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Autonomia catalã

11 de julho de 2010

Com a maior passeata desde o fim da ditadura de Franco, mais de um milhão de pessoas protestaram em Barcelona pela autonomia da Catalunha. "Nós somos uma nação" bradavam os manifestantes catalães.

Muitos catalães defendem independência da regiãoFoto: AP

Desde setembro de 1977 a Catalunha não vivenciava tamanha passeata: mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas de Barcelona, neste sábado (10/07), protestar contra um veredicto dos juízes constitucionais de Madri, que não reconhece a Catalunha como nação.

"A Constituição não reconhece outra nação além da espanhola", afirmou a sentença de 28 de junho último, anulando parcialmente o estatuto de autonomia da Catalunha, de 2006. Dos 233 artigos do estatuto, o tribunal classificou 14 como inconstitucionais, outros 23 devem ser alterados.

Os juízes salientaram que a palavra "nação" citada no estatuto não teria base legal. Além disso, os magistrados ordenaram a reinterpretação do artigo sobre os "símbolos nacionais" da Catalunha, como bandeira, hino e feriados regionais.

Somente no sentido ideológico, histórico e cultural, os catalães podem se entender como nação, disseram os juízes. No entanto, um artigo que torna o ensino do catalão obrigatório foi aprovado, mas a observação do catalão como "língua preferencial" foi classificada como inconstitucional.

Protesto contou com mais de 1 milhão de pessoasFoto: AP

"Adeus Espanha"

À frente da passeata, os manifestantes estenderam uma enorme bandeira catalã nas cores vermelho e amarelo. Cartazes e faixas com dizeres como "Adéu Espanya" (Adeus, Espanha) exigiam a independência da província mais rica do país. Segundo dados da polícia local, cerca de 1,1 milhão de pessoas participaram da manifestação.

O chefe de governo da Catalunha, José Montilla, que pretendia liderar o protesto, teve que ser protegido da fúria dos manifestantes separatistas que o acusavam de "traidor". O socialista Montilla, um correligionário do primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, defende a autonomia da região, mas não sua independência.

Autonomia e independência

Desde que tomou posse, em 2004, o governo socialista de Zapatero apoiou o estatuto. Já anteriormente, a Catalunha possuía o controle da maioria das responsabilidades governamentais, como educação e saúde. O estatuto, todavia, deu à Catalunha mais poderes na política fiscal e na área de Justiça, como também um maior controle sobre aeroportos, portos e política de imigração.

Na Catalunha, vivem cerca de 7,5 milhões dos 47 milhões de espanhóis. A região é responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha. Por esse motivo, muitos catalães desejam sua independência de Madri. Em 2006, o estatuto foi aprovado pelo Parlamento espanhol e pelos catalães em referendo.

Em julho de 2006, no entanto, com a justificativa da ameaça de separação da Catalunha, o conservador Partido Popular (PP) espanhol entrou com queixa no tribunal constitucional contra quase metade dos artigos do estatuto. Devido a profundas diferenças entre liberais e conservadores, os juízes constitucionais precisaram de muito tempo para chegar a um veredicto.

CA/afp/dpa
Revisão: Nádia Pontes

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