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Celulares de Bolsonaro foram alvo de hackers, diz ministério

25 de julho de 2019

Segundo pasta da Justiça, ataques foram executados pelo mesmo grupo acusado de tentar invadir aparelho do ministro Sergio Moro. PF investiga se suspeitos agiram por encomenda.

Jair Bolsonaro e Sergio Moro
Celulares de Bolsonaro e Moro teriam sido alvo do mesmo grupo de hackersFoto: Imago Images/Fotoarena/R. Buhrer

O Ministério da Justiça afirmou nesta quinta-feira (25/07) que aparelhos celulares utilizados pelo presidente Jair Bolsonaro também foram alvo de um grupo de supostos hackers presos nesta semana pela Polícia Federal. A pasta não informou quando teria ocorrido a invasão e se dados dos aparelhos foram efetivamente capturados.

"O Ministério da Justiça e Segurança Pública foi, por questão de segurança nacional, informado pela Polícia Federal de que aparelhos celulares utilizados pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, foram alvos de ataques pelo grupo de hackers preso na última terça feira (23)", diz nota do ministério.

Ainda nesta quinta-feira, o caso teve novos desdobramentos. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, um dos supostos hackers presos na operação da PF, Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", afirmou que deu ao jornalista Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, acesso a informações capturadas do aplicativo Telegram.

Já o jornal Folha de S.Paulo, informou que Delgatti, disse aos investigadores que encaminhou as mensagens a Glenn Greenwald, de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira.

Os contatos com Greenwald, segundo o suposto hacker, foram virtuais, pelo aplicativo Telegram, e ocorreram somente depois que os ataques aos celulares de autoridades já tinham sido efetuados.

Estadão, por sua vez, diz que "os investigadores tratam o relato com cautela, uma vez que o hacker é apontado como estelionatário". 

Mas o ministro da Justiça, Sergio Moro, não quis aguardar a conclusão do inquérito e já declarou no Twitter na quarta-feira que os detidos são "a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime". Essa conexão, no entanto, inicialmente não constava na decisão do juiz federal Vallisney Oliveira, que autorizou as prisões. 

O site fundado por Greenwald vem publicando desde 9 de junho uma série de diálogos de procuradores da Lava Jato e de Moro que levantaram questionamentos sobre a conduta ética e legal da operação e do ex-magistrado. O site afirmou ter obtido o material de uma fonte anônima.

O ministro nega ter cometido irregularidades e diz não reconhecer a autenticidade das mensagens. No Twitter, Greenwald disse que o ministro "está tentando cinicamente explorar essas prisões para lançar dúvidas sobre a autenticidade do material jornalístico".

Quatro pessoas foram presas na terça-feira no estado de São Paulo – duas na capital, uma em Araraquara e uma em Ribeirão Preto –, na Operação Spoofing da PF. Elas teriam tido "variados graus de participação" nos ataques aos telefones das autoridades, segundo o coordenador geral de inteligência da PF, João Vianey Xavier Filho. Ele afirmou que o grupo tem envolvimento com crimes de estelionato eletrônico e fraudes bancárias.

Ainda segundo a PF, um dos quatro suspeitos teria uma conta em aplicativo de mensagens com o nome do ministro da Economia, Paulo Guedes, e teria hackeado ou tentado invadir cerca de mil celulares, incluindo o do ministro Moro; o do desembargador federal Abel Gomes; do juiz federal Flávio Lucas; e dos delegados Rafael Fernandes, da PF de São Paulo, e Flávio Vieitez Reis, da PF de Campinas.

Além disso, um dos detidos teria confessado que invadiu o celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, de dezenas de autoridades e jornalistas.

Um dos focos da investigação da PF agora é determinar se as ações do grupo teriam sido encomendadas e financiadas por algum mandante. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que um dos presos, Gustavo Henrique Elias Santos, movimentou 424 mil reais entre abril e 29 de junho deste ano.

A esposa dele, Suelen Priscila de Oliveira, que também foi detida, movimentou 203,5 mil reais de 7 de março a 29 de maio do mesmo ano, segundo o Coaf. Ainda segundo o órgão, eles têm rendas mensais que não passam de 3 mil reais, que foram apontadas como incompatíveis com o volume de recursos movimentado nas contas.

Elias Santos também disse em depoimento à PF, segundo seu advogado, que Walter Delgatti Neto, outro membro do grupo pretendia vender o conteúdo de mensagens capturadas para o PT.

O advogado contou ainda que Elias Santos "não estava envolvido na empreitada criminosa" e que seu cliente não tem conhecimento se a suposta venda do material ao partido aconteceu.

O PT reagiu à informação, afirmando, em nota, que Moro, cuja pasta é responsável pela PF, está atuando com "com o claro objetivo de produzir mais uma armação contra o PT".

MD/ots

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