Cazaquistão rebatiza capital em homenagem a ex-presidente
20 de março de 2019
Após renúncia do último líder da era soviética ainda no poder, Parlamento decide que Astana passará a se chamar Nursultan. Ex-presidente Nursultan Nazarbayev ficou 30 anos no cargo e transformou capital numa metrópole.
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O Parlamento do Cazaquistão aprovou nesta quarta-feira (20/03) a mudança do nome da capital do país de Astana para Nursultan, em homenagem ao ex-presidente Nursultan Nazarbayev, que renunciou na véspera. Há quase 30 anos no cargo, ele era o último líder da era soviética ainda no poder.
A decisão foi tomada poucas horas depois de Qasim-Zhomart Tokayev assumir a Presidência interinamente e propor a mudança do nome na capital durante a cerimônia de posse. A medida foi aprovada por unanimidade no Parlamento e deve agora ser ratificada pelo novo presidente.
A alteração do nome foi aprovada por meio de uma emenda constitucional que estipulava a realização de um referendo, mas Tokayev decidiu, com o apoio da Comissão Constitucional, pular esse passo.
Astana – que em idioma cazaque significa capital – mudou várias vezes de nome ao longo da história. Inicialmente Tselinograd, a cidade depois passou a se chamar Akmola (Túmulo Branco). O nome Astana foi adotado em 1998, após ser declarada capital do Cazaquistão por iniciativa de Nazarbayev.
Antes uma pequena cidade provinciana, Astana se transformou, então, numa metrópole futurista, repleta de arranha-céus. A cidade desempenha um papel central na propaganda governamental, ressaltando as conquistas do governos de Nazarbayev. O nove nome, Nursultan, significa "sultão da luz".
Com a renúncia de Nazarbayev, Tokayev – que era presidente do Senado – assumiu a presidência interinamente até as próximas eleições, marcadas para 2020. Nazarbayev continuará detendo poderes significativos no país sob o status constitucional de "líder da nação".
Além de Tokayev ter imediatamente proposto a homenagem ao ex-presidente no nome da capital, o Senado também nomeou a filha mais velha de Nazarbayev como porta-voz, indicando que ela pode ser candidata à sucessão do pai.
Tokayev afirmou aos legisladores que Nazarbayev mostrou "sabedoria" ao abrir mão de seu cargo, um raro passo na Ásia Central ex-soviética, onde outros líderes se mantiveram no poder até a morte.
Nazarbayev chegou ao poder da república soviética do Cazaquistão em 1989 e, foi então um dos principais apoiadores de Mikhail Gorbatchov em seus esforços de impedir a desintegração da superpotência. Uma vez proclamada à independência em 1991, assumiu a presidência do maior país da Ásia Central.
Após o colapso do império soviético, ele defendeu ativamente a conservação dos laços entre as repúblicas soviéticas, sendo um dos mais fervorosos apoiadores da nova Comunidade de Estados Independentes (CEI).
Além de conservar as boas relações com Moscou, o líder cazaque abriu seu país à cooperação com Ocidente e Oriente, uma política que lhe permitiu posicionar o Cazaquistão na comunidade internacional.
Apesar de opositores acusarem Nazarbayev de ter criado um regime corrupto e tentar acabar com qualquer oposição política, ele foi reeleito unanimemente em várias ocasiões, a última em 2015, quando obteve mais de 97% dos votos.
LPF/efe/afp/ap
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Até a queda do Muro de Berlim, em 1989, um terço da população mundial vivia em países comunistas. Após o colapso da União Soviética, teve início um processo de revisão histórica e construção de monumentos.
Foto: picture alliance/dpa/P. Zinken
República Tcheca: Monumento às Vítimas do Comunismo
Sete esculturas em bronze de pé sobre uma escadaria branca na base do Monte Petřin, em Praga. O memorial inaugurado em 2002 é do escultor e ex-preso político Olbram Zoubek. Segundo a inscrição no pedestal, o monumento não é apenas dedicado àqueles "que foram presos ou executados, mas também a todos aqueles que tiveram suas vidas destruídas pelo despotismo totalitário".
Foto: Bundesstiftung zur Aufarbeitung der SED-Diktatur
Alemanha: Memorial de Hohenschönhausen
Entre 1951 e 1989, mais de 11 mil pessoas passaram pela antiga prisão da Stasi, polícia secreta da ex-Alemanha Oriental comunista. Antes, o terreno em Berlim foi usado pelas forças de ocupação soviéticas como entreposto para suspeitos de serem opositores do regime. De lá, entre outros destinos, os detentos eram transferidos para o campo de concentração de Sachsenhausen, construído pelos nazistas.
