Carta antissemita de Richard Wagner vai a leilão em Israel
22 de abril de 2018
Endereçado a filósofo francês, documento tenta sedimentar a ideologia do panfleto "O Judaísmo na música". Dono de casa de leilões em Jerusalém se diz certo que o compositor estaria "rolando na sepultura" com a ironia.
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Uma carta do punho do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), em que ele esbraveja contra a cultura judaica, irá a leilão em Israel, nesta terça-feira (24/04).
O documento manuscrito é endereçado ao autor, filósofo e musicólogo francês Édouard Schuré. Nelo, Wagner detalha seus pontos de vista antissemitas sobre os judeus franceses e alemães, e tenta explicar as considerações por trás de seu notório panfleto O Judaísmo na música.
Publicado anonimamente em 1850, esse agressivo ataque aos judeus em geral, e aos compositores Felix Mendelssohn e Giacomo Meyerbeer em particular, inspiraria grande parte da futura literatura antissemita, até a era nazista.
A carta de Wagner está cotada em 8 mil a 12 mil dólares em catálogo. Dela consta que a assimilação dos judeus à sociedade francesa estaria impedindo a França de distinguir a "influência corrosiva do espírito judeu na cultura moderna".
Mais adiante, o músico discute a diferença entre os judeus alemães e os "verdadeiros" alemães, afirmando que a imprensa do país estava inteiramente em mãos semitas.
"Wagner rolaria no sepultura"
O dono da casa de leilões israelense Kedem, Meron Eren, revelou à agência de notícias AFP ser essa a primeira vez que negocia com itens ligados ao criador de O anel do Nibelungo. "Wagner ia rolar na sepultura" se soubesse que um judeu barbado lucraria com a carta dele em Jerusalém, comentou.
Para a professora de musicologia Ruth HaCohen, da Universidade Hebraica, a carta mostra o quanto Richard Wagner desejava que seus pontos de vista antissemíticos fossem aceitos pelo público. O fato de estar sendo justamente em Jerusalém, HaCohen considera "uma ironia".
O advogado Jonathan Livny, presidente da Sociedade Wagner de Israel, ressaltou que, embora aceitem produtos como os automóveis da Volkswagen e Mercedes, muitos israelenses continuam boicotando o compositor.
"Wagner se transformou num símbolo do Holocausto", afirmou. As obras do compositor favorito de Adolf Hitler são raramente executadas em Israel, devido ao clamor público e transtornos que provocam.
AV/afp,dw
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Dez impressionantes casas de concerto na Europa
Modernos espaços dedicados à música estão espalhados por todo o continente europeu, de Portugal a Alemanha e Noruega. Além da música, arquitetura ousada encanta visitantes.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Gateau
Kilden Performing Arts Centre, Noruega
Na orla de Kristiansand, a fachada de vidro de 100 metros de extensão é coberta por uma parede ondulada de carvalho, dourado e reluzente, semelhante a uma cortina de teatro. Desde 2012, o centro de artes, com seus 165 mil metros quadrados, abriga o Teatro Agder, a ópera Sør e a orquestra sinfônica. O edifício foi projetado por arquitetos noruegueses e finlandeses.
Foto: picture alliance/Arcaid/S. Ellingsen
Philharmonie de Paris, França
O célebre maestro Pierre Boulez e o premiado arquiteto Jean Nouvel tiveram a ideia para esta sala de concertos inaugurada em 2015. A fachada de alumínio é composta por 340 mil motivos de pássaros, que, quando vistos de longe, brilham como escamas de peixe. Os visitantes da filarmônica podem acessar o telhado de 37 metros de altura do edifício, de onde se tem uma bela vista de Paris.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Muncke
Sage Gateshead, Inglaterra
Sete pontes atravessam o rio Tyne, ligando Gateshead a Newcastle. A Ponte do Milênio se estende exatamente sobre a sala de concertos Sage Gateshead, que leva o nome de seu patrocinador. Todo o edifício é iluminado. Desenhado por Sir Norman Foster, o prédio foi inaugurado em 2004. O centro de música está aberto 16 horas por dia, 364 dias por ano.
Esta sala de concertos no Porto, com 1,3 mil lugares e que se assemelha a uma caixa gigante, foi projetada pelos arquitetos Rem Koolhaas e Ellen Van Loon, da empresa OMA. Concreto branco e vidro dominam o exterior. O interior é marcado por detalhes coloridos, formas suaves e os típicos azulejos portugueses. O teto de vidro pode ser aberto, e dele é possível ver os telhados do Porto e o Atlântico.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Karmann
Palau de les Arts Reina Sofia, Espanha
Em sua cidade natal, Valência, o arquiteto Santiago Calatrava criou uma cidade inteira de artes e ciências: a Cidade das Artes e das Ciências. Aqui, a Ópera fica ao lado do Aquário Oceanográfico, do planetário e do museu da ciência. O design arrojado é dominado pelas duas conchas de aço que formam o telhado. É um edifício ou uma escultura?
Foto: picture-alliance/Arco Images GmbH/J. Moreno
Den Norske Opera og Ballett Oslo, Noruega
O telhado transitável é composto por 36 mil blocos de mármore de Carrara. O salão é suportado por delicadas paredes de vidro. Carvalho com acabamento a óleo – bom para a acústica – define o interior. Construtores de barcos noruegueses experientes deram a forma final à plateia. Quando os artistas no palco fazem uma pausa, os visitantes podem apreciar a deslumbrante paisagem do fiorde.
Quando abriu as portas, a arquitetura incomum do salão – a orquestra fica em um pódio no centro da sala – causou polêmica. Mas a visão do arquiteto Hans Scharoun de um teatro ideal se tornou um modelo para as salas de concerto modernas em todo o mundo. Em 1963, Herbert von Karajan conduziu o concerto de abertura. A Philharmonie é a casa da Orquestra Filarmônica de Berlim.
Foto: picture alliance/Arco Images/Schoening Berlin
Aalto-Theater, Alemanha
Para construir o espaço em Essen, o arquiteto finlandês Alvar Aalto disse ter se inspirado no antigo teatro grego em Delfos. Isso resultou na disposição semicircular dos assentos em frente ao palco e no layout assimétrico do auditório. Apesar de ter projetado a casa de ópera no final dos anos 1950, a construção só começou em 1983. O edifício é considerado um ícone do design moderno clássico.
Foto: Bernadette Grimmenstein
Harpa Concert Hall, Islândia
Entusiasta da luz, Olafur Eliasson projetou o edifício em Reykjavík com uma fachada em forma de favos de mel, feita com de blocos de vidro parcialmente coloridos. De dia, eles dissipam a luz e, à noite, refletem-na de forma colorida, quando o prédio se ilumina ao mudar de cor como se fosse um caleidoscópio. Harpa é o termo local para harpa, assim como o nome do primeiro mês do verão na Islândia.
A Filarmônica do Elba, em Hamburgo, combina um armazém histórico com uma construção de vidro que parece flutuar no ar. Foi projetada pelos arquitetos Herzog & de Meuron. O telhado em forma de onda é uma referência tanto à água que circunda o prédio quanto às ondas sonoras emitidas pela música.