Casa de Anne Frank se moderniza para atender público jovem
Petra Lambeck av
22 de novembro de 2018
Museu em Amsterdã segue muito frequentado, mas visitantes têm cada vez menos conhecimento sobre a Segunda Guerra. Com modernização, local oferece mais informações de fundo e atividades pedagógicas.
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O diário de Anne Frank tem fama mundial. O local onde ele foi escrito, na Prinsengracht 263, em Amsterdã, é uma das principais atrações turísticas da Europa, recebendo cerca de 1,2 milhão de visitantes a cada ano.
Mas as expectativas dos visitantes em relação ao museu mudam com os tempos. "Os jovens que visitam a Casa de Anne Frank percebem a casa e sua história de forma totalmente diferente da minha geração", explica o diretor da Fundação Anne Frank, Ronald Leopold, nascido em 1960.
Um tour virtual pelo esconderijo de Anne Frank
01:03
"Eu mesmo cresci com o tema Segunda Guerra Mundial e perseguição dos judeus, meus pais me contavam a respeito. Os jovens cujos avós nasceram após a Segunda Guerra têm uma relação totalmente diferente com o assunto e com frequência sabem bem menos sobre ele."
E assim decidiu-se modernizar o museu, que durante dois anos foi um verdadeiro canteiro de obras, embora permanecesse em funcionamento. Agora ele oferece mais informações de fundo e atividades pedagógicas. A intenção é mostrar não só o que aconteceu na época do nazismo, mas como se chegou a esse ponto e convidar à reflexão.
"Lembrar a história, refletir e reagir a ela são os três passos que até hoje determinam o trabalho da Casa de Anne Frank", explica Leopold. "Uma das lições mais importantes da história da era nazista, da Segunda Guerra e do Holocausto é a constatação de que tudo foi obra humana: a exclusão, a perseguição e deportação, e, por fim, o assassinato de 6 milhões de judeus."
Na nova Casa de Anne Frank, a história da adolescente judia e sua família é contada cronologicamente, com ajuda de um guia de áudio: os primeiros anos na Alemanha; a ida para a Holanda, escapando dos nazistas; os anos inicialmente felizes; até a fuga para a clandestinidade, em 1942.
A essa altura da visita guiada chega-se diante da famosa estante de livros, atrás da qual se esconde a escada levando à casa dos fundos, onde Anne e a família viveram, confinados num espaço mínimo, até serem denunciados. "Não mudamos nada na casa dos fundos", conta a arquiteta Janneke Bierman.
Trata-se do coração do museu, um local de silêncio, e o guia sonoro se cala nesse ponto. Mais tarde a história prossegue: a traição à família, a deportação para o campo de concentração. O único sobrevivente é Otto Frank, o pai de Anne, que mais tarde cuidaria para que o diário de sua filha fosse publicado.
A Casa de Anne Frank modernizada foi inaugurada na manhã desta quinta-feira (22/11) pelo rei Willem Alexander da Holanda.
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Em 15 de abril de 1945, tropas britânicas chegaram a Bergen-Belsen. No aniversário dos 73 anos da libertação do campo, exposição lembra as 3.500 crianças que estiveram presas no lugar, incluindo Anne Frank.
O campo nazista de Bergen-Belsen abrigou um número excepcionalmente alto de crianças durante seu funcionamento, entre 1943 e 1945. As experiências traumáticas são descritas na exposição "Crianças no Campo de Concentração de Bergen-Belsen". Algumas nunca conseguiram falar sobre o horror sofrido. Outras relataram por escrito suas experiências para a posteridade.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
Cara a cara com o passado
O que os visitantes pensam ao ver o retrato de um sobrevivente? Se eles também aprenderam a fazer contas contando cadáveres? Se também brincavam de adivinhar que era o próximo a morrer no barracão? O que parece macabro era apenas a triste realidade das crianças prisioneiras do lugar.
Lous Steenhuis tinha três anos quando chegou a Bergen-Belsen, vinda do campo de concentração de Westenbork e levando sua boneca, Mies. A garotinha, da cidade de Bussum, na Holanda, estava sozinha, sem pais, família ou conhecidos.
Hoje, Lous Steenhuis-Hoepelman tem 76 anos. E ainda guarda contigo sua antiga companheira de campo de concentração. Ela não acha que Mies seja uma boneca bonita. Mas, sem dúvida, o brinquedo a ajudou a suportar os traumas da época.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
A vítima mais famosa
Anne Frank morreu em fevereiro de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, aos 15 anos de idade. A alemã emigrou para a Holanda, com seus pais judeus. Quando os nazistas invadiram o país, Anne teve que viver em um esconderijo junto com a família. Mas eles foram denunciados. Os textos da menina são um importante documento histórico daquela época.
O número total de prisioneiros que estiveram em Bergen-Belsen é estimado em até 120 mil. Tropas britânicas encontraram cerca de 60 mil presos. Quase um quarto deles morreu depois da libertação. Cerca de 50 mil prisioneiros morreram no lugar, incluindo por volta de 600 crianças. As valas comuns no campo de concentração são testemunhas silenciosas da crueldade do domínio nazista.