Presidente regional marca para 1º de outubro votação sobre separação do território da Espanha. Madri afirma que consulta popular é ilegal e que adotará medidas necessárias para impedi-la.
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O governo regional da Catalunha anunciou nesta sexta-feira (09/06) que pretende convocar um referendo sobre a independência do território para o dia 1º de outubro deste ano.
Os eleitores deverão responder com sim ou não à questão "Você quer que a Catalunha se torne um Estado independente na forma de uma república?", anunciou o presidente da região, Carles Puigdemont.
Na sua declaração, o chefe do Executivo catalão assegurou ainda que seu governo se compromete a aplicar o resultado das urnas. Se sim for vitorioso, Puigdemont acrescentou que iniciará imediatamente o processo para se separar da Espanha.
Puigdemont afirmou que a realização do referendo foi decidida depois que a tentativa de 18 meses de esforços para acordar com Madri uma data e a questão a ser respondida no pleito, sem sucesso. "Sempre fizemos diversas ofertas, e todas foram rejeitadas, sem exceção", disse.
O líder catalão lembrou que há sete anos o Tribunal Constitucional (TC) espanhol rejeitou a reforma do estatuto da região, norma máxima que rege a vida na Catalunha, aprovado pelo Parlamento Catalão e ratificado em referendo pelos cidadãos. Desde então, as tentativas de diálogo com o governo espanhol colheram uma "longa coleção de embates".
Com o anúncio da data, Puigdemont cumpre sua promessa de trilhar uma via unilateral para a independência, após a recusa do governo espanhol de Mariano Rajoy a negociar uma consulta sobre a independência.
O TC já anulou uma primeira tentativa de consulta convocada pelo governo catalão em novembro de 2014. Mesmo assim ela foi realizada. Cerca de 80% dos participantes da consulta popular simbólica votaram a favor da independência da região. O resultado fortaleceu a posição dos separatistas. A consulta é usada para justificar e dar peso ao processo de separação da Espanha.
Governo espanhol recusa referendo
Após o anúncio desta sexta-feira, o governo da Espanha afirmou que recorrerá contra todas as tentativas que representem um desafio ao Estado de Direito. Madri alega que a consulta é ilegal e inconstitucional e deixou claro em várias ocasiões que adotará todas as medidas necessárias para impedi-la.
O ministro porta-voz do Executivo espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, afirmou que o anúncio responde a uma "estratégia cada vez mais minoritária, unilateral e radical" e a uma "encenação" que reflete a "solidão e o isolamento" dos separatistas.
O ministro também lembrou ao presidente catalão que sua "obrigação" é proteger os direitos de todos os cidadãos e preservar a neutralidade política das instituições e dos funcionários catalães, "que não devem ser forçados a assumir uma responsabilidade na qual outros incorrem ao manter um desafio ao Estado de Direito".
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha – com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma língua e culturas próprias – arrasta-se há várias décadas, mas se acirrou nos últimos anos. O movimento separatista ganhou nova intensidade a partir de 2010, quando o TC anulou o Estatuto da Catalunha, que desde 2006 conferia à região muitas competências e o título de "Nação".
CN/efe/lusa
Málaga converte-se em nova metrópole da arte na Espanha
Málaga – a nova Barcelona? Museu Picasso, Centro Pompidou, arte russa: a oferta cultural em Málaga cresce e faz da cidade na Costa do Sol um endereço atraente.
Foto: DW/S. Oelze
A ascensão de Málaga a metrópole cultural
Arte e arquitetura no lugar do turismo barato: há alguns anos, Málaga aposta em cultura. O número de museus cresce rapidamente: depois da abertura do Museu Picasso, o Centro Pompidou parisiente e o Museu Russo São Petersburgo inauguraram suas filiais na Costa do Sol. O porto da cidade também foi reformado.
Foto: DW/S. Oelze
Porto como novo ponto de encontro
Málaga foi considerada durante décadas ponto central do turismo de massa na Costa do Sol, atraindo viajantes que desembarcavam no aeroporto da cidade rumo à região costeira ou aos pontos turísticos da Andaluzia. A cidade, pobre em atrações, reagiu: há alguns anos, ela aposta na cultura e no embelezamento urbano. Há quatro anos, foi inaugurado o Parque "Palmeral de las Sorpresas" no porto local.
Foto: DW/S. Oelze
Bosque de palmeiras e arquitetura moderna
O "Palmeral de las Sorpresas", com sua alameda central, é considerado uma nova atração na cidade e ponto de encontro dos "malagueños", como são chamados os moradores locais. A pérgola futurista, projetada pelo escritório espanhol Junquera Arquitectos, contribui no verão com o frescor de suas sombras. Ela paira, a 11 metros de altura, sobre as cabeças dos pedestres.
Foto: DW/S. Oelze
"Efeito Bilbao" em Málaga
O que ocorreu em Bilbao graças ao Museu Guggenheim, deverá também acontecer em Málaga, com a abertura de quatro novas casas de exposição. Uma delas é o Centro Pompidou de Málaga, inaugurado em março de 2015, com peças da coleção principal da central parisiense do museu, expostas a partir de novas perspectivas. Pela primeira vez, os malagueños têm acesso à arte contemporânea sem deixar a cidade.
Foto: DW/S. Oelze
Pompidou em amarelo, verde e vermelho
O Centro Pompidou está alojado em uma edificação sobre a qual se sobressai um cubo colorido de vidro, criado pelo artista conceitual francês Daniel Buren. Antes, o prédio abrigava um centro comercial. Depois da falência do mesmo, procurou-se opções de uso para o lugar, quando começaram as negociações com o Centro Pompidou. O contrato foi assinado por cinco anos, mas poderá ser prorrogado.
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Quem (não) sou eu?
O tema da primeira exposição no Centro Pompidou Málaga é "Identidade – Alteridade", com obras de Picasso (o filho mais famoso de Málaga), e também de artistas contemporâneos. Duas vezes por ano, é inaugurada uma exposição especial.
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Arte russa sob o sol da Espanha
Em março de 2015, o Museu Russo São Petersburgo inaugurou uma filial em Málaga. Situado em uma antiga fábrica de tabaco, construída em meados dos anos 1920, o espaço abriga agora a maior coleção de arte russa no mundo fora do país de origem. A mostra exibe obras de seis séculos.
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A Rússia e a Costa do Sol
Na Costa do Sol espanhola, conhecida por seu clima ameno inclusive no inverno, vivem muitos russos abastados. Até mesmo o prefeito de Moscou tem ali uma residência de verão. Isso explica por que, na ensolarada Espanha, é exibido um vasto acervo de obras russas, que vão desde pinturas iconográficas até o movimento de vanguarda dos anos 1920.
Foto: DW/S. Oelze
Arte espanhola do século 19
Desde 2011, paralelamente à inauguração das instalações do novo porto, a Baronesa Carmen Thyssen-Bornemisza presenteou a cidade de Málaga com obras de sua coleção. No Palácio reformado, que fica nas proximidades de um calçadão, é possível desde então admirar a arte espanhola do século 19.
Foto: DW/S. Oelze
Homenagem aos primórdios do cinema
E Málaga também enriquece suas ofertas de cinema: uma vez por ano, a cidade andaluza abriga um festival internacional de cinema. No momento, esta caixa preta provisória passa pela cidade, onde são exibidos clássicos de Georges Méliès, pioneiro da sétima arte.