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EsporteAlemanha

Catar libera uso de biquíni por atletas de vôlei de praia

24 de fevereiro de 2021

Recuo vem após estrelas alemãs anunciaram boicote ao campeonato mundial que ocorre no país em março. Catar havia exigido que jogadoras usassem camisetas e shorts compridos.

Estrelas alemãs do vôlei de praia Karla Borger e Julia Sude
Borger e Sude afirmaram que regras a impediam de usar seu "uniforme de trabalho"Foto: Tom Bloch/Beautiful Sports/picture alliance

O governo do Catar voltou atrás da exigência de que as jogadoras de vôlei de praia do próximo campeonato mundial, que será realizado no país no próximo mês, usassem camisetas e shorts até o joelho durante as partidas e liberou o uso de biquínis, uniforme tradicional na categoria feminina do esporte.

O anúncio foi feito nesta quarta-feira (24/02) pelo órgão do governo local para o esporte, quatro dias após as estrelas alemãs do vôlei de praia Karla Borger e Julia Sude terem anunciado que não participariam da competição por causa das restrições de vestimenta.

Na segunda-feira, a associação de vôlei do Catar afirmou que não havia feito nenhuma exigência a respeito do que as atletas deveriam vestir durante as partidas, mas o empresário de Borger e Sude, Constantin Adam, reagiu dizendo que a alegação "não era verdadeira".

As normas da competição, disponíveis no site do evento, pediam que as esportistas usassem "uma camiseta de manga curta (...) e shorts esportivos que chegassem ao joelho". Essa regra foi alterada na terça-feira. O evento ocorrerá de 8 a 12 de março, na capital Doha.

A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) afirmou que a associação do esporte no Catar garantiu que "não haveria restrições para que as jogadoras usassem seus uniformes tradicionais". "A FIVB acredita que o vôlei de praia feminino, como qualquer esporte, deve ser avaliado conforme a performance e o esforço, e não o uniforme", disse a entidade.

No último sábado, Borger e Sude declararam que não aceitariam as regras impostas para a competição no Catar. "Isso não se refere a usarmos mais ou menos roupas, mas ao fato de não sermos autorizadas a usar o nosso uniforme de trabalho para fazer o nosso trabalho", disse Sude à revista alemã Der Spiegel.

Borger, medalhista de prata em campeonatos mundiais, acrescentou que o Catar já havia feito exceções anteriormente para atletas femininas que competiram no Campeonato Mundial de Atletismo em Doha em 2019. O país também permitiu que jogadoras de vôlei de praia competissem de biquíni durante os Jogos Mundiais de Praia, realizados no Catar em 2019.

À rádio pública alemã Deutschlandfunk, Borger acrescentou que o calor extremo no Catar exige o uso de biquínis. Embora não seja tão quente quanto nos meses escaldantes de verão, as temperaturas no Estado do Golfo podem chegar a 30 °C em março.

O treinador da dupla, Thomas Kaczmarek, disse ao jornal alemão Bild que apoiou a decisão "100% e com plena convicção" e afirmou que, além da questão da temperatura, a não participação delas no torneio tinha também uma razão política. "Karla e Julia, como mulheres, não querem se submeter a tais demandas por razões de ideologia."

Será a primeira vez que o pequeno Estado do Golfo sediará uma competição feminina da FIVB, após ter sido palco do campeonato masculino por sete anos.

Catar como sede de eventos esportivos

À rádio Deutschlandfunk, Borger questionou se o Catar seria um país anfitrião adequado. "Estamos questionando se é necessário realizar um torneio lá", afirmou. "É definitivamente algo que se deve questionar."

O Catar tem sediado um número crescente de grandes eventos esportivos nas últimas décadas, embora seu histórico de direitos humanos, a falta de tradição esportiva e o clima extremamente quente o tornem um local controverso.

Calor e umidade foram grandes problemas relatados durante algumas provas do Campeonato Mundial de Atletismo no ano passado. A Copa do Mundo de Futebol de 2022, que ocorrerá no país, foi marcada para novembro e dezembro justamente por conta das altas temperaturas no Catar em junho e julho, quando o Mundial é normalmente disputado.

Além disso, condições controversas de trabalho para funcionários que constroem os estádios e supostas violações de direitos humanos no Catar também têm sido objeto de intenso escrutínio antes da Copa do Mundo do próximo ano.

bl/cn (AFP, AP)

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