Festas religiosas
11 de abril de 2009O Pessach, também conhecido no Brasil como a Páscoa judaica, é uma festa de família, durante a qual as perguntas das crianças conduzem o ritual das festividades (hagadá). Na noite do Sêder, a tradicional cerimônia de início do Pessach, o filho mais novo pergunta o que há de especial nesta celebração: "Por que esta noite é diferente de todas as outras? Em qualquer outra, podemos comer alimentos fermentados ou não. Nesta noite, só sem fermento".
No Pessach, os judeus relembram a história de seus ancestrais, como está registrada na Torá, que conta como os israelitas no Egito foram subjugados, escravizados e explorados pelo poder dos faraós, até que Deus miraculosamente os conduziu para fora do país rumo à liberdade.
A passagem do anjo exterminador
O Pessach relata a incumbência de Deus aos israelitas de sacrificar um cordeiro, prepará-lo e molhar com o sangue deste o umbral das portas de suas casas. Assim, segundo a Torá, eles estariam protegidos da décima praga com a qual Deus puniu o faraó e seu país.
A raiz da palavra Pessach remete à passagem do anjo exterminador, enviado por Deus para matar todos os primogênitos do Egito na noite do êxodo, explica Schlomo Bistritzky, rabino de Hamburgo. "Deus passa por essas portas, sem adentrá-las. Em hebraico, diz-se épsach, vocábulo do qual a palavra Pessach deriva. Está aí a razão pela qual o feriado é denominado Pessach", conta o rabino.
Vida dura, ervas amargas
Para Bistritzky, essa fantástica história de libertação é realmente um milagre. Em seu escritório num centro de formação judaica, ele descreve com atenção as três palavras mais importantes que um judeu deve pronunciar durante a celebração: Pessach, matzá, o pão ázimo que só pode ser ingerido no período do Pessach, e maror, as ervas amargas que remetem à vida dura e sofrida na terra dos egípcios.
O mergulho na tradição desde a infância, as perguntas sobre a origem e o porquê das tradições, e a refeição em comum devem proporcionar aos judeus a sensação tida por seus ancentrais quando foram libertados do Egito.
Pão e liberdade
Até hoje, o costume judaico é de não consumir pães fermentados durante os dias do Pessach. Toda migalha ou pedacinho de pão deve ser comido ou jogado fora. Toda panela que tiver tido contado com massa fermentada – chamêtz – deve ser trancada ou guardada a sete chaves. E o chamêtz que sobra é vendido.
Schlomo Bistritzky lembra-se de quando seu pai era rabino-mor em Israel: "O chamêtz era vendido a conhecidos, no caso, a um advogado árabe. Logo depois do Pessach, ele voltava e meu pai comprava o chamêtz de volta".
Em Hamburgo, Bistritzky é responsável pela venda e a compra posterior do chamêtz. Para isso, os membros da comunidade precisam preencher formulários legais e já aproveitam para comprar alguns pacotes de pão ázimo, o matzá. Para estes feriados, Bistritzky encomendou duas toneladas direto de Israel do pão que, para ele, "tem gosto de liberdade".
Autor: Matthias Lemme
Revisão: Rodrigo Abdelmalack