da situação, a encarregada de política externa e de segurança da UE disse que ainda esperaria. Afinal, em Porto Príncipe há, no momento, uma única pista de aterrissagem em funcionamento, e ela está intensamente ocupada com o afluxo de bens de primeira necessidade.

Cenas de horror

Numerosos colaboradores e repórteres internacionais relatam sobre montes de cadáveres pelas ruas da capital haitiana. Por toda a parte faltam água potável, gêneros alimentícios e medicamentos. À medida que o cheiro de decomposição se torna mais forte, cresce o temor de epidemias. Já começaram a ser cavadas valas comuns.

Tornando a situação ainda mais caótica, milhares de pessoas traumatizadas erram pelas ruas assoladas, alguns dão vazão a sua frustração e cólera. A cada hora que passa, a luta pela sobrevivência se torna mais brutal nos locais atingidos pelo severo abalo sísmico. Os flagelados se digladiam por uma ração de alimento, os saques se intensificam.

Até mesmo os depósitos da Organização das Nações Unidas, construídos antes da catástrofe, foram saqueados. "Havíamos classificado como precária a situação nutricional de 2 milhões de haitianos", explicou Emilia Casella, porta-voz do programa de alimentação da ONU.

Ainda faltam números oficiais sobre as vítimas. O governo em Porto Príncipe parte de um total entre 50 mil e 100 mil mortos.

Autores: A. Reuter / M. von Hellfeld / A. Valente
Revisão: Roselaine Wandscheer

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