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Catedral de Colônia apaga as luzes contra o Pegida

5 de janeiro de 2015

Protestos a favor de estrangeiros e refugiados tomam grandes cidades alemãs, como Berlim, Stuttgart e Colônia. Já a marcha contra suposta "islamização" da Alemanha soma novo recorde de participantes em Dresden.

Ao desligar as luzes de seu maior símbolo, a metrópole às margens do Reno envia forte sinal contra a xenofobiaFoto: picture-alliance/dpa/O. Berg

O movimento "anti-islamização" Pegida (sigla em alemão para "Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente") encontra cada vez mais resistência na Alemanha. Nesta segunda-feira (05/01), marchas contra o Pegida reuniram milhares de pessoas em diversas cidades do país.

Em protesto contra a xenofobia, o nacionalismo e a intolerância religiosa, importantes empresas como a Volkswagen e monumentos religiosos e turísticos desligaram suas luzes. E, além disso, as manifestações contra o Pegida renderam os primeiros resultados: em algumas cidades, ramificações do movimento desistiram ou abandonaram suas marchas de segundas-feiras.

Em Colônia, a iluminação externa da catedral foi apagada. A prefeitura, outras igrejas, pontes e edifícios históricos também ficaram no escuro. A ação é parte de um movimento contrário ao Pegida, que sob o slogan "Sem luz para o racismo" apela para que as luzes de edifícios sejam apagadas durante as marchas do movimento anti-islã. O Portão de Brandemburgo, cartão postal da capital Berlim, também aderiu, assim como a fábrica da Volkswagen, em Dresden.

Na capital alemã, a marcha foi convocada pela comunidade turca. "Estou há 42 anos na Alemanha", disse uma mulher vestindo um véu muçulmano. "Quero seguir a minha religião aqui como deveria ser." O ex-diretor do Conselho Central dos Judeus na Alemanha Stephan Kramer disse que o medo de muçulmanos está "tomando proporções bizarras" e até mesmo traçou paralelos com teorias da conspiração de teor antissemita.

Mais uma vez, Dresden reúne maior número de simpatizantes do Pegida. Desta vez, 18 mil foram às ruasFoto: picture-alliance/dpa/P. Endig

Segundo cálculos de agências alemãs de notícias e da imprensa local, mais de 30 mil pessoas foram às ruas participar das marchas silenciosas contra o Pegida. Em Berlim, a polícia contabilizou 5 mil manifestantes. Em Stuttgart, Münster e Hamburgo se juntaram outras 22 mil pessoas. Marburg teve 3 mil. Em todas estas cidades o movimento contrário mobilizou muito mais pessoas do que as versões locais do Pegida.

Em Colônia, Berlim e Munique, simpatizantes do Pegida até mesmo abandonaram suas marchas após serem bloqueados pelas passeatas contrárias. O organizador do Kögida – como é chamado o movimento Pegida em Colônia – alegou falta de segurança como motivo para o cancelamento da marcha.

Pegida em Dresden reúne 18 mil

Apesar da presença praticamente insignificante na maioria das cidades alemãs, o movimento Pegida somou novo recorde de participantes em Dresden. Segundo cálculos da polícia local, aproximadamente 18 mil pessoas marcharam pelo centro histórico da cidade. Além dos costumeiros cartazes contra a suposta "islamização" da Europa, os manifestantes também resolveram atacar a chanceler federal com uma faixa com a inscrição "Fora, Merkel". O movimento contrário reuniu 5 mil manifestantes.

Os protestos contra a "islamização" começaram em Dresden há 12 semanas e são realizados sempre às segundas-feiras. Chama a atenção o fato de o estado da Saxônia, do qual Dresden é a capital, praticamente não ter muçulmanos. Eles representam 0,1% da população local, segundo o último censo. Quase todos os muçulmanos que vivem na Alemanha estão no oeste do país.

Apesar de os membros do Pegida fazerem questão de ressaltar que não possuem relações com a extrema direita, o partido extremista NPD já declarou ter simpatia pelos protestos. O partido eurocético Alternativa para a Alemanha (AfD) afirmou entender os motivos dos manifestantes.

Faixa exibida por manifestantes do partido A Esquerda dá boas vindas a refugiados em BerlimFoto: Reuters/H. Hanschke

PV/dpa/afp/epd