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Caso Timoshenko: Merkel cogita boicotar Eurocopa

29 de abril de 2012

A premiê alemã, Angela Merkel, cogita boicotar a Eurocopa na Ucrânia. Segundo o semanário "Der Spiegel", ela planeja orientar seu gabinete a não comparecer ao torneio, o mais importante do futebol europeu.

Foto: dapd

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, cogita boicotar a Eurocopa na Ucrânia, segundo reportagem publicada na mais recente edição do semanário Der Spiegel. Merkel planeja orientar seus ministros a não comparecerem ao torneio, a mais importante competição europeia de futebol.

De acordo com a publicação alemã, Merkel recomendará a seus ministros que não participem do evento, caso a líder da oposição Yulia Timoshenko não seja libertada até o início do campeonato, a ser realizado na Polônia e na Ucrânia daqui a seis semanas. Na sexta-feira (27/04), Merkel havia deixado em aberto, através de seu porta-voz, se viajará à Ucrânia para participar da Eurocopa ou não.

A premiê afirmou, segundo o semanário, que só abriria exceção para seu ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, também responsável pela pasta de Esportes. Friedrich declarou na última semana que deseja assistir à partida entre Alemanha e Holanda, e que aproveitaria a viagem para fazer uma visita a Timoshenko.

Ministro alemão do Interior, Hans-Peter FriedrichFoto: picture-alliance/dpa

Outros chefes de Estado cancelam ida à Ucrânia

A revista Der Spiegel afirmou, citando fontes governamentais anônimas, que o presidente alemão, Joachim Gauck, não foi o único a cancelar, como forma de protesto, sua presença em uma reunião de chefes de Estado da Europa Central, a ser realizada em meados de maio na Ucrânia. Também teriam rejeitado o convite do governo ucraniano os presidentes da Áustria, Danilo Türk, e da Eslovênia, Heinz Fischer. Os chefes de Estado da Estônia, Toomas Hendrik Ilves, e da Letônia, Andris Berzins, ainda não decidiram se irão ao encontro.

Há dias que políticos alemães discutem sobre um possível boicote à Eurocopa. O líder do Partido Social Democrata (SPD), Sigmar Gabriel, já pediu a todos os políticos que boicotem os jogos na Ucrânia. O presidente do clube alemão Bayern de Munique, Uli Hoeness, pediu que o presidente da UEFA, Michel Platini, proteste em Kiev. E apelou para que os jogadores da seleção alemã se pronunciem criticamente sobre as violações dos direitos humanos na Ucrânia.

Apelo dramático

Em um apelo dramático, Eugenia Timoshenko, a filha da oposicionista ucraniana, de 32 anos, pediu que o governo alemão salve a vida de sua mãe. "O destino da minha mãe e de meu país são agora um só. Se ela morrer, morre também a democracia", disse ela ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung. O ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, afirmou, em entrevista ao mesmo diário, que o governo ucraniano está negando à Timoshenko “um tratamento médico adequado, contrariando todas as obrigações legais e morais”.

Timoschenko mostra hematomas: queixa de maus tratos no presídioFoto: Reuters

Do ponto de vista da União Europeia, o comportamento da Ucrânia representa um obstáculo no caminho do país a uma possível adesão ao bloco. O tratamento dispensado pelo governo local a Timoshenko é "uma vergonha dolorosa para Kiev", na opinião do comissário europeu para a ampliação da UE, Stefan Füle.

Preocupação com Timoshenko

Fotos recentes mostram Yulia Timoshenko com hematomas, que teriam sido provocados pelos carcereiros da prisão onde ela se encontra. A família da líder da oposição acusa prática de tortura. Timoshenko faz greve de fome desde o dia 20 de abril, como protesto pelas condições na prisão.

Médicos alemães constataram que ela sofre de um grave problema na coluna, mas o governo ucraniano insiste que Timoshenko "está fingindo". A política de 51 anos sofre de uma hérnia de disco e está cumprindo sentença de sete anos de cadeia, por suposto abuso de poder.

MD/dpa/rtr/dapd/afp
Revisão: Soraia Vilela

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