Governo da Áustria diz que medida visa evitar que o imóvel se torne local de peregrinação de admiradores do ditador nazista. Prédio será reformado. Desapropriação abriu caminho para mudança.
Anúncio
A casa onde nasceu Adolf Hitler, na cidade de Braunau am Inn, na Áustria, abrigará no futuro a sede regional da polícia, anunciou nesta terça-feira (19/11) o governo austríaco. A medida visa evitar que o imóvel se torne um local de peregrinação para neonazistas.
"O futuro uso da casa pela polícia será um claro sinal que esse prédio nunca será usado para comemorar o nazismo", afirmou o ministro austríaco do Interior, Wolfgang Peschorn, em comunicado.
O governo lançará um concurso para arquitetos da União Europeia para a reforma do imóvel. Um júri formado por especialistas e funcionários públicos escolherá o projeto vencedor no primeiro semestre do próximo ano.
A casa foi alvo de uma longa batalha legal entre o governo e a sua antiga proprietária. O imóvel foi expropriado em 2016. Diante da decisão, a então proprietária do imóvel, Gerlinde Pommer, entrou na Justiça. Em agosto, um tribunal determinou que ela deveria receber uma indenização de cerca de 810 mil euros (aproximadamente 3,7 milhões de reais). O Estado havia concordado em pagar 310 mil.
Embora Hitler tenha passado pouco tempo na propriedade, ela continua atraindo admiradores do ditador. Moradores da região relatam que extremistas de direita costumam viajar para Braunau am Inn para fazer fotografias em frente à casa.
Hitler, nascido em 20 de abril de 1889, viveu na casa em questão durante seu primeiro ano de vida. Três anos mais tarde, a família se mudou para Passau, no estado alemão da Baviera. Durante a Segunda Guerra Mundial, um oficial nazista comprou o imóvel e o abriu para o público. Anos depois, ao fim da guerra, a casa foi devolvida aos proprietários originais, a família Pommer.
O Ministério do Interior alugava o imóvel desde 1972 por cerca de 5 mil euros por mês. O edifício já abrigou uma biblioteca, um banco e, mais recentemente, um centro para pessoas com deficiências, que se mudou do lugar em 2011, depois de a proprietária não permitir a realização de obras para melhorar a acessibilidade. Desde então, o prédio de 800 metros quadrados estava vazio.
Não há no local muitas referências ao passado da casa, pintada da cor amarela. Apenas uma pedra de granito, vinda do campo de concentração de Mauthausen e colocada ali em 1989, por ocasião do centenário do nascimento de Hitler, recorda o passado inglório. "Pela paz, liberdade e democracia. Fascismo nunca mais. Milhões de mortos servem de advertência", diz a mensagem cravada na rocha.
A história do mundo desde o século 20 seria bem diferente sem a atuação fatídica do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores, sua ideologia, propaganda e crimes. Quem eram as principais figuras do movimento?
Foto: picture-alliance/dpa
Joseph Goebbels (1897-1945)
Como ministro da Propaganda, o virulentamente antissemita Joseph Goebbels cuidou para que a mensagem nazista unificada e forjada em ferro chegasse a cada cidadão do "Terceiro Reich". Ele sufocou a liberdade de imprensa, controlou mídia, artes e informação, e impeliu Hitler a declarar "guerra total". Goebbels e esposa cometeram suicídio ao fim da Segunda Guerra, após envenenar seus seis filhos.
Foto: picture-alliance/Everett Collection
Adolf Hitler (1889-1945)
O líder do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP) desenvolveu sua ideologia antissemita, anticomunista e racista bem antes de assumir como chanceler do Reich, em 1933. Minou as instituições políticas da Alemanha, tornando-a um Estado totalitário, e a partir de 1939 desencadeou a Segunda Guerra, enquanto supervisionava o Holocausto. Adolf Hitler se suicidou em abril de 1945.
Foto: picture-alliance/akg-images
Heinrich Himmler (1900-1945)
Como líder da força paramilitar nazista SS ("Schutzstaffel"), Heinrich Himmler foi um dos membros do partido mais diretamente responsáveis pelo Holocausto. O também chefe de polícia e ministro do Interior controlava todas as forças de segurança do "Terceiro Reich". Ele supervisionou a construção e as operações de todos os campos de extermínio, onde mais de 6 milhões de judeus foram assassinados.
Foto: picture-alliance/dpa
Rudolf Hess (1894-1987)
Três anos após se filiar ao partido nazista, Rudolf Hess participou em Munique do frustrado Putsch da Cervejaria de 1923. Na prisão, ajudou Hitler a escrever "Mein Kampf". Hess fugiu para a Escócia em 1941, para tentar negociar um acordo de paz, mas foi capturado e mantido em cárcere até o fim da guerra. Em 1946, respondeu a processo em Nurembergue, cumprindo prisão perpétua.
Foto: Getty Images/Central Press
Adolf Eichmann (1906-1962)
Ao lado de Himmler, Adolf Eichmann foi um dos principais organizadores do Holocausto. Como tenente-coronel da SS, geriu as deportações em massa de judeus para campos de extermínio nazistas no Leste Europeu. Após a derrota alemã, fugiu para a Áustria e depois para a Argentina, onde foi capturado pelo Mossad israelense em 1960. Condenado por crimes contra a humanidade, foi executado em 1962.
Foto: AP/dapd
Hermann Göring (1893-1946)
Participante do fracassado Putsch da Cervejaria, Hermann Göring se tornou o segundo homem mais poderoso da Alemanha depois que os nazistas tomaram o poder. Ele fundou a polícia secreta do Estado, Gestapo, e serviu como comandante da Luftwaffe até pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Göring foi condenado à morte em Nurembergue, mas se suicidou na noite anterior à execução.