Organização Mundial da Saúde aponta que 42 milhões de brasileiros correm risco de contrair a doença. Incidência também explodiu na Venezuela, com alta de 71%.
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O número de casos de malária no Brasil subiu 63% em 2017 em relação ao ano anterior. Segundo relatório anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta segunda-feira (19/11), o Brasil registrou 217.928 casos no ano passado, ante 133.591 em 2016.
De acordo com a organização, 42 milhões de brasileiros correm o risco de contrair a doença – 4,8 milhões com risco grave. De acordo com dados do governo brasileiro, a maioria dos casos registrados em 2017 se concentrou na região Norte.
O número de mortes causadas pela doença, no entanto, registrou queda. Segundo a OMS, 30 brasileiros morreram após contraírem a doença em 2017. Em 2016 havia sido 35. Em 2010, 76 pessoas morreram por causa da malária no Brasil.
De acordo com a OMS, a situação do Brasil e de outros países acabou piorando a média de casos registrados na região das Américas da OMS. Em toda a região há 138 milhões de pessoas com risco de contrair a doença, potencialmente mortal, mas evitável e curável.
O caso da Venezuela é o mais grave. O país que enfrenta graves problemas econômicos e políticos sob o regime chavista viu o número de casos de malária em 2017 saltar 71% em relação a 2016. Em 2017, 519 mil pessoas contraíram a doença no país. Em 2010 havia sido 57 mil.
Ainda segundo a OMS, 10,9 milhões de venezuelanos correm o risco de contrair malária – numa população de 32 milhões. Em 2017, o país registrou 790 mortes provocadas pela doença. Em abril, a OMS já tinha anunciado que a Venezuela registrava o maior aumento de casos de malária no mundo. Em 2010, 90 venezuelanos haviam morrido por causa da doença.
Mundo
No mundo, o número de casos da doença também aumentou. Em 2017 foram registrados 219 milhões de casos, ante 217 milhões em 2016. Do total de 2017, 200 milhões de casos – 92% do total – foram registrados no continente africano.
No entanto, o número continua abaixo daquele registrado no início da década. Em 2010, a quantidade de pessoas que contraíram a doença foi de 239 milhões.
Apesar disso, o número de mortes caiu. Segundo a organização, 435 mil pessoas morreram de malária em 2017, número que representa uma queda de 3,5% em relação a 2016. Das vítimas, 403 mil morreram no continente africano — 93% do total global.
Apesar do aumento na incidência da doença no mundo, a OMS também destacou alguns pontos positivos na luta contra a malária. Em 2018, a organização certificou o Paraguai como livre de malária. Os paraguaios se juntaram assim a outros países da região que possuem o certificado, como Cuba, que não registra casos locais de Malária desde os anos 1970.
Outros três países — Argélia, Argentina e Uzbequistão — também pediram essa certificação à OMS em 2017. Em 2017, China e El Salvador relataram zero casos. Para conseguir esse status é preciso não possuir notificações não importadas da doença por três anos seguidos.
JPS/ots/efe
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A malária é uma das doenças infecciosas mais perigosas: a cada ano, ela mata aproximadamente um milhão de pessoas. Um problema é a crescente resistência aos medicamentos disponíveis.
Foto: Edlena Barros
O mosquito ataca
O animal provavelmente mais perigoso na África é o mosquito Anopheles, transmissor da malária, que mede aproximadamente seis milímetros. A cada ano, cerca de um milhão de pessoas morrem desta doença infecciosa. Os sintomas são febre, calafrios, dor de cabeça, pele amarelada e cansaço. Especialmente em crianças, a doença pode levar rapidamente à morte.
Se o mosquito Anopheles pica uma pessoa infectada, ele recebe o parasita da malária; na próxima picada ele o transmite adiante. Os pesquisadores marcaram os agentes patogênicos com uma proteína verde luminosa (na foto). Como a luz verde mostra, os parasitas se multiplicam no intestino do mosquito e, por fim, se juntam nas suas glândulas salivares.
O nome científico do parasita da malária é Plasmodium. Para pesquisá-lo, os cientistas retiram a glândula salivar de um mosquito infectado e isolam os parasitas. À direita na foto se vê o mosquito, no meio, as glândulas salivares retiradas.
