Ainda em recuperação após passagem do ciclone Irma, região é atingida novamente por poderosa tempestade, que pode chegar aos EUA. Premiê da Dominica fala em "devastação generalizada".
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Ainda se recuperando da devastação deixada pelo Irma, no início de setembro, o Caribe enfrenta mais um furacão, que atingiu picos de categoria 5, a mais alta na escala Saffir-Simpson. Depois de arrasar o país insular de Dominica, o ciclone Maria segue rumo a Porto Rico e Ilhas Virgens, podendo inclusive atingir Miami.
O furacão Maria deixou "uma devastação generalizada" na Dominica, escreveu o primeiro-ministro do país insular caribenho, Roosevelt Skerrit, em sua conta no Facebook nesta terça-feira (19/09).
O furacão Maria atingiu brevemente a categoria 5, a mais alta na escala de Saffir-Simpson, enquanto passou pela Dominica na noite de segunda-feira, causando deslizamentos de terra e destruindo casas. Segundo a imprensa local, ao menos cinco pessoas morreram na ilha em consequência da passagem do furacão, número ainda não confirmado oficialmente.
"Até agora, perdemos tudo o que o dinheiro pode comprar e substituir", escreveu Skerrit, acrescentando que telhados foram arrancados de casas, incluindo sua própria residência. "Meu maior medo agora é que vamos despertar com notícias de ferimentos físicos sérios e possíveis mortes em resultado de deslizamentos provocados pelas chuvas que persistem."
"Meu teto se foi. Estou à completa mercê do furacão. A casa está inundada", disse Skerrit, que contou ter sido resgatado. "Não sabemos o que está acontecendo lá fora. Não nos atrevemos a olhar para fora. Tudo o que estamos ouvindo é o som da fúria do vento, enquanto oramos por seu fim!"
Apesar de a imprensa local afirmar que o Maria era o pior furacão que passou por Dominica, o primeiro-ministro lembrou que há 38 anos o ciclone David, também de categoria 5, atingiu a ilha, com ventos de mais de 280 quilômetros por hora, e causou a morte de duas mil pessoas.
O premiê ordenou o desalojamento das áreas próximas ao mar que poderiam ser inundadas e não descartou impor o toque de recolher na ilha "em caso de necessidade".
"Nós precisaremos de ajuda, precisaremos de ajuda de todo tipo. É muito cedo para falar da situação dos portos marítimos, mas suspeito que eles devem operar nos próximos dias", afirmou.
O furacão foi rebaixado à categoria 4, enquanto se dirigia ao arquipélago francês de Guadalupe, onde passou a entre 20 e 30 quilômetros de distância da cidade de Basse-Terre e deixou ao menos um morto. Previsões sugeriram que as áreas do sul de Guadalupe seriam atingidas por ventos com rajadas de até 220 quilômetros por hora, com ondas podendo chegar a dez metros de altura, além de possíveis inundações.
Estima-se que o furacão Maria permaneça "extremamente perigoso" enquanto se dirige a Porto Rico e as Ilhas Virgens, com ventos de até 280 quilômetros por hora, de acordo com o último boletim do Centro Nacional de Furações dos EUA.
A previsão é de que ele siga um caminho semelhante ao traçado pelo furacão Irma, que deixou um rastro de destruição no norte do Caribe no início deste mês. Portanto, é possível que o Maria toque terra em Miami o mais tardar na quarta-feira.
O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma declaração de estado de emergência para Porto Rico e Ilhas Virgens dos Estados Unidos antes da passagem do furacão Maria. A ordem autoriza o Departamento de Segurança Nacional dos EUA e a Agência Federal para a Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês) a coordenarem as ajudas de emergência.
Entre formação (30 de agosto) e dissipação (15 de setembro), o furacão Irma assolou diversos países e regiões no Caribe e atingiu a Flórida com ventos de até 215 quilômetros por hora, causando a morte de ao menos 84 pessoas. Na Flórida, 1,5 milhão de casas ficaram sem luz e cerca de 6,3 milhões de pessoas tiveram de deixar suas casas.
Enquanto sobrevoava o Oceano Atlântico, o furacão Irma atingiu sua maior intensidade com vento de aproximadamente 300 quilômetros por hora e manteve uma das mais longas durações de ventos de categoria 5 jamais registradas.
Ao mesmo tempo da passagem do Maria, o furacão Jose avança próximo à costa leste dos Estados Unidos pelo Atlântico, gerando ondas fortes e correntes de retorno. Algumas partes do litoral americano estão sob alerta de tempestade.
PV/lusa/efe/ap/rtr/afp/dpa
Irma deixa rastro de destruição
Mais potente furacão já registrado no Oceano Atlântico deixa ao menos 40 mortos e traz prejuízos ao Caribe e aos Estados Unidos. Somente nas ilhas caribenhas, cerca de 17 mil pessoas estão desabrigadas.
Foto: Reuters/T. Chappell
Barbuda
O primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Borwne, disse que mais de 95% de todos os edifícios da ilha apresentam danos em suas estruturas, e mais de 60% da população ficou desabrigada com a passagem do furacão.
Foto: Getty Images/G. Van
São Bartolomeu
Ao menos 11 pessoas morreram na parte francesa de São Martinho e São Bartolomeu (foto). Os danos causados pelo furacão Irma nesses dois territórios ultramarinos franceses estão estimados em cerca de 1,2 bilhão de euros.
Foto: Getty Images/AFP/V. Autruffe
São Martinho
A maioria da população da ilha ficou sem água, luz e comunicação, e ainda há registros de escassez de alimentos. Algumas cidades registraram o aumento da violência, com saques em casas e hotéis. A destruição massiva deixou a ilha sem hospitais e serviços públicos funcionando.
Foto: Getty Images/AFP/L. Chamoiseau
Porto Rico
Ao menos três pessoas morreram em Porto Rico devido à passagem do furacão Irma. Mais de 150 pessoas perderam suas casas e estão acomodadas em abrigos. Quase 500 mil moradores estão sem eletricidade, e cerca de 154 mil sem água potável. Seis hospitais estão sem energia elétrica. Foto mostra uma casa totalmente destruída na ilha de Culebra, em Porto Rico.
Foto: picture-alliance/AP/dpa/C. Giusti
República Dominicana
O furacão Irma provocou a evacuação de mais de 24 mil pessoas e destruiu mais de 100 casas e causou prejuízos em outras 2.600, como em Nagua (foto), no norte do país. As chuvas e ventos fortes causaram danos a 58 aquedutos, dos quais 27 ficaram fora de serviço, provocando falta de água para 1,2 milhão de pessoas.
Foto: Reuters/R. Rojas
Haiti
O Irma passou pelo país mais pobre das Américas, menos de um ano depois de o furacão Matthew devastar uma parte da nação, em outubro de 2016, causando ao menos 573 mortos. Cinco das dez regiões do Haiti registraram fortes enchentes, sendo que mais de 5 mil casas ficaram inundadas, e milhares de pessoas tiveram que sair de suas moradias e perderam praticamente tudo, incluindo alimentos e móveis.
Foto: Getty Images/AFP/H. Retamal
Cuba
Irma passou pela ilha caribenha como furacão de categoria 5 e deixou dez mortos e um rastro de destruição. O governo começou a avaliar os danos, e os primeiros trabalhos de limpeza já começarem. Em Havana (foto) morreram sete pessoas devido ao colapso de edifícios e choques elétricos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R.Espinosa
Cuba
Na ilha caribenha, a passagem do furacão causou inundações (como a da foto, em Havana), cortes no abastecimento de energia e forçou a evacuação de mais de 1,7 milhão de pessoas, muitas das quais ainda permanecem em abrigos ou casas de familiares aguardando a diminuição do nível das águas.
Foto: Reuters
Flórida
A passagem do Irma pelo estado americano deixou ao menos quatro mortos e cerca de 1,5 milhão de casas da região ficaram sem eletricidade. Quase 6 milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas, sendo esta uma das maiores operações de evacuação na história do país. Foto mostra casa destruída na praia Vilano Beach, na Flórida.
Foto: Reuters/ St Johns County Fire Rescue
Flórida
Miami, Tampa, Nápoles e outras cidades na parte mais ao sul da Flórida se tornaram "cidades fantasmas". Escolas, lojas, escritórios públicos e privados, bancos, casas particulares, portos e aeroportos foram fechados. O Irma destruiu o telhado deste posto de gasolina em Orlando (foto).
Foto: Imago/ZUMA Press/S.M. Dowell
Flórida
Numa marina em Palm Shores, oito barcos (foto) ficaram afundados devido à força do furacão Irma. Os ventos do ciclone chegaram a registrar 215 quilômetros por hora. O condado mais afetado foi o de Monroe, e uma parte da costa do sudoeste, onde 76% das casas tiveram o fornecimento de energia interrompido. No total, mais de 4 milhões de pessoas ficaram sem eletricidade no estado.
Foto: Imago/ZUMA Press/R. Huber
Geórgia
O governo da Geórgia determinou que 540 mil pessoas deixassem a região costeira e fossem para abrigos. Cerca de 870 mil moradores estão sem eletricidade, o que equivale a quase 50% do total de clientes residenciais da empresa Georgia Power. Enquanto se movia para o sul do estado, o Irma se transformou em tempestade tropical. Foto mostra casa antigida por uma árvore na capital do estado, Atlanta.