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Escândalo da dioxina

7 de janeiro de 2011

O escândalo se alastra. Gordura para ração animal estava contaminada em níveis muito superiores ao que se pensava: amostras continham 77 vezes mais dioxina do que o permitido. Contaminação já fora detectada em março.

Substância cancerígena foi detectada em ovosFoto: dapd

No escândalo da dioxina na Alemanha, constatou-se que a gordura para uso em ração animal estava contaminada em níveis bem superiores ao que se pensava até agora. Amostras do fabricante Harles und Jentzsch, da cidade de Uetersen, continham um teor 77 vezes mais alto da substância cancerígena do que o permitido por lei, segundo anunciou nesta sexta-feira (07/01) a Secretaria de Agricultura do estado de Schleswig-Holstein. Além disso, a contaminação já fora detectada em março.

Nesta sexta-feira, outros dez resultados de análises em amostras de gorduras para ração de animais da empresa Harles und Jentzsch foram divulgados. Nove foram positivos, segundo a Secretaria de Agricultura de Schleswig-Holstein. Em um caso, o valor de contaminação de dioxina ultrapassava em 77 vezes o permitido pela legislação alemã.

Contaminação descoberta em março

Contaminação foi atestada já em marçoFoto: dapd

De acordo com informações da Secretaria de Agricultura de Schleswig-Holstein, uma amostra contaminada com dioxina da empresa produtora de óleo para ração animal Harles und Jentzsch já fora detectada em março de 2010. Um laboratório particular examinou a gordura, encontrando um nível duas vezes acima do limite de dioxina permitido por lei. A empresa, entretanto, não comunicou o problema às autoridades.

Ainda assim, a situação começa a se distender. O estado da Baixa Saxônia anunciou que na próxima semana poderá ser suspenso o embargo à maioria dos 4.700 estabelecimentos agrícolas que haviam recebido ração produzida com gordura da Harles und Jentzsch.

A Secretaria de Agricultura da Baixa Saxônia acredita que a interdição poderá ser suspensa na maioria das empresas proibidas de comercializar ovos ou leite, ou impedidas de abater seus animais devido ao perigo da dioxina. No estado encontram-se 4.500 das unidades de produção agrícola atualmente interditadas.

Interdições foram medidas de precaução

"A interdição é uma mera medida de precaução, para proteger os consumidores", disse o secretário de Estado da Secretaria da Agricultura da Baixa Saxônia, Friedrich-Otto Ripke. Com base nas listas de frete, todos os estabelecimentos da Baixa Saxônia foram sistematicamente fiscalizados. Até agora, a contaminação por dioxina foi comprovada apenas em ovos. Naquele estado, os primeiros resultados de exames em amostras de leite estarão disponíveis somente no sábado.

A Federação dos Agricultores Alemães (DBV) está reivindicando da indústria alimentícia a criação de um fundo milionário de indenização. O presidente da associação, Gerd Sonnleitner, afirmou que os agricultores atingidos terão prejuízo semanais entre 40 milhões a 60 milhões de euros. "Legalmente, ninguém pode ser responsabilizado. Por isso, a indústria alimentícia deve o mais rapidamente possível criar um fundo de indenização”, instou.

A ministra alemã da Alimentação, Agricultura e Defesa do Consumidor, Ilse Aigner, pede que sejam criadas regras europeias para proteger a cadeia de produção alimentar. Segundo ela, empresas que produzem gorduras alimentares não devem ter permissão para produzir óleos industriais simultaneamente e nas mesmas instalações.

Cúpula discutirá escândalo na segunda-feira

Mais de 4.700 unidades agrícolas interditadasFoto: Picture-Alliance/dpa

Aigner convocou representantes da indústria de ração para animais, da agricultura e de entidades de defesa do consumidor para uma reunião sobre o problema, na próxima segunda-feira em Berlim. No dia seguinte, a comissão de direitos do consumidor do parlamento alemão pretende realizar uma reunião especial sobre o escândalo.

O Ministério da Agricultura da Alemanha não acredita que a causa da contaminação seja um erro ou uma falha no controle. "Os indícios levam a crer neste momento que houve um alto grau de energia criminosa envolvida", declarou o porta-voz do ministério. "Há indícios de que a empresa não era registrada oficialmente, para não precisar passar por esses controles", complementou.

Em 18 das 30 amostras de gordura para ração animal da empresa Harles und Jentzsch, foi detectada uma contaminação acima do nível máximo permitido por lei. No total, mais de 100 amostras foram tomadas, e estão sendo analisadas aos poucos. Segundo o Ministério da Agricultura, o teor de dioxina diminui durante o processamento da ração, porque a gordura é misturada com outros ingredientes para a produção da ração animal.

Fabricante acusado se defende

Sievert Siegfried, gerente da fabricante de gorduras para ração Harles und Jentzsch, afirmou num programa televisivo alemão que sua empresa foi surpreendida pela notícia da contaminação. "Nós não usamos qualquer gordura que não seja permitida", defendeu-se Sievert. Ele assegura não saber de onde a dioxina vem.

Há poucos dias, Sievert dissera em entrevista: "Fomos descuidados ao supor erroneamente que o ácido graxo originado da produção de biodiesel de óleo de palma, óleo de soja e óleo de colza seja apropriado para a produção de rações animais".

MD/rtrs/afp/dapd
Revisão: Augusto Valente

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