Casa Branca barra entrada de vários jornalistas em coletiva
24 de fevereiro de 2017
Repórteres de veículos como o jornal "New York Times" e a emissora CNN são impedidos de assistir ao pronunciamento diário do porta-voz do governo, Sean Spicer. Mais cedo, Trump lançou duras críticas à imprensa americana.
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Jornalistas de diversos veículos da imprensa americana foram impedidos nesta sexta-feira (24/02) de participar da entrevista coletiva realizada diariamente pelo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer – um episódio que promete alimentar o embate do presidente Donald Trump com a imprensa.
Entre os veículos vetados estavam os jornais New York Times, New York Daily News e Los Angeles Times, a emissora de televisão CNN e os sites de notícias BuzzFeed e Politico.
O grupo de jornalistas que tiveram entrada autorizada incluía veículos menores de tendência mais conservadora, como o site de notícias de extrema direita Breitbart News, que foi dirigido por Steve Bannon, atual estrategista-chefe da Casa Branca, e a emissora One America News Network.
Repórteres dos jornais The Wall Street Journal e The Washington Times e das emissoras ABC, CBS e Fox News também participaram. Jornalistas da revista Time e da agência de notícias AP, autorizados a entrar, decidiram não assistir à coletiva em protesto contra o veto da Casa Branca.
O diretor-executivo do New York Times, Dean Baquet, disse que o veículo "rechaça fortemente a exclusão do jornal e de outras organizações midiáticas". "Jamais ocorreu nada parecido na Casa Branca em nossa longa história cobrindo vários governos de diferentes partidos. O livre acesso da imprensa a um governo transparente é obviamente de interesse nacional e crucial", declarou.
"Essa é uma medida inaceitável da Casa Branca de Trump. Aparentemente é assim que eles retaliam quando você publica fatos dos quais eles não gostam. Vamos continuar publicando independentemente [de qualquer ação]", afirmou, em comunicado, a rede de televisão CNN.
O presidente da Associação de Correspondentes da Casa Branca, Jeff Mason, disse condenar a atitude do governo e prometeu abordar a questão com os responsáveis pela comunicação da presidência.
Críticas à imprensa
O veto a jornalistas ocorre algumas horas depois de o presidente Trump ter novamente lançado duras críticas à imprensa americana durante um discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em Maryland. Na ocasião, o republicano afirmou haver "veículos que são muito inteligentes, astutos e desonestos, que se irritam quando expomos suas notícias falsas".
Ele também mencionou o conteúdo de uma mensagem que publicou no Twitter há uma semana, em que classifica alguns veículos como New York Times e CNN – ambos vetados nesta sexta-feira – como "inimigos do povo", porque, segundo ele, publicam notícias com informações inverídicas.
EK/ap/afp/dpa/efe/ots
Os decretos de Donald Trump
Donald Trump estremeceu o cenário político em seus primeiros dias como presidente dos EUA com uma série de decretos e memorandos impactantes. Entenda a diferença e o significado de cada um deles.
Foto: picture-alliance/dpa/Sachs
Forma rápida de cumprir promessas eleitorais
Com menos de duas semanas na presidência, Donald Trump emitiu 17 medidas executivas. Embora este número em si não seja significativo – no mesmo período Barack Obama assinou praticamente o mesmo número de ordens – o conteúdo dos decretos de Trump é. Parece que o novo presidente dos EUA quer implementar muitas de suas promessas de campanha – incluindo as controversas - o mais rápido possível.
Foto: Reuters/K. Lamarque
O que são ordens executivas e memorandos?
As ações executivas (EA) permitem que o presidente dos EUA dê ordens que não precisam de aprovação do Congresso a agências governamentais, contornando o processo legislativo e acelerando sua implementação. Ordens executivas são uma forma mais abrangente de EA que muitas vezes lidam com diretrizes organizacionais maiores, enquanto memorandos presidenciais ordenam agências específicas a fazer algo.
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Enfraquecer Obamacare (ordem executiva)
A primeira ordem executiva assinada por Trump foi uma para retardar partes do Affordable Care Act (Obamacare) para "minimizar encargos regulatórios". Enquanto Trump sozinho não pode revogar a legislação instituída por Obama, ele pode minar a implementação do programa de saúde enquanto a maioria republicana no Congresso se prepara para revogá-lo.