Foto: picture alliance/dpa/P. Zinken
Romênia: Lembrando a resistência
Em 2016, o monumento do escultor Mihai Buculei foi erigido sobre o pedestal de uma estátua derrubada de Lênin em Bucareste. A obra, que tem 20 metros de altura e é composta por três asas de aço inoxidável, foi colocada diante de um dos edifícios mais importantes da era Stalin, na atual "Praça da Imprensa Livre". A iniciativa para a instalação foi da associação de ex-presos políticos.
Foto: Florian Kindermann
Albânia: "Casa das Folhas"
Em Tirana, o primeiro memorial erigido após a deposição do regime stalinista foi inaugurado em 2017. Durante a ocupação pelos nazistas, os alemães usaram o edifício como prisão. Quando os comunistas assumiram o poder em 1945, o local era palco de torturas e assassinatos. Mais tarde, a "Casa das Folhas" – chamada assim por causa das trepadeiras na fachada – foi usado pela polícia secreta.
Foto: Bundesstiftung zur Aufarbeitung der SED-Diktatur
Geórgia: Museu da Ocupação Soviética
Em Gori, sua cidade natal, o ditador soviético Josef Stalin ainda possui uma aura heroica no museu que leva seu nome – 65 anos após sua morte e 27 depois da reconquista da independência. Porém, já há planos de rever a exposição. Os crimes cometidos sob o comando de Stalin só foram tematizados a partir de 2006 no museu nacional em Tbilisi.
Foto: Bundesstiftung zur Aufarbeitung der SED-Diktatur
Cazaquistão: vítimas da fome
Em 1932/33, um milhão e meio de cazaques foram vítimas de uma catástrofe de fome causada por má administração e pela coletivização forçada de propriedades na União Soviética. O conjunto de esculturas em Astana homenageia os mortos. A obra foi inaugurada em 31 de maio de 2012, dia nacional em memória às vítimas de repressões políticas.
Foto: Dr. Jens Schöne
Letônia: Monumento da Liberdade
A figura feminina sobre obelisco de 19 metros de altura em Riga, capital da Letônia, é popularmente conhecida como "Milda". A obra foi construída nos anos 1930, antes da ocupação soviética em 1940. Para os letões, a estátua é o símbolo fundamental do desejo por liberdade e autonomia. Ao longo do tempo, sempre voltou a ser ponto de partida de protestos e resistência.
Foto: Bundesstiftung zur Aufarbeitung der SED-Diktatur
Mongólia: perseguição política
O país situado entre Rússia e China sofreu exploração e domínio estrangeiro por quase todo o século 20. Tanto política quanto economicamente, dependeu da União Soviética pela maior parte do tempo. O Museu Memorial das Vítimas de Perseguição Política foi inaugurado em 1996 em Ulan Bator. Um ano depois, foi criado o Memorial.
Foto: Torsten Baar
Coreia do Sul: "Ponte da Liberdade"
A ponte construída sobre o rio Imjin já no início do século 20 é a única ligação entre as duas Coreias. Durante a Guerra da Coreia (1950-1953), teve grande importância militar. No lado sul, é possível chegar à barreira por um píer de madeira. Muitos visitantes deixam bandeiras e mensagens pessoais no local.
Foto: Bundesstiftung zur Aufarbeitung der SED-Diktatur
Camboja: vítimas do Khmer Vermelho
Estima-se que cerca de 2,2 milhões de cambojanos tenham morrido durante o regime sangrento do Khmer Vermelho – o equivalente a cerca de metade da população. Depois da invasão das tropas também comunistas do Vietnã, ossadas e crânios foram expostos publicamente para documentar os crimes. Muitas valas coletivas não foram encontradas até hoje.
Foto: Bundesstiftung zur Aufarbeitung der SED-Diktatur
Estados Unidos: "Deusa da Democracia"
A estátua inaugurada em 2007 em Washington é uma reprodução da "Deusa da Democracia" erigida por estudantes chineses em 1989 durante os protestos que acabaram sendo fatais na Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em Pequim. Além de políticos locais, ativistas pela liberdade como Václav Havel e Lech Wałęsa também se empenharam na criação do monumento na capital americana.
Foto: Prof. Dr. Hope Harrison
Estados Unidos: as vítimas de Katyń
Numa floresta no vilarejo de Katyń, na Rússia, soviéticos executaram 4.400 presos de guerra poloneses – em sua maioria, oficiais – em 1940. Na Polônia, o massacre é sinônimo para uma série de genocídios. A iniciativa para a criação do memorial em New Jersey, dedicado a todas as vítimas do comunismo soviético, partiu de imigrantes poloneses nos EUA.