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Celebridades negras ameaçam boicotar o Oscar 2016

19 de janeiro de 2016

Pelo segundo ano consecutivo, apenas atores brancos são indicados ao prêmio, causando indignação nas redes sociais. Academia promete "mudanças drásticas" para aumentar a diversidade nos próximos anos.

Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer

O cineasta Spike Lee e a atriz Jada Pinkett Smith afirmaram que não participarão da cerimônia de entrega do Oscar 2016, a ser realizada em 28 de fevereiro. O boicote é uma resposta à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que pelo segundo ano consecutivo indicou apenas atores brancos ao prêmio.

Após o anúncio dos indicados, em 14 de janeiro, a hashtag #OscarsSoWhite (algo como "Oscar tão branco", em português) causou frenesi nas redes sociais, levando internautas a criticar veemente as nomeações da academia.

No Instagram, Lee deixou claro que "nós não podemos apoiar" o que chamou de um Oscar "branco como lírio". A postagem foi feita no Dia de Martin Luther King, feriado nacional nos Estados Unidos, celebrado na terceira segunda-feira de janeiro.

"Como é possível que, pelo segundo ano seguido, todos os vinte candidatos na categoria de ator [melhor ator, melhor atriz, melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante] sejam brancos? Isso sem citar as outras categorias. Quarenta atores brancos em dois anos [...]", continuou Lee, que em novembro do ano passado recebeu um Oscar honorário por sua carreira.

Pinkett Smith comentou, num vídeo postado no Facebook, que não estaria presente e nem mesmo assistiria à cerimônia do Oscar neste ano. "Implorar por reconhecimento, ou mesmo pedir por ele, reduz a dignidade e o poder", disse ela. "Somos pessoas dignas, e somos poderosos."

O marido de Pinkett Smith, Will Smith, esteve entre os indicados do Globo de Ouro como melhor ator de drama pelo filme Um homem entre gigantes, sobre um jogador de futebol americano que sofre de um trauma cerebral. Do Oscar, por outro lado, Smith ficou de fora.

Academia tomará "medidas drásticas"

A presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, que é negra, disse nesta segunda-feira (18/01) que está com o coração partido pela falta de diversidade entre os indicados deste ano e afirmou que mudanças serão feitas no prêmio mais prestigiado de Hollywood.

"É um diálogo difícil, mas importante. É hora de grandes mudanças", disse ela em comunicado. "A academia está tomando medidas drásticas para alterar a composição de nossos membros. Nos próximos dias e semanas, faremos uma revisão no método de recrutar nossos associados, a fim de trazer a diversidade necessária para as nossas turmas de 2016 e posteriores."

Isaacs afirmou ainda que a inclusão é algo fundamental para a organização neste ano – incluindo as questões de gênero, raça, etnia e orientação sexual.

A hashtag #OscarsSoWhite surgiu após o anúncio das indicações em 2015, mas foi rapidamente ressuscitada na semana passada, com as nomeações para o Oscar 2016.

De acordo com Lee, o que ocorreu com as indicações do Oscar neste ano é sintomático de toda a indústria cinematográfica. "É mais fácil ser presidente dos EUA sendo uma pessoa negra do que ser chefe de um estúdio [de cinema]", disse.

EK/ap/afp

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