Cartunista acusou renomado diário americano de vetar caricatura que abordava as relações do dono do jornal e bilionário da Amazon, Jeff Bezos, com o presidente eleito dos Estados Unidos. Jornal nega.
Anúncio
Dona de um Pulitzer, a maior honraria jornalística que existe, a ilustradora americana Ann Telnaes, 64, anunciou sua demissão do The Washington Post após acusar o jornal de censurar um cartum que tematizava as relações entre poderosos da mídia e da tecnologia com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
O informe, postado por Telnaes neste sábado (04/01) em seu blog na plataforma Substack, inclui um rascunho do cartum. A ilustradora alega que o editor a impediu de fazer o "trabalho crítico" de responsabilizar "pessoas e instituições poderosas".
O desenho publicado por Telnaes mostra os magnatas Mark Zuckerberg, dono do Facebook, Sam Altman, CEO da OpenAI, e o fundador da Amazon e dono do Washington Post, Jeff Bezos, oferecendo sacolas de dinheiro aos pés de uma figura imensa representando Donald Trump.
Segundo Telnaes, o desenho "critica os executivos bilionários da tecnologia e da mídia que têm dado seu melhor para conquistar o favor do presidente eleito Trump". A artista lamentou o que chamou de "homens com contratos públicos lucrativos e um interesse em eliminar regulações abrindo caminho até Mar-a-Lago", a residência de Trump.
A artista disse aceitar que editores rejeitem desenhos ou sugiram mudanças por diversas razões, mas que até então nunca havia tido "um cartum rejeitado por causa do que ou de quem eu escolho como alvo da minha caneta".
Ela argumentou que a decisão era um divisor de águas "perigoso para uma imprensa livre".
Anúncio
Editor rebate acusação
O editor da seção de comentários do Washington Post, David Shipley, refutou a versão de Telnaes. "Nem toda decisão editorial é expressão de um poder malicioso", disse em comunicado, segundo a agência de notícias alemã dpa.
Shipley afirmou que rejeitou a charge porque outros colunistas já haviam abordado o mesmo tema e queria evitar repetição.
Bezos nega que jornal sirva a interesses pessoais
Bezos é dono do Washington Post desde 2013. Recentemente, o bilionário insistiu que o jornal não serve a seus interesses pessoais, após o diário ser criticado por leitores e funcionários em novembro por romper com a tradição de declarar apoio a um candidato nas eleições presidenciais dos EUA.
A decisão editorial teria custado mais de 200 mil assinantes online ao jornal e levou à renúncia de três membros do conselho editorial.
Embora o CEO e editor Will Lewis tenha afirmado que a decisão de não apoiar nenhum candidato foi exclusivamente dele, jornalistas do Post relataram que o apelo partiu de Bezos – algo que o jornal negou.