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Retirar subsídio para aborto (memorando)
Trump reinstituiu uma política que impede o financiamento federal para ONGs que fornecem aconselhamento sobre aborto e defendem o direito ao aborto. Essa diretriz tem uma longa história: foi inicialmente instaurada pelo republicano Ronald Reagan, rescindida pelo democrata Bill Clinton, reinstituída pelo republicano George W. Bush, antes de ser reativada pelo democrata Barack Obama.
Foto: REUTERS/A. P. Bernstein
Deportação de imigrantes (ordem executiva)
Trump ordenou que os agentes de imigração expandissem o escopo das deportações. Ele visa retirar concessões federais das chamadas cidades-santuário (onde imigrantes sem documentos não são processados) e que imigrantes suspeitos de um crime sejam detidos, mesmo sem acusação. Trump pretende contratar 10 mil novos agentes e publicar um relatório sobre crimes cometidos por imigrantes sem documentação.
Foto: picture alliance/AP Images/G. Bull
Construir o muro (ordem executiva)
Numa ordem executiva assinada em 25 de janeiro, Trump solicitou "a construção imediata de um muro físico", a fim de proteger a fronteira entre México e EUA. Ele também se referiu aos imigrantes sem documentos como "deportáveis", dizendo que o Poder Executivo deve "acabar com o abuso das disposições de liberdade condicional e refúgio usadas para impedir a remoção legal de estrangeiros deportáveis."
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Veto a muçulmanos (ordem executiva)
Trump assinou este controverso decreto em 27 de janeiro. Ele proibiu pessoas de sete países de maioria muçulmana de entrar nos EUA por três meses, suspendeu indefinidamente o programa de refugiados sírios e suspendeu a admissão de refugiados por 120 dias. Protestos contra a ordem estouraram em todo o país e até mesmo os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham criticaram a medida.
Foto: DW/M. Shwayder
EUA deixam TPP (memorando)
Não foi nenhuma surpresa Donald Trump ter abandonado a Parceria Transpacífico (TPP). Durante a campanha, ele criticou frequentemente o TPP e a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), afirmando que outros países se beneficiaram desses acordos comerciais, em detrimento dos EUA. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que Trump prefere lidar individualmente com os países.
Foto: Getty Images/AFP/
Sinal verde para oleodutos (memorando)
Três memorandos diferentes – um sobre a construção do oleoduto Dakota Access, outro sobre a continuação da construção do oleoduto Keystone e uma terceira ordem sobre o uso de materiais americanos nas obras – foram emitidos no quarto dia de Trump no governo. Obama tinha negado licenças para ambos os oleodutos após protestos em massa de ambientalistas, que temem o impacto de eventuais vazamentos.
Foto: REUTERS/S. Keith
Expandir as Forças Armadas (memorando)
Trump cumpriu sua promessa eleitoral de investir num Exército maior ao assinar na sua primeira semana no cargo um memorando que pede mais tropas, navios de guerra e um arsenal nuclear modernizado. Quatro dias antes ele ordenou congelar a contratação de civis em agências federais por até 90 dias, para que seu governo possa desenvolver um plano de longo prazo para encolher a força de trabalho.
Foto: Reuters/K. Pempel
Steve Bannon no NSC (memorando)
Trump ordenou uma revisão do Conselho de Segurança Nacional (NSC) para elevar o papel de Stephen Bannon. Trump retirou vários membros do painel responsável por tomar decisões de política externa, enquanto seu estrategista-chefe – conhecido por opiniões de extrema direita – servirá no comitê geralmente preenchido por generais. Isso rompe com a norma de longa data de não nomear políticos para o NSC.
Foto: pciture-alliance/AP Photo/E. Vucci
Desregulamentações (executiva e memorando)
Trump quer que agências federais eliminem ao menos duas normas para cada nova regulamentação e ordenou o congelamento de regulamentações federais, até que um chefe de departamento designado por ele possa revisá-las. Ele também pediu pela rápida aprovação de "projetos de infraestrutura de alta prioridade". Na campanha, Trump disse que o "excesso de regulamentações" feriu o comércio americano.
Foto: Getty Images/AFP/M. Ralston
Precedente presidencial
Obama emitiu um total de 277 ordens executivas – uma média de quase três por mês e um pouco menos do que seu antecessor, George W. Bush (291). Obama assinou 644 memorando presidenciais para contornar imposições no Congresso – um precedente do qual Trump aparenta estar tirando proveito, embora a maioria em ambas as Casas do Congresso seja republicana.