Foto: Cenix BioScience GmbH
mosquito - homem - mosquito
Na verdade, o homem é só o hospedeiro intermediário do causador da malária. O hospedeiro definitivo é o mosquito. No ser humano, o agente patogênico se multiplica assexuadamente: primeiro no fígado e, em seguida, no sangue. Parte do parasita forma células femininas e masculinas. Elas são captadas por um mosquito e nele se reproduzem sexualmente. O ciclo se fecha.
Parasitas da malária andam em círculo
Devido ao formato curvo dos agentes da malária, eles andam em círculo. Isso pode ser comprovado sob um vidro com líquido, como na imagem. O parasita é de cor amarela, sua trajetória é azul. Para percorrer um círculo, eles precisam de 30 segundos. Em seus hospedeiros, eles são desviados pelos obstáculos no caminho e, assim, conseguem seguir também em linha reta.
Em um primeiro momento, os parasitas da malária se instalam por alguns dias no fígado. Enquanto isso, a pessoa não sabe que está infectada. O paciente só nota a doença quando os parasitas se transformam e saem do fígado para infectar as células sanguíneas.
Foto: AP
Parasitas da malária no sangue
Os parasitas precisam de até três dias para se multiplicarem nos glóbulos vermelhos. Em seguida, as células do sangue se rompem e liberam os parasitas maduros e substâncias tóxicas. A consequência: picos de febre. No microscópio, a doença é diagnosticada facilmente pela coloração: os agentes patogênicos (roxos) aparecem na amostra de sangue imediatamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Klett GmbH
Ao redor da Amazônia
A malária é uma doença típica dos trópicos: ela ocorre onde é quente e úmido. Alguns cientistas temiam que a malária se espalhasse devido à mudança climática. No entanto, estudos mais recentes chegam uma conclusão diferente: a área de proliferação da doença está diminuindo continuamente, porque os pântanos estão sendo cada vez mais drenados.
Mosquiteiros salva-vidas
O melhor prevenção contra a malária é evitar a picada do mosquito. Nesse caso, repelentes e, claro, mosquiteiros mantêm os mosquitos longe. Dormir com um mosquiteiro pode salvar vidas!
Foto: picture-alliance/dpa
Proteção dupla
Os pesquisadores desenvolveram uma rede de mosquito com uma proteção especial: as fibras do tecido são feitas com inseticida, que é liberado continuamente. A substância mata todos os mosquitos que se instalam no mosquiteiro.
Foto: Bayer CropScience AG
Arma venenosa contra a malária
Para evitar o causador da malária, muitas pessoas usam substâncias tóxicas, como em Mumbai, na Índia. Um inseticida, o DDT, é eficaz contra os mosquitos, mas faz parte da lista de Poluentes Orgânicos Persistentes. É ruim para a saúde e para o meio ambiente: se mantêm por muito tempo na natureza e se acumula na cadeia alimentar.
Foto: picture-alliance/dpa
Diagnóstico rápido
Em poucos minutos, o exame rápido da malária pode provar, com apenas uma gota de sangue, se há a presença do parasita da malária. Na foto, membros da ONG Médicos Sem Fronteiras examinam um menino do Mali, na África. Seu teste dá positivo. O menino recebe medicação e, dois dias depois, já está recuperado. Os testes rápidos nem sempre funcionam de forma confiável.
Foto: picture-alliance/dpa
Corrida contra o tempo
Os medicamentos destroem parasitas no sangue ou evitam que eles se multipliquem. No entanto, com o tempo, os agentes patogênicos tornam-se resistentes ao medicamento. Alguns remédios, como cloroquina, já não fazem efeito em muitas áreas. Também as versões falsificadas dos medicamentos aumentam a resistência. A única saída: desenvolver novos remédios.
Foto: picture-alliance/dpa
Única solução: vacina?
Uma vacina contra a malária ainda não existe. Mas os pesquisadores estão trabalhando nisso. Um estudo clínico sobre a vacina RTS, S promete bons resultados. A vacina já poderá estar no mercado em 2015. Ela protege crianças da doença. No entanto, no estudo foi eficaz apenas em 30% a 50% dos casos. Mais da metade dos indivíduos adoecem apesar de vacinados.
Foto: AP
Estar bem preparado contra a malária
Mesmo se existisse uma vacina, é preciso continuar o combate à doença: proteger-se contra picadas de mosquito é essencial.