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Centenário da Primeira Guerra lembrado em Berlim

3 de julho de 2014

Com a presença de um ex-presidente alemão e um francês, a cerimônia no parlamento teve tom antes crítico e antibélico. Como convidado de honra, o cientista político franco alemão Alfred Grosser, de 89 anos.

Foto: picture-alliance/dpa

Um clima solene tomou conta do Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão) nesta quinta-feira (03/07), durante a cerimônia pelos cem anos do início da Primeira Guerra Mundial. O presidente alemão, Joachim Gauck, e o presidente do Tribunal Federal Constitucional, Andreas Vosskuhle, participaram do evento que teve o cientista político franco-alemão Alfred Grosser como convidado de honra.

Ao lado da chefe de governo alemã, Angela Merkel, o evento contou com a presença de numerosas personalidades da política internacional. Entre elas, dois ex-presidentes, o alemão Richard von Weizsäcker e francês Valéry Giscard d'Éstaing, assim como cerca de cem embaixadores e enviados estrangeiros.

"Somos netos e bisnetos daqueles que há cem anos foram para essa guerra, nela caíram pelo imperador e pela pátria, e voltaram feridos e mutilados", disse o presidente do Bundestag, Norbert Lammert, na abertura, já estabelecendo o caráter antibélico do evento. Segundo ele, a Primeira Guerra foi uma "caixa de Pandora" para o violento século 20.

O político conservador ressaltou o quanto a Alemanha aprendeu com as duas guerras mundiais, sendo, por exemplo, o primeiro país do mundo a incluir em sua Constituição a recusa do cumprimento do serviço militar entre os direitos fundamentais. Além disso, diferentemente da maioria das demais nações, o Parlamento é quem detém a última palavra sobre toda operação militar armada do Exército nacional no exterior, reforçou Lammert.

Alfred Grosser discursa no BundestagFoto: picture-alliance/dpa

Grosser, a Alemanha e as duas guerras

Em seu discurso, Alfred Grosser traçou um quadro diversificado da história alemã e europeia, destacando as divergências de percepção entre os ex-inimigos França e Alemanha. Segundo, ele enquanto na Alemanha quase não se cultiva a memória do conflito entre 1914 e 1918, "na França, ele continua sendo la Grande Guerre".

Conhecido por seu rigor ao julgar as políticas de Estados como a França e Israel, o também sociólogo apontou as diferenças entre os dois conflitos mundiais para a autoimagem da Alemanha. A Primeira Guerra Mundial deu origem a uma democracia frágil, que ficou tão debilitada com o Tratado de Versalhes, que não resistiu à invasão do nazismo, afirmou. A Segunda, por sua vez, terminou com a derrota total do país, permitindo que surgisse uma Alemanha totalmente nova.

Aos 89 anos de idade, Alfred Grosser é detentor de numerosas distinções de relevância, entre elas, o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão, a Placa Goethe de Frankfurt, o Grand Prix de l’Académie des Sciences Morales et Politiques e, em 2014, o Prêmio Henri Nannen, pelo conjunto de sua obra jornalística.

CN/dpa/afp

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