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Religião

Cardeal australiano é sentenciado a seis anos de prisão

13 de março de 2019

Após ser condenado em fevereiro, George Pell recebe sentença por crimes de pedofilia contra dois menores nos anos 1990. Ele foi tesoureiro do Vaticano e assessor próximo do papa Francisco.

Cardeal australiano George Pell deixa o tribunal do estado de Victoria
A defesa de Pell já apresentou recurso contra a sentença, que será analisado em junhoFoto: Getty Images/AFP/C. Chronis

O cardeal australiano George Pell, que chegou a ser o terceiro na hierarquia do Vaticano, foi sentenciado nesta quarta-feira (13/03) a seis anos de prisão por crimes de pedofilia contra dois menores cometidos há mais de 20 anos.

O juiz Peter Kidd, do tribunal do estado de Victoria, detalhou que Pell deverá cumprir três anos e oito meses da condenação antes de pedir liberdade condicional, o que poderá fazer a partir de outubro de 2022. A defesa de Pell já apresentou recurso contra a sentença, que será analisado em junho.

Na leitura da sentença, o juiz disse que o cardeal, que na época dos crimes era arcebispo de Melbourne, atuou com "surpreendente arrogância" e que no julgamento "sustentou sua inocência, o que é seu direito", mas ao mesmo tempo nunca mostrou "remorso ou contrição".

Atualmente com 77 anos de idade, Pell tinha 55 anos na época do crime. O cardeal foi condenado por crimes sexuais contra dois meninos de coral, de 13 anos, cometidos na sacristia dos padres da Catedral de São Patrício, onde era o arcebispo. As outras convicções estão relacionadas a contatos físicos indevidos com os meninos.

Os nomes das vítimas não foram citados, apenas que um está vivo e que o outro morreu de overdose de heroína em 2014. O pai da segunda vítima se mostrou "decepcionado pela curta condenação" e expressou sua tristeza pelo que considerou uma punição inadequada para esses crimes. A vítima sobrevivente considerou a decisão do juiz "meticulosa e analítica".

"É difícil para mim me permitir sentir a gravidade deste momento, o momento em que a sentença é proferida, o momento em que a justiça é feita", disse o homem por meio de uma declaração lida por um de seus advogados. "É difícil para mim, por enquanto, consolar-me com esse resultado. Aprecio que o tribunal tenha reconhecido o que me foi infligido quando criança. No entanto, não há descanso para mim. Tudo está ofuscado pelo recurso de apelo."

O juiz ressaltou na sentença que o abuso dos dois meninos do coro foi "um ataque sexual descarado e forçado contra as vítimas". "Os atos foram sexualmente gráficos, ambas as vítimas estavam visivelmente e audivelmente angustiadas durante a ofensa", ressaltou o juiz, ao insistir que Pell estava consciente de seus atos e não reagiu quando uma das crianças lhe pediu que os deixasse ir.

Após ler a sentença, o juiz, que ressaltou que sua decisão "não foi simples" e assegurou que levou em consideração tanto a gravidade dos crimes como a idade e a saúde de Pell, pediu ao cardeal que assinasse o registro de agressores sexuais, no qual permanecerá "por toda a vida".

A sentença foi divulgada depois que um júri considerou, de forma unânime, Pell culpado em dezembro dos crimes pelos quais era acusado, embora o veredito tenha sido anunciado apenas em 26 de fevereiro, após o arquivamento de um segundo caso contra o hierarca da Igreja Católica por supostos abusos sexuais de menores na década de 1970 na sua cidade natal, Ballarat.

Pell é o membro hierarquicamente mais alto da Igreja Católica a ser condenado por abuso sexual. Em 2016, ele deixou seu cargo de tesoureiro do Vaticano para enfrentar as acusações. Em dezembro, o Vaticano anunciou a remoção de Pell como um dos assessores do papa Francisco, sem comentar o julgamento.

Em fevereiro, a Igreja Católica abriu uma investigação interna sobre Pell, que poderia resultar num julgamento canônico e numa eventual expulsão do sacerdócio. No mesmo mês, a Igreja realizou uma cúpula extraordinária de quatro dias para debater os abusos sexuais cometidos em instituições católicas.

O julgamento do cardeal australiano é o mais recente dos inúmeros casos de abuso sexual que abalaram a Igreja Católica na Austrália nos últimos anos. Autoridades estimam que mais de 4 mil crianças tenham sido vítimas em mais de mil instituições católicas australianas desde os anos 1980.

Além disso, a Igreja Católica tem sido abalada por vários escândalos de abuso sexual em todo mundo, incluindo o Chile, a Alemanha e os Estados Unidos.

PV/efe/dpa/afp

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