O mês de janeiro em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: MATTHEW HINTON/AFP
Milhares protestam contra convenção da ultradireita na Alemanha
Mais de 10 mil pessoas participam de uma manifestação em uma pequena cidade do leste alemão contra a convenção nacional do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD). A convenção é parte da campanha do partido para as eleições federais de 23 de fevereiro, convocada após o colapso do governo de coalizão do chanceler federal, Olaf Scholz. (11/01)
Foto: EHL Media/IMAGO
Trump é sentenciado e será 1º presidente condenado dos EUA
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, foi sentenciado por sua condenação criminal decorrente do pagamento em dinheiro para silenciar uma atriz pornô. A penalidade, porém, não inclui multa, prisão ou liberdade condicional. O juiz aplicou ao republicano uma sentença de "dispensa incondicional", que reconhece a culpa do réu, mas não impõe uma pena específica. (10/01)
Foto: Brendan McDermid-Pool/Getty Images
"Sinceramente, estou morrendo", diz ex-presidente do Uruguai José Mujica
Mujica, de 89 anos, revelou que o câncer em seu esôfago se espalhou para o fígado e que a progressão da doença não pode mais ser interrompida. "Não posso fazer nem um tratamento bioquímico nem uma cirurgia porque meu corpo não aguenta", disse. "O que eu peço é que me deixem em paz. O guerreiro tem direito ao descanso." (09/01)
Foto: Santiago Mazzarovich/AFP
Incêndios deixam rastro de destruição na Califórnia
Incêndios florestais de enormes proporções atingiram a Califórnia e deixaram ao menos cinco mortos e dezenas de feridos. No condado de Los Angeles, cerca de 180 mil pessoas tiveram que deixar suas casas por ordem das autoridades, com as chamas consumindo uma área de 117 quilômetros quadrados. (08/01)
Foto: Ringo Chiu/REUTERS
Morre o extremista francês Jean-Marie Le Pen
Líder histórico da extrema direita francesa e pai da ultradireitista Marine Le Pen morreu aos 96 anos. Ele foi um dos fundadores do partido Frente Nacional, renomeado em 2018 para Reunião Nacional. Figura polarizadora na política francesa, Le Pen era conhecido por sua retórica inflamada contra a imigração e o multiculturalismo. (07/01)
Congresso dos EUA certifica vitória eleitoral de Trump
O Congresso dos EUA certificou Donald Trump como vencedor da eleição de 2024. A cerimônia aconteceu sem interrupções – em contraste à violência de 6 de janeiro de 2021, quando, com pelo menos aquiescência de Trump, uma multidão invadiu o Capitólio para impedir certificação de Joe Biden. Os legisladores se reuniram sob forte segurança para cumprir a data exigida pela lei eleitoral. (06/01)
Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
Neve traz caos à Europa e aos Estados Unidos
Após um fim de ano com temperaturas relativamente amenas, nevou no Reino Unido e em outras partes da Europa. Pistas congeladas geraram transtorno nas estradas e levaram ao cancelamento de voos e fechamento de aeroportos, inclusive na Alemanha. Nos Estados Unidos, algumas áreas devem ter a pior nevasca da década. (05/01)
Foto: Danny Lawson/PA Wire/dpa/picture alliance
Trens de longa distância operados pela alemã Deutsche Bahn batem recorde de atraso
Em 2024, 37,5% dos trens de longa distância registraram atraso superior a seis minutos – a maior taxa em 21 anos. Empresa atribuiu piora no desempenho à "infraestrutura ultrapassada e sobrecarregada", obras na rede ferroviária, aumento do tráfego, falta de mão de obra e eventos climáticos extremos, mas disse trabalhar em um plano de ação para melhorar sua pontualidade. (04/01)
Foto: Sebastian Gollnow/dpa/picture alliance
Milhares de alemães assinam petição contra uso de fogos de artifício
Mais de 270 mil alemães assinaram uma petição online pedindo a proibição de fogos de artifício particulares em todo o país, após um Ano Novo marcado por cinco mortes e dezenas de feridos pelo uso incorreto dos fogos. Em várias cidades, equipes de emergência foram atingidas pelos explosivos. Em Berlim, um policial ficou gravemente ferido e precisou ser operado. (03/01)
Foto: Christian Mang/REUTERS
Multidão protesta contra prisão de presidente afastado da Coreia do Sul
Uma centena de pessoas se reuniram em Seul para protestar contra o mandado de prisão imposto ao presidente deposto da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, acusado de insurreição. Apoiadores se posicionaram em frente à residência de Yoon, que se propôs a "lutar até o fim". Agentes já se posicionam no local para cumprir a ordem judicial. (02/01)
Foto: Philip Fong/AFP
Homem atropela multidão em Nova Orleans e deixa 10 mortos
Ataque ocorreu na Bourbon Street, uma rua turística com bares e clubes noturnos. Condutor do veículo morreu em confronto com policiais e FBI investiga "ato de terrorismo". Suspeito, um cidadão americano do Texas, carregava bandeira do Estado Islâmico. (01/01)