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Capa ganha retrospectiva em Berlim

Rodrigo Rimon7 de março de 2005

Após August Sanders e Henri Cartier-Bresson, o Martin-Gropius-Bau reafirma seu interesse pela fotografia com a primeira grande retrospectiva de Robert Capa na Alemanha, 50 anos após sua morte.

Foto de um soldado baleado da milícia espanhola o tornou famoso mundialmenteFoto: Robert Capa, 2001 Cornell Capa / Magnum Photos

Robert Capa foi o grande nome da fotografia de guerra, o símbolo de uma geração que fazia questão de ver as coisas de perto, e esse era o justamente o seu lema: "Se sua fotografia não é boa o suficiente, você não está próximo o suficiente". Para celebrar o qüinquagésimo aniversário de sua morte, a Bibliotèque Nationale francesa organizou a primeira grande retrospectiva de sua obra, que agora chega a Berlim.

A mostra reúne 300 originais apresentados cronologicamente. A curadoria abriu mão de grandes impressões e optou por apresentar as fotos nas dimensões originais, como foram editadas em redações com fins informativos. Vitrines com extratos de revistas e jornais nos quais foram publicadas ressaltam seu caráter jornalístico.

Tudo isso, na verdade, respeita a maneira como Capa encarava sua profissão. Afinal, ele nunca se viu como artista, mas como jornalista e, em vida, nunca presenciou uma exposição de suas obras: quem as conhecia, as tinha visto em publicações como Life, Vu, Regards ou Match.

Viver para contar a história

Segundo o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, "quanto mais tempo você passa nesses corredores, mais claro fica o significado que as fotos tinham para Capa. (...) As séries criam um magnetismo que transfere o observador para os lugares onde Capa esteve. Elas adquirem um caráter direto, que nem as imagens da TV nem cada uma das fotos isoladamente jamais obterão".

Café na avenida Kurfürstendamm, em Berlim, em agosto de 1945, pouco após o fim da guerraFoto: Robert Capa, 2001 Cornell Capa / Magnum Photos

Na exposição, pode-se acompanhar as diversas estações de sua vida: a Guerra Civil espanhola (1936–1939), a resistência chinesa contra a ocupação japonesa (1938), a Segunda Guerra Mundial (1941–1945), a chegada dos Aliados à costa da Normandia (1944), a invasão dos países árabes a Israel (1948) e, por último, a Guerra da Indochina, na qual faleceu após pisar em um mina.

De fato, quem observa as fotos de Capa pergunta-se o tempo todo o que é que o fotógrafo estava fazendo lá naquele momento, afinal os riscos saltam aos olhos. Mas Capa queria contar a história com sua câmera, e sua vida foi dedicada a esse propósito.

Um filho do século 20

De família judaica, Endre Erno Friedmann nasceu em Budapeste em outubro de 1913. Em 1932, teve de deixar o país e partiu para Berlim, onde se inscreveu na Faculdade de Política. De 1932 a 1933, trabalhou para a agência Dephot, para quem fez sua primeira fotorreportagem: ele fotografou Leon Trotzky, na época exilado em Copenhague.

Quando os nazistas tomaram o poder, partiu para Paris, onde conheceu André Kertész, David Seymour e Henri Cartier-Bresson. Em 1934, conheceu Gerda Pohorylle, que também fugira da Alemanha, e a amizade entre os dois floresceu. Eles começaram a trabalhar juntos e assumiram novos pseudônimos: ele se tornou Robert Capa e ela, Gerda Taro.

Ambos se engajaram como fotógrafos para cobrir a Guerra Civil espanhola – Capa fez lá a foto que o tornou internacionalmente famoso, mas Gerda Taro nunca mais voltou. Em sua honra, Capa publicou o trabalho conjunto Death in the making.

Em 1939, se mudou para os Estados Unidos, onde trabalhou para revistas como Life e Collier's. De 1940 a 1945, voltou à Europa para cobrir a Segunda Guerra Mundial e foi o único fotógrafo a acompanhar as primeiras tropas aliadas à Normandia. Mas um erro no laboratório acabou destruindo a maior parte das fotos e apenas 11 restaram.

Em 1947, inaugurou junto com os amigos Cartier-Bresson, David Seymour e Wiliam Vanidvert a agência Magnum, contribuindo para estabelecer a condição de fotógrafo autônomo, que pode vender seu trabalho a diversas publicações.

"Retrospectiva Robert Capa" - Até 18 de abril no Martin Gropius Bau em Berlim. Aberto de quarta a segunda-feira.

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