Dois cemitérios amanhecem com pichações antissemitas e suásticas na Alsácia. Em Westhoffen, mais de 100 túmulos foram depredados. Polícia investiga os casos.
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Desconhecidos profanaram dois cemitérios judaicos na região da Alsácia, na França, próxima à fronteira com a Alemanha. Inscrições antissemitas e suásticas foram encontradas em 107 túmulos do cemitério de Westhoffen nesta terça-feira (03/12). Em Schaffhouse-sur-Zorn, túmulos também amanheceram com pichações antissemitas.
"Esses atos hediondos e repugnantes são um insulto aos valores da nossa república", afirmou o ministro francês do Interior, Christophe Castaner, ressaltando que tudo será feito para evitar que esses crimes fiquem impunes. A polícia está investigando os casos.
"É consternação, é choque", afirmou Maurice Dahan, presidente do Consistório Israelita da região. Ele disse que o cemitério em Westhoffen tem cerca de 700 sepulturas.
A Alsácia enfrenta há vários meses um aumento de incidentes antissemitas. Em fevereiro, 96 sepulturas do cemitério judeu de Quatzenheim, a cerca de 15 quilômetros de Westhoffen, foram profanadas com inscrições. Em dezembro do ano passado, ocorreu um ataque no cemitério de Herrlisheim, no nordeste de Estrasburgo.
Em meados de abril, inscrições racistas e antissemitas foram descobertas nas paredes da Câmara Municipal de Dieffenthal. Alguns dias depois, suásticas e insultos foram pichados na fachada da casa de um eleito em Schiltigheim, perto de Estrasburgo. Em março, inscrições antissemitas também foram descobertas em frente a uma escola de Estrasburgo e nas paredes de uma antiga sinagoga em Mommenheim.
Em meio à onda de ataques, o governo francês anunciou medidas para combater o crescimento do antissemitismo no país.
A França abriga a maior comunidade judaica da Europa, com cerca de 550 mil pessoas. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, essa população aumentou mais do que a metade, mas os ataques antissemitas ainda permanecem como algo comum. Estatísticas do governo afirmam que apenas no ano passado foram mais de 500 ocorrências, o que equivale a um aumento de 74% em relação a 2017.
Em 15 de abril de 1945, tropas britânicas chegaram a Bergen-Belsen. No aniversário dos 73 anos da libertação do campo, exposição lembra as 3.500 crianças que estiveram presas no lugar, incluindo Anne Frank.
O campo nazista de Bergen-Belsen abrigou um número excepcionalmente alto de crianças durante seu funcionamento, entre 1943 e 1945. As experiências traumáticas são descritas na exposição "Crianças no Campo de Concentração de Bergen-Belsen". Algumas nunca conseguiram falar sobre o horror sofrido. Outras relataram por escrito suas experiências para a posteridade.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
Cara a cara com o passado
O que os visitantes pensam ao ver o retrato de um sobrevivente? Se eles também aprenderam a fazer contas contando cadáveres? Se também brincavam de adivinhar que era o próximo a morrer no barracão? O que parece macabro era apenas a triste realidade das crianças prisioneiras do lugar.
Lous Steenhuis tinha três anos quando chegou a Bergen-Belsen, vinda do campo de concentração de Westenbork e levando sua boneca, Mies. A garotinha, da cidade de Bussum, na Holanda, estava sozinha, sem pais, família ou conhecidos.
Hoje, Lous Steenhuis-Hoepelman tem 76 anos. E ainda guarda contigo sua antiga companheira de campo de concentração. Ela não acha que Mies seja uma boneca bonita. Mas, sem dúvida, o brinquedo a ajudou a suportar os traumas da época.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
A vítima mais famosa
Anne Frank morreu em fevereiro de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, aos 15 anos de idade. A alemã emigrou para a Holanda, com seus pais judeus. Quando os nazistas invadiram o país, Anne teve que viver em um esconderijo junto com a família. Mas eles foram denunciados. Os textos da menina são um importante documento histórico daquela época.
O número total de prisioneiros que estiveram em Bergen-Belsen é estimado em até 120 mil. Tropas britânicas encontraram cerca de 60 mil presos. Quase um quarto deles morreu depois da libertação. Cerca de 50 mil prisioneiros morreram no lugar, incluindo por volta de 600 crianças. As valas comuns no campo de concentração são testemunhas silenciosas da crueldade do domínio nazista.