Casa Branca vai recorrer contra bloqueio a decreto
17 de março de 2017
Governo de Trump defende ordem executiva que proíbe entrada de cidadãos de seis países nos Estados Unidos. Depois do Havaí, juiz federal de Maryland ordena suspensão de decreto.
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A Casa Branca afirmou nesta quinta-feira (16/03) que vai recorrer contra as decisões de dois juízes federais que suspenderam a execução do segundo veto migratório do presidente Donald Trump. Além do Havaí, um tribunal em Maryland também bloqueou a medida.
Em entrevista coletiva, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, chamou as suspensões de "decisões fracassadas" e insistiu que Trump tem autoridade para emitir a ordem.
"O perigo (da chegada de terroristas aos EUA) é real e a lei é clara", comentou Spicer, que informou que o presidente "está profundamente em desacordo com a sentença errônea tanto no raciocínio como no âmbito de ação".
Spicer detalhou que o governo estuda "todas as opções" para resistir às decisões dos juízes federais, que argumentam que a ordem de Trump não oferece evidências sólidas em referência ao risco terrorista e discrimina pessoas por razão de religião e nacionalidade.
Nova batalha
A nova ordem executiva anti-imigração foi assinada por Trump no início deste mês, depois de uma batalha judicial que terminou com a manutenção da suspensão do primeiro veto migratório a cidadãos de sete países com maioria muçulmana (Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iraque, Irã e Iêmen).
Em substituição ao polêmico veto migratório emitido em 27 de janeiro, Trump reformulou a proposta, proibindo, por 90 dias, a entrada nos EUA cidadãos de Irã, Somália, Iêmen, Líbia, Síria e Sudão. A principal mudança foi a retirada do Iraque da lista.
Assim como na primeira tentativa, a nova ordem executiva enfrenta grandes resistências. Poucas horas antes de entrar em vigor, um juiz federal do Havaí suspendeu temporariamente a medida. Nesta quinta-feira foi a vez do juiz Theodore Chuang de Maryland vetar o decreto.
Chuang alegou que o decreto é inconstitucional, pois viola o direito à liberdade religiosa. O juiz disse que vetou a ordem para evitar a divisão do país.
CN/efe/lusa/rtr
Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
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"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
Foto: Leo Baeck Institute
"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
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"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
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"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
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"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
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"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
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"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
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"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.