Carta de suicídio de Baudelaire é vendida por R$ 1 milhão
4 de novembro de 2018
Documento de 1845 é arrematado em leilão na França por um valor três vezes maior que o estimado. Em texto dirigido a amante, poeta francês anunciava intenção de se matar, mas acabou sobrevivendo à tentativa de suicídio.
Anúncio
Uma carta escrita pelo poeta francês Charles Baudelaire anunciando que iria se matar foi leiloada neste domingo (04/11) na França por 234 mil euros (equivalente a cerca de 986 mil reais), um valor três vezes maior que o lance inicial, informou a casa de leilões Osenat.
O documento, escrito à mão e datado de 30 de junho de 1845, foi endereçado à amante do poeta, Jeanne Duval. Baudelaire, com então 24 anos, tentou cometer suicídio com um golpe de faca, mas sobreviveu aos ferimentos. Ele só morreria 22 anos depois, de sífilis, aos 46 anos.
"Quando você receber esta carta, estarei morto", escreve o francês, antes de relatar os motivos que o levaram a tentar tirar a própria vida. "Me mato porque não posso mais viver, ou suportar o fardo de dormir e ter de acordar novamente."
Baudelaire também declara na carta seu amor a Duval, uma atriz e dançarina nascida no Haiti que seria musa inspiradora de vários poemas publicados em seu livro As flores do mal.
Problemas familiares, críticas literárias, falta de dinheiro e problemas com álcool foram apontados como motivos que teriam levado Baudelaire a tentar se matar ainda na juventude.
O poeta estava atormentado pelas críticas publicadas pela imprensa às suas obras, conforme demonstram alguns recortes de jornal sobre os quais o francês escreveu comentários, que também foram leiloados neste domingo.
A casa de leilões em Fontainebleau, ao sul de Paris, colocou à venda uma série de documentos, entre eles outros manuscritos de Baudelaire, cartas que o poeta recebeu de Eugène Delacroix, Victor Hugo e Édouard Manet e um poema que ele enviou a seu editor Auguste Poulet-Malassis.
A carta de suicídio, ponto alto do leilão, foi arrematada por um colecionador que não teve seu nome divulgado. O item havia sido estimado entre 60 mil e 80 mil euros antes da venda – o mais caro entre os itens leiloados neste domingo.
De "Fausto" à "História sem fim", de Thomas Mann a Günter Grass, a literatura alemã inclui obras para todos os gostos. Selecionamos dez.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
"Fausto"
Dividido em duas partes, o poema trágico de Johann Wolfgang von Goethe, de 1808, "Faust – eine Tragödie" é considerado uma das obras-primas da literatura alemã. Insatisfeito com a própria vida e sedento de conhecimento, o cientista Heinrich Fausto acaba fazendo um pacto com o diabo, Mefisto, prometendo-lhe sua alma. Na foto, a tragédia é interpretada pelos atores Bruno Ganz e Robert Hunger-Bühler.
Foto: picture-alliance/dpa/Expo_2000
"A Montanha Mágica"
Uma das obras mais conhecidas de Thomas Mann, "Der Zauberberg", de 1924, é considerado um retrato da sociedade europeia antes da Primeira Guerra Mundial. O romance aborda a estadia do jovem Hans Castorp, oriundo de uma tradicional família de Hamburgo, num sanatório, nos Alpes suíços, de 1907 a 1914. O romance foi transformado em filme pelo diretor Hans W. Geissendörfer, em 1982 (foto).
Foto: imago/United Archives
"O tambor"
"Die Blechtrommel", de 1959, trouxe reconhecimento internacional ao futuro Nobel Günter Grass e projeção à literatura alemã do pós-guerra. O romance pertence à chamada "Trilogia de Danzig", que lida com a culpa da Alemanha pelo nazismo e a memória do Terceiro Reich. A versão para o cinema da obra, dirigida por Volker Schlöndorff, foi a primeira produção alemã do pós-Guerra a conquistar um Oscar.
Foto: ullstein - Tele-Winkler
"O perfume"
O bestseller de Patrick Süskind, "Das Parfum – Die Geschichte eines Mörders" foi publicado em 1985 e, em 2006, ganhou versão cinematográfica (foto). A história se passa na França no século 18 e tem como protagonista Jean-Baptiste Grenouille, cujo próprio corpo não tem cheiro, mas que é dotado de um olfato fora do comum. Obcecado em criar o perfume perfeito, ele se transforma num assassino.
Foto: picture-alliance/dpa
"O lobo da estepe"
O clássico "Der Steppenwolf" foi publicado por Hermann Hesse (foto) em 1927. Em plenos anos 1920, em Zurique, o protagonista Harry Haller vive uma crise existencial em meio à devastação do pós-guerra e descreve a si mesmo como "o lobo da estepe". Ao conhecer Hermínia, ele começa a ver o mundo de outra maneira. O livro foi o primeiro de Hesse a ser traduzido para o português, em 1935.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
"Os bandoleiros"
O drama de Friedrich Schiller "Die Räuber", de 1781, tem como tema as tramas criminosas da nobreza, mais especificamente a rivalidade entre os irmãos Karl e Franz von Moor. Os dois brigam pelo reconhecimento do pai, concorrem pela mesma mulher e lutam por poder e influência. O clássico acaba de ser adaptado para o cinema no ano passado (foto), codirigido por Pol Cruchten e Frank Hoffman.
Foto: Coin Film Francois Fabert
"A honra perdida de Katharina Blum"
"Die verlorene Ehre von Katharina Blum" foi publicado pelo Nobel de Literatura Heinrich Böll em 1974. O autor tematiza a imprensa sensacionalista e suas possíveis consequências por meio da história da dona de casa Katharina Blum e do assassinato do jornalista Werner Tötges. O romance foi adaptado para o cinema em 1975 (foto), sob a direção de Volker Schlöndorff e Margarethe von Trotta.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
"O Leitor"
"Der Vorleser", publicado por Bernhard Schlink em 1995, gira em torno do amor de Michael Berg, de 15 anos, por Hanna, 21 anos mais velha. Numa espécie de ritual romântico, ela sempre lhe pede que leia para ela. Até que Hanna desaparece. Anos depois, Michael a reconhece entre os acusados num processo para julgar crimes do nazismo. O romance transformou-se em filme em 2008 (foto).
Foto: Studio Babelsberg AG
"A história sem fim"
"Die unendliche Geschichte", publicado por Michael Ende em 1979, não pode faltar nas estantes das crianças na Alemanha. Todas conhecem as aventuras do jovem Bastian no país Fantasia, que ganharam projeção internacional desde que "A história sem fim" chegou aos cinemas, em 1984 (foto). O romance fascina não somente o público infantil, mas também adulto.
Foto: picture-alliance/dpa
"Contos de Grimm"
A coletânea dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm "Kinder- und Hausmärchen" foi publicada entre 1812 e 1858, e é considerada a obra alemã mais disseminada no mundo, depois da Bíblia de Lutero. Incluindo clássicos como "Rapunzel", "Chapeuzinho Vermelho" (foto) e "Branca de Neve", os contos já foram traduzidos para mais de 160 idiomas e inspiraram filmes, peças de teatro, desenhos animados e quadrinhos.