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Carne alemã pode ter gerado caso de covid-19 na China

10 de novembro de 2020

Autoridades chinesas testam 77 mil pessoas após um registro de transmissão local em Tianjin. Funcionário do porto teria sido infectado após manusear embalagem de carne congelada alemã. Berlim levanta dúvidas sobre caso.

Pessoas de máscara compram carne em mercado em Xangai, na China
Vestígios do vírus foram encontrados durante uma inspeção aleatória de embalagens oriundas da AlemanhaFoto: AFP/N. Celis

Mais de 77.000 pessoas foram testadas para o coronavírus na cidade chinesa de Tianjin, no norte do país, depois de um caso de transmissão local ter sido registrado no município no último domingo (08/11). A infecção foi ligada a um armazém frigorífico e reforça as suspeitas de que o vírus pode estar se alastrando por meio de embalagens de alimentos congelados importados.

Segundo a imprensa local, o paciente é um funcionário do porto da cidade e teria sido infectado após manusear uma embalagem de carne de porco congelada importada da Alemanha.

O vírus teria vindo em um carregamento de joelhos de porco congelados oriundos do porto alemão de Bremerhaven. Uma amostra da embalagem do produto coletada em Dezhou, na província de Shandong, que também foi importada através de Tianjin, também tinha traços do coronavírus, segundo as autoridades locais.

Os vestígios do vírus foram encontrados durante uma inspeção aleatória de embalagens oriundas da Alemanha e que desembarcaram no porto de Tianjin em 19 de outubro passado, o que pressupõe que o vírus sobreviveu na embalagem por pelo menos 19 dias.

Um porta-voz da ministra alemã da Agricultura, Julia Klöckner, levantou dúvidas sobre o caso. "Até onde sabemos, um joelho de porco alemão é um motivo improvável para um caso de coronavírus na China", afirmou. Ele mostrou dados do Instituto Federal para Avaliação de Riscos que indicam não haver provas de contaminações através do consumo de carne ou do contato com embalagens.

Já nesta terça-feira, autoridades da cidade de Xangai, capital financeira da China, disseram ter registrado um novo caso de infecção, dessa vez em um homem de 51 anos que trabalha no aeroporto de Pudong, o principal da cidade. Ainda não se sabe como ele contraiu o vírus.

Até o momento, 186 pessoas foram colocadas em quarentena na cidade, e mais de 8.000 foram testadas em ligação com o caso. O aeroporto opera normalmente. Até então, a última transmissão do vírus registrada em Xangai havia sido em 29 de junho.

Em 24 de setembro, dois estivadores no porto oriental de Qingdao contraíram também o vírus ao entrar em contacto com embalagens que continham vestígios de covid-19. A infecção resultou, semanas depois, num surto na cidade, segundo as autoridades chinesas. 

Nos últimos meses, vários produtos congelados oriundos de países como o Equador ou o Brasil colocaram em alerta as autoridades chinesas. 

Em agosto passado, a província central de Shanxi anunciou a proibição da compra, venda e uso de camarão branco do Equador, após detectar vários casos do coronavírus em embalagens.

A cidade de Shenzhen, no sudeste, detectou vestígios do vírus em pacotes de asas de frango congeladas do Brasil e, um mês antes, também em frutos do mar do Equador. 

A China mantém a pandemia sob controle dentro de suas fronteiras após a doença ter sido registrada pela primeira vez no mundo na cidade de Wuhan e se espalhado pelos demais continentes. Ainda assim, surgiram casos esporádicos em cidades como Qingdao e Xinjiang.

Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelas autoridades nacionais de saúde, a China continental soma 86.267 casos de covid-19, e o total de mortes permanece sendo de 4.643.

RC/dpa/rtr

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