Cardeal australiano é condenado por abuso sexual de menores
26 de fevereiro de 2019
George Pell foi declarado culpado em cinco acusações de crimes sexuais contra meninos de 12 e 13 anos nos anos 1990. Chefe das finanças do Vaticano, ele já foi um dos assessores mais próximos do papa Francisco.
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O cardeal australiano George Pell, chefe das finanças do Vaticano e que já foi um importante conselheiro do papa Francisco, foi declarado culpado pela Justiça da Austrália em cinco acusações de abuso sexual contra menores, crimes cometidos há mais de duas décadas.
O veredicto veio a público somente nesta segunda-feira (25/02), depois de uma ordem judicial ter retirado o sigilo do caso. A decisão do tribunal em Melbourne, contudo, foi tomada em 11 de dezembro de 2018, após um julgamento que durou quatro semanas.
Com a condenação, Pell se tornou o clérigo católico de mais alto escalão a ser declarado culpado por crimes sexuais contra menores de idade. Ele se alegou inocente de todas as cinco acusações.
Considerado o "número três do Vaticano", o cardeal de 77 anos foi condenado por ter abusado sexualmente de dois coroinhas de 12 e 13 anos, nos anos 1990, na sacristia da Catedral de São Patrício, em Melbourne, onde Pell fora arcebispo. Uma das duas vítimas morreu em 2014.
Cada uma das cinco acusações prevê uma pena de no máximo dez anos de prisão. A sentença a ser cumprida por Pell só deve ser proferida no início de março.
A notícia da condenação do cardeal australiano vem num momento em que a Igreja Católica tenta lidar com uma crescente crise envolvendo abuso sexual infantil por sacerdotes, num escândalo que atinge países como Alemanha, Chile e Estados Unidos, além da Austrália.
Ao longo dos últimos dias, o papa Francisco conduziu uma cúpula no Vaticano para tratar do assunto, quando clamou por uma "batalha total" contra delitos de cunho sexual, crimes que precisam ser "apagados da face da Terra".
Nomeado arcebispo de Melbourne em 1996 e de Sydney em 2001, George Pell foi escolhido em 2014 pelo papa para tornar mais transparentes as finanças do Vaticano.
Em dezembro, a Santa Sé informou que o pontífice removeu Pell de seu grupo de conselheiros próximos, sem comentar o julgamento. O cardeal tirou licença indefinida de seu cargo de chefe das finanças em 2016 para responder às acusações.
O julgamento do australiano é o mais recente dos múltiplos casos de abuso sexual que abalaram a Igreja Católica na Austrália nos últimos anos. Autoridades estimam que mais de quatro mil crianças tenham sido vítimas em mais de mil instituições católicas australianas desde os anos 1980.
Você sabe de onde veio a inspiração para o nome do atual pontífice? E que profissão Francisco escolheu primeiramente? Confira alguns fatos interessantes sobre a vida do papa argentino.
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Inspiração brasileira
Em 13 de março de 2013, o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes estava sentado ao lado do argentino Jorge Mario Bergoglio quando este foi eleito papa. "Ele [Hummes] me abraçou, me beijou e disse: 'Não se esqueça dos pobres'. Eu me lembrei imediatamente de Francisco de Assis", revelou o próprio papa Francisco para contar a história da escolha de seu nome.
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Vida com só um pulmão
Nascido em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, o papa Francisco vive com apenas um pulmão. Segundo o jornal "Clarín", a outra parte foi retirada quando o atual pontífice tinha 21 anos, por conta de uma pneumonia. Na ocasião de sua eleição, o Vaticano confirmou a cirurgia, mas disse que o problema, ocorrido há "muitos e muitos anos", não impediu que ele se dedicasse ao sacerdócio.
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Papa e sua Harley Davidson
Em junho de 2013, uma moto Harley-Davidson foi dada ao papa em comemoração ao 110° aniversário da marca. Em 2014, a motocicleta foi leiloada por 241 mil euros (cerca de R$ 1,3 milhão na cotação atual) num leilão em Paris. Francisco ainda ganhou uma jaqueta de couro, que também foi leiloada por 57,5 mil euros. O pontífice destinou os lucros do leilão a uma organização de caridade em Roma.
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Psicanálise semanal
No final da década de 1970, ainda como Jorge Mario Bergoglio, o atual papa teve sessões de psicanálise semanalmente, durante seis meses. A informação consta em um livro de entrevistas concedidas ao sociólogo francês Dominique Wolton. Na época, o pontífice estava com 42 anos, e sua analista era mulher e judia, relatou o Santo Padre.
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Técnico químico
O papa Francisco é filho de emigrantes piemonteses: o pai era funcionário ferroviário, trabalhando como contador, enquanto a mãe ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos. Segundo o Vaticano, o pontífice diplomou-se primeiramente como técnico químico, e depois escolheu o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto.
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Papa pioneiro
O papa Francisco é pioneiro em diversos campos: ele é o primeiro papa latinoamericano e primeiro jesuíta à frente da Igreja Católica da história. E também é o primeiro a assumir o nome Francisco. Ele somente se tornará Francisco 1° quando houver um Francisco 2°, informou o Vaticano.
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Sucessor natural
Aqui se vê Jorge Mario Bergoglio antes do conclave que o elegeu papa em 2013. De acordo com o jornal "Corriere Della Sera", ele recebeu mais de 90 votos dos 115 cardeais presentes. Consta que, na eleição do sucessor de João Paulo 2°, em 2005, ele já havia ficado em segundo lugar na votação dos cardeais. Assim, pode-se dizer que o atual pontífice é o sucessor natural de seu antecessor, Bento 16.