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ReligiãoAlemanha

Cardeal alemão defende fim do celibato obrigatório

3 de fevereiro de 2022

"Para alguns padres, seria melhor se fossem casados", diz Reinhard Marx, uma das figuras mais proeminentes da Igreja Católica na Alemanha. Modo de vida celibatário é "precário", e não é fácil viver sozinho, afirma.

Cardeal alemão Reinhard Marx
"Seria melhor para todos criar a possibilidade para padres celibatários e casados", afirmou o cardeal Reinhard MarxFoto: Sven Hoppe/dpa Pool/picture alliance

O cardeal alemão Reinhard Marx, cuja arquidiocese foi objeto de um recente relatório sobre abuso sexual de menores, afirmou nesta quarta-feira (02/02) ser a favor de acabar com o celibato obrigatório, ou seja, de que padres católicos possam se casar.

"Seria melhor para todos criar a possibilidade para padres celibatários e casados", afirmou Marx, uma das mais proeminentes figuras da Igreja Católica na Alemanha, em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung. Ele classificou o modo de vida celibatário de "precário".

"Para alguns padres, seria melhor se fossem casados. Não apenas por razões sexuais, mas porque isso seria melhor para suas vidas e eles não se sentiriam sozinhos", afirmou, considerando ser necessário discutir a questão.

Marx, que é arcebispo de Munique e Freising e foi presidente da Conferência Episcopal Alemã de 2014 a 2020, sublinhou que o celibato não será completamente extinto, mas questionou se deveria ser um pré-requisito para todos os padres. "Creio que as coisas não podem seguir como estão", afirmou.

"A sexualidade faz parte do ser humano"

Uma investigação independente que examinou casos de abusos sexuais ocorridos na arquidiocese de Munique e Freising de 1945 a 2019 encontrou indícios de pelo menos 497 vítimas. Foram investigados 235 suspeitos de terem cometido abusos, dos quais 173 eram padres.

O relatório sobre a investigação, divulgado em janeiro, acusou Joseph Ratzinger, o papa emérito Bento 16, de não ter agido em pelo menos quatro casos de abuso quando era arcebispo de Munique e Freising, de 1977 a 1982. Marx, que comanda a arquidiocese desde 2008, também foi acusado de inação, em especial em dois casos suspeitos de abuso.

Ao ser questionando se vê uma ligação entre o celibato e o abuso sexual de menores, respondeu que não se pode dizer isso de forma generalizada.

"Mas esse modo de vida também atrai pessoas que não são adequadas, que são sexualmente imaturas. A sexualidade faz parte do ser humano e ela nunca desaparece", disse Marx. "Sempre digo isto aos sacerdotes jovens: viver sozinho não é tão fácil."

Reformas na Igreja

Para o cardeal, a moral sexual católica já gerou muitos impasses. Reformista e aliado do papa Francisco, Marx afirmou na semana passada que a Igreja precisa de uma reforma profunda para superar o "desastre" do abuso sexual.

Em 2019, antes do Sínodo da Amazônia, Marx havia expressado apoio à ideia de bispos da região de permitir a ordenação de homens casados como padres diante da uma escassez clerical.

No ano passado, Marx ofereceu sua renúncia ao papa devido às "falhas institucionais ou sistêmicas" da Igreja Católica ao lidar com escândalos de abuso sexual, mas Francisco rejeitou o pedido e instou o cardeal a ajudar a reformar a Igreja.

As mais recentes declarações de Marx forma divulgadas na véspera de uma nova sessão do chamado "Caminho Sinodal”, processo de reformas internas lançado pela Igreja Católica Alemã após escândalos de abuso sexual e que se baseia em um debate com os fiéis. O "Caminho Sinodal" trata de questões relacionadas à moral sexual e à abordagem da instituição em relação aos homossexuais, e é alvo de críticas de católicos conservadores.

lf (ARD, AP, AFP, DPA, KNA)

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