Com poucos banheiros e um público de mais de um milhão de foliões, nem mesmo as multas de 200 euros têm evitado o problema na cidade que sedia o maior carnaval de rua da Alemanha.
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Não é só no Brasil que o carnaval de rua gera problema. Em Colônia, capital do carnaval na Alemanha, o governo está fazendo esforços para que neste ano os foliões não façam xixi na rua.
Com um público que ultrapassa um milhão de pessoas, o carnaval da cidade terá 700 banheiros químicos à disposição dos foliões. Quase nove vezes mais que os 80 disponíveis no ano passado.
O aumento tem um motivo: para muitos moradores, a diversão do carnaval é associada cada vez mais a brigas, lixo e urina. Para lidar com isso, a administração municipal destinou cerca de 900 mil euros (R$ 3,6 milhões) para que o carnaval de rua corra de forma mais tranquila.
Quatro formas diferentes de festejar o Carnaval pelo mundo
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Mesmo com multas que chegam aos 200 euros (R$ 805) para aqueles que forem flagrados urinando na rua, este é um problema cada vez maior para os moradores da cidade.
Em Colônia, o carnaval oficial é festejado praticamente nos mesmos dias que no Brasil. Só que a abertura oficial, com um dia de festa, já é festejada no dia 11/11, às 11h11. No último ano, a data caiu justamente em um sábado, atraindo um público grande e acentuando as discussões acerca dos excessos da comemoração na cidade.
"Deixar as coisas acontecerem e esperar que tudo ficará bem, para muitas pessoas já não é mais uma opção”, afirma a prefeita Henriette Reker. "Nós não estamos nos queixando do carnaval. Nós nos queixamos daqueles que não entendem o carnaval.”
Na busca de explicações do porquê de a situação em Colônia vir piorando com o tempo, o psicólogo Stephan Grünewald argumenta que esse é um fenômeno comum em festas ao ar livre.
Segundo ele, "ao ar livre, as pessoas são menos civilizadas”. Os piores excessos acontecem, na opinião do psicólogo, em locais que parecem mais abandonados. Nestas situações, "os espaços públicos não teriam um efeito educativo”, afirma, em entrevista à agência de notícias DPA.
Porém, com os 700 banheiros químicos à disposição, segundo a secretária de ordem pública Engert Rummel, quem não for ao banheiro a partir de agora não tem mais nenhuma desculpa - "nenhuma!”, frisou.
Os valores das multas nas cidades alemãs evidenciam que xixi na rua definitivamente não é bem-vindo no país. Em Mainz, outra cidade com forte tradição de carnaval, a multa é de 75 euros (R$ 300), já em Munique, onde acontece a Oktoberfest, o valor fica em 100 euros (R$ 400). No extremo está a cidade de Stuttgart: lá, quem descumprir a regra pode ter que pagar até 5 mil euros (R$ 20 mil). Em comparação, a multa em Berlim de 20 euros (R$ 80) parece até uma pechincha.
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Carnaval, a colorida folia alemã
Descontração e criatividade marcam as festas, as fantasias e os carros alegóricos.
Carnaval na Floresta Negra
A palavra Fastnacht vem de "fasta", para o período da Quaresma, e de "naht" (véspera). Antigamente, o nome era associado apenas à noite anterior ao começo da Quaresma, ou seja, a Terça-Feira de Carnaval. A expressão "Fasching", mais usada no sul do país, vem de "vast-schanc", lembrando a ceia que antecede ao início do período de jejum.
Foto: AP
Cortar gravata e beijar policial
Após a abertura da 'quinta estação do ano', no dia 11 de novembro, o próximo ponto alto do Carnaval é a Quinta-Feira das Mulheres (Weiberfastnacht). Neste dia, elas cortam as gravatas que encontram pelo caminho e podem beijar policiais.
Foto: picture-alliance/ dpa
Triunvirato da folia é empossado em novembro
Em vez de rei e rainha, como no Brasil, ou de príncipe e princesa, como em outras cidades carnavalescas alemãs, a folia em Colônia é comandada por um trio, chamado Trifólio. Ele é formado pelo Príncipe, o símbolo da grande festa, o Camponês, que representa a imortalidade de Colônia e a Virgem, que incorpora a autonomia, a liberdade e a invencibilidade da cidade. A abertura do período carnavalesco acontece tradicionalmente na praça Alter Markt, às 11:11 horas de 11 de novembro.
Foto: FESTKOMITEE DES KÖLNER KARNEVALS VON 1823 e.V.
Festa também das crianças
Fantasias grossas, como estas imitando animais, deixariam qualquer folião de língua de fora no calor do verão brasileiro. Além disso, eles jamais se fantasiariam de Schumacher ou vaquinha Milka.
Foto: AP
Vazão à criatividade
Um cachorro fantasiado de policial, numa moto especial, acompanha o dono, caracterizado de prisioneiro. Coisas assim só se vê na Renânia durante o Carnaval.
Foto: AP
Festa de cores e descontração
Se você estiver em Colônia, Mainz ou Düsseldorf nos dias de Carnaval, não estranhe as pessoas fantasiadas pelas ruas, lojas ou transportes coletivos.
Foto: AP
A tradição dos medalhões
Medalhões – como estes do governador de Brandemburgo, Matthias Platzeck – ou pregadores com motivos carnavalescos são tradicionais nas roupas dos foliões.
Foto: picture alliance/dpa
Acerto de contas com os políticos
Nem a chefe de governo Angela Merkel escapa dos deboches nos carros alegóricos.
Foto: AP
Cadê a escola de samba, a rainha e Momo?
São tradicionais as 'corporações' usando fantasias em alusão a soldados de séculos passados. A Tanzmariechen ou Funkenmariechen, única mulher no grupo, é a baliza.
Foto: picture-alliance/ dpa
Tradição secular
O 'Narrensprung' (Salto dos Foliões), na segunda-feira, é o ponto alto da folia em Rottweil, na Floresta Negra. Diferentemente da festa carnavalesca às margens do Reno, onde predomina a sátira política, no sul da Alemanha o Carnaval serve para espantar os maus espíritos e o frio do inverno.
Foto: dpa
Ponto alto é a Segunda-feira das Rosas
Após os desfiles de escolas e grupos populares, no domingo, na Segunda-Feira das Rosas (Rosenmontag) acontece o desfile principal. Ele é marcado pelas alegorias, muitas carruagens ricamente decoradas e os doces, perfumes ou minibouquês de flores jogados ao público.
Foto: picture-alliance/ dpa
Seriedade, dá licença!
Quem visita as cidades às margens do Reno na 'quinta estação do ano' perde todos os argumentos para acreditar que alemães são sisudos e mal-humorados.
Foto: AP
Figuras de papel machê em Mainz
Outro centro da folia é Mainz, às margens do Reno. As figuras de papel machê tradicionalmente abrem o desfile da Segunda-feira das Rosas.
Foto: dpa
Meu nome é alegria!
Embora aconteça no inverno, geralmente sob chuva ou neve, a folia nos tradicionais centros carnavalescos é marcada por muita descontração e irreverência. Apesar de serem os pontos altos da festa, a Quinta-Feira das Mulheres e a Segunda-Feira das Rosas não são feriados oficiais. Por isso, muitas pessoas que não podem folgar vão ao trabalho fantasiadas, nem que seja uma pintura no rosto, um chapeuzinho ou alguma roupa colorida.