Carta de passageiro do Titanic leiloada por 530 mil reais
22 de outubro de 2017
Segundo casa de leilões especializada em memorabilia do famoso navio, esta foi "a carta mais importante do Titanic que já vendeu". Além do manuscrito, também foram leiloados um molho de chaves e duas fotografias.
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Uma carta de três páginas, escrita por um dos passageiros do Titanic um dia antes de o famoso navio ter afundado, foi arrematada por 126 mil libras esterlinas (cerca de 530 mil reais) num leilão na Inglaterra.
O manuscrito, com o timbre do navio, foi escrito pelo passageiro da primeira classe Alexander Oskar Holverson no dia 13 de abril de 1912, um dia antes de o navio ser atingido por um iceberg e ter afundado no Atlântico Norte, causando a morte de mais de 1.500 pessoas. Holverson pretendia enviar a carta para a sua mãe, que morava em Nova York.
A casa de leilões Henry Aldridge & Son, especializada em memorabilia do Titanic, afirmou que essa foi "a carta mais importante do Titanic que já vendeu" devido ao seu conteúdo, contexto histórico e raridade.
Na carta, dirigida à "minha querida mãe" e manchada com marcas de água salgada, o empresário americano Holverson, cuja esposa Mary sobreviveu ao naufrágio, descreveu o Titanic como sendo de "um tamanho gigantesco e equipado como um hotel palaciano", e acrescentou: "A comida e a bebida são excelentes".
"Se tudo correr bem, chegaremos a Nova York, quarta-feira, mãe", acrescentou. Além disso, Holverson afirmava na carta que havia acabado de conhecer "aquele que é atualmente a pessoa mais rica do mundo", John Jacob Astor. "Ele se parece como qualquer outra pessoa", escreveu. Astor era hoteleiro, autor e inventor e também perdeu a vida no naufrágio.
A carta, uma das últimas conhecidas a ter sido escrita a bordo pelas vítimas do desastre, foi encontrada no caderno de bolso de Holverson quando o seu corpo foi resgatado do mar e enviado à família.
Após o leilão na cidade de Devizes, o leiloeiro Andrew Aldridge falou que a suma recorde para a carta do Titanic foi paga por um colecionador britânico. Além do manuscirto, foi vendido um molho de chaves enferrujado de um camareiro do navio, que sobreviveu ao naufrágio no Atlântico Norte, por 76 mil libras (320 mil reais) e duas fotografias provenientes do navio, por 24 mil libras (101 mil reais).
CA/dpa/lusa
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A história dos cruzeiros
Até o século 19, só a necessidade extrema faria alguém querer atravessar o oceano. Em 1891, o advento da navegação a vapor e o proprietário de navios alemão Albert Ballin mudaram esse quadro com os cruzeiros de férias.
Foto: Hapag-Lloyd AG
Novo capítulo da navegação
O 22 de janeiro de 1891 foi um dia desagradável na cidade de Cuxhaven, na Baixa Saxônia. O vento era forte, o mar se encrespara. A bordo do Augusta Victoria, parte dos 174 passageiros lutava para manter os estômagos calmos, com ostras intactas na sala de jantar. Mas os dois meses seguintes mudaram tudo: a "Orient Expedition", a primeira viagem de um navio-cruzeiro, foi um sucesso espetacular.
Foto: Hapag-Lloyd AG
Ideia surgida da necessidade
A ideia de Albert Ballin, de enviar o Augusta Victoria num cruzeiro de lazer em climas mais quentes, era simplesmente genial. De outra forma, o maior navio de passageiros então existente, com 144 metros, teria passado todo o inverno ancorado. Durante a estação fria, a demanda pela passagem transatlântica usual se reduzia bastante, pois o Atlântico Norte era perigoso demais para se navegar.
Foto: Hapag-Lloyd AG
Nascem os cruzeiros de férias
Com esse cruzeiro mediterrâneo de férias em 1891, Ballin, então diretor da companhia de navegação Hapag, encontrou uma excelente oportunidade de negócios. Havia clientes interessados em destinos ensolarados, como Constantinopla ou Nápoles. E, em vez de migrantes desesperados, os passageiros eram industriais ricos. Essa sacada de mercado colocou a Hapag na dianteira da concorrência.
Foto: Hapag-Lloyd AG
Sem luxo nem diversão
Até meados do século 19, as viagens oceânicas eram tudo, menos diversão. No convés inferior, onde passageiros da terceira classe tomavam o lugar da carga vinda da América, as condições eram cruéis. Epidemias se alastravam e a comida era escassa. O pior de tudo: o tempo que uma embarcação levaria para atravessar o Atlântico era desconhecido e variável.
Foto: picture-alliance/dpa/UPI
Jornada com fim incerto
Milhões de pessoas deixaram a Alemanha depois de 1850, fugindo do desemprego e da fome. Mesmo contando com a benevolência dos mares, o trajeto até a América levava cerca de seis semanas. Se as condições meteorológicas fossem ruins, muitos sucumbiam à inanição a bordo ou afundavam nos navios de carga, de difícil manobra. Na época, a chance de completar a viagem não passava de 50%.
Foto: picture-alliance/dpa/KNA
Vapores promissores
A situação melhorou a partir de 1889, quando entrou em serviço o Teutonic, o primeiro transoceânico a vapor sem velas. Ele pertencia à britânica White Star Line, que competia com outras companhias marítimas pelo controle do mercado atlântico. Sua meta era sempre continuar se aprimorando em velocidade e conforto – pelo menos para a primeira classe. Na foto, o salão das senhoras do Augusta Victoria.
Foto: Hapag-Lloyd AG
Titanic, um golpe fatídico
Ao começar a navegar, em 1912, o Titanic era o maior navio em funcionamento do mundo. Seus operadores pretendiam estabelecer novos padrões de luxo em termos de recursos e serviços. No entanto, em sua viagem inaugural entre Southampton e Nova York, ele colidiu com um iceberg, indo a pique. Num dos desastres marítimos mais fatídicos da história moderna, 1.514 dos 2.200 passageiros morreram.
Foto: picture-alliance/dpa/DB Ulster F & T Museum
Cruzeiros de massa
Apesar do golpe representado pelo Titanic, de lá para cá o número dos navios-cruzeiros e de passageiros só tem aumentado. Em 2015, cerca de 22 milhões de pessoas viajaram em cruzeiros, cujos preços foram baixando à medida que se transformaram em negócio de massa. Hoje, uma viagem transatlântica a partir da Alemanha gira em torno de 1.500 euros – 30% menos do que cinco anos atrás.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Weißbrod
Palácios flutuantes
Em vez da biblioteca a bordo, hoje se aposta em simuladores de surfe, cinemas Imax e tobogãs de dez andares. Ervas são cultivadas em estufas nos próprios navios, e robôs preparam coquetéis no bar. Em 2016, 11 novos cruzeiros da classe superluxo serão lançados em diversas partes do mundo. Eles ostentam suítes de até 360 metros quadrados – por bem mais de 1.500 euros por pessoa, é claro.