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Carolin Emcke ganha Prêmio da Paz em Frankfurt

23 de outubro de 2016

Escritora e jornalista alemã defende a luta pelos direitos humanos que, segundo ela, não são "um jogo de soma zero". Discurso na tradicional cerimônia de premiação marca o encerramento da Feira do Livro de Frankfurt.

Friedenspreis an Carolin Emcke Dankesrede
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert

A escritora e jornalista Carolin Emcke recebeu neste domingo (23/10), na Feira do Livro de Frankfurt, o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão com um discurso abertamente voltado para a defesa dos direitos humanos, abordando temas como a homossexualidade e o debate sobre o véu islâmico.

Diante de um público de quase mil pessoas, incluindo o presidente alemão, Joachim Gauck, Emcke ressaltou a importância de se lutar por uma sociedade mais livre e democrática, principalmente porque, segundo ela, a Europa vive atualmente num clima preocupante de fanatismo e violência.

Alemã, nascida em 1967 na cidade de Mülheim, Emcke afirmou que há uma tentativa, por parte de "pseudorreligiosos e dogmáticos nacionalistas, de difundir uma doutrina de um povo homogêneo, de uma única religião verdadeira, de um único tipo natural de família e de uma nação autêntica".

"Os fanáticos querem nos intimidar, com seu ódio e violência, para que percamos nossa orientação. E não falo apenas de muçulmanos, refugiados ou mulheres. Eles querem intimidar todos aqueles que estão comprometidos em nome da liberdade do indivíduo", afirmou. "É por isso que a resposta à violência não deve ficar apenas nas mãos de políticos", mas de todo mundo, acrescentou a escritora.

É árdua a luta pela liberdade e a democracia, admitiu Emcke, e sempre haverá divergências entre as pessoas sobre a maneira certa de se fazer isso. "Mas por que deveria ser fácil?", questionou ela, afirmando que todos – "jovens e idosos, desempregados ou que tiveram menos acesso à educação, drag queens e pastores, empresários e funcionários públicos" – podem contribuir para esta causa.

No discurso, a jornalista também falou sobre suas convicções religiosas e sua homossexualidade. Para ela, é "estranho" que algo tão pessoal como o amor "seja tão importante para os outros, a ponto de eles se acharem no direito de invadir nossas vidas e nos dar lições sobre nossos direitos e valores".

O recente debate sobre o hijab – o véu islâmico para mulheres – aconteceu de forma semelhante, afirmou Emcke, destacando que aqueles que são contra o islamismo debatem sobre a peça de roupa como se ela fosse mais importante do que as pessoas reais que escolheram usá-la.

Por fim, a escritora premiada declarou que os direitos humanos não são "um jogo de soma zero", de vencedores e vencidos. "Ninguém perde seus direitos se todos os outros têm os deles", concluiu.

Carolin Emcke, formada em filosofia, é autora de diversos livros e ensaios em alemão, sobre temas como racismo, direitos humanos e guerra. Já cobriu conflitos no Afeganistão, Paquistão, Iraque e Faixa de Gaza e escreveu para veículos como Der Spiegel, Die Zeit e Süddeutsche Zeitung.

O Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão é entregue desde 1950 e é uma das mais importantes distinções literárias do país. Entre as personalidades distinguidas estão Albert Schweitzer (1951), Hermann Hesse (1955), Astrid Lindgren (1978), Siegfried Lenz (1988), Mario Vargas Llosa (1996), Martin Walser (1998), Jürgen Habermas (2001), Orhan Pamuk (2005) e David Grossman (2010).

EK/dw/dpa/efe